Na última segunda-feira presenciei como o vapor barato se transforma em violência gratuita. Em mais um dia de "devido à falha na altura da estação [desta vez, Sé] da linha azul, os trens estão circulando com velocidade reduzida e maior tempo de parada", na conexão com a linha verde, aquele mar de gente.
Mesmo atrasada, pego o trem no sentido contrário para entrar no vagão em paz e sem empurrões. Quando o trem chega, de novo, na estação Paraíso, foi aquele empurra-empurra. Até que dois caras começaram a se olhar torto e bater boca.
De nada adiantou tanto grito de deboche vindo dos outros passageiros. De nada adiantou a multidão espremida ali, menosprezando as atitudes.
Vai se foder.
Vai você!
Você vai apanhar!
Ah é, seu cuzão?
[As portas se abrem e uma clareira também, enquanto uns descem, outros gritam, os dois caem.]
Lamentáveis socos, pontapés, marmanjos rolando no chão e duas almas bondosas se machucando para separar. Eram quase 9 horas da manhã na estação Brigadeiro.
Quando percebi, chorava sozinha nas escadas rolantes em direção à Paulista. Nem o caos, nem a multidão, nem o empurra-empurra, nem o estresse, nem o calor abafado, nem o fedor justificam esse tipo de explosão de raiva. Paulistanos que têm a vida muito triste.
Não solto mais faíscas. Elas incendeiam rapidamente. A partir desse dia, quem vier com tanta truculência urbana, ganha um humilde "desculpe-me, não tinha a intenção". Pode ser bobagem, mas, no momento, é minha última esperança.
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Demorei um dia para digerir o que vi. E ainda estou impressionada.
Vapor barato porque a primeira coisa que me veio à cabeça é
"sim, eu estou tão cansado" e "tão à flor da pele".
E pela efemeridade do vapor, que num instante se desfaz.
Demorei um dia para digerir o que vi. E ainda estou impressionada.
Vapor barato porque a primeira coisa que me veio à cabeça é
"sim, eu estou tão cansado" e "tão à flor da pele".
E pela efemeridade do vapor, que num instante se desfaz.