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quinta-feira, 30 de junho de 2011

Mundo mágico de arquitetar ilusões

Olhe. Caminhe e veja o próximo quadro. Pare. Volte, e olhe de novo.



Isso vai acontecer com frequência durante a contemplação das 92 obras da exposição O Mundo Mágico de Escher, em cartaz até dia 17 no Centro Cultural Banco do Brasil. São litografias, xilografias e reproduções dos esboços feitos pelo holandês M.C. Escher (1898-1972) conhecido por projetar estruturas impossíveis e brincar com ladrilhamentos, perspectivas e ilusão de ótica.

O trabalho é tão interessante que, quando em cartaz em Brasília e no Rio, bateu recordes de visitação. Apenas na capital, foram cerca de 200 mil visitantes. (Aqui, lê-se: não vá num sábado à tarde, a não ser que você esteja disposto a enfrenta salas lotadas e filas de espera chatas para caramba estrambólicas)



Além de obras originais, o CCBB exibe reconstruções dos desenhos e conceitos, como a impressionante sala da entrada. Por um jogo de linhas, o cômodo brinca com as proporções humanas: de um lado, um gigante, do outro, um minúsculo. Quem olha, o espanto – é muito divertido.



Explicando um pouco mais...

Perspectiva: uma das características mais fortes dos estudos dos artistas renascentistas, é ela que dá a ilusão de um objeto estar à frente do outro, mesmo que representado em um plano sem "fundo" – papel, tela, etc. Escher brincava com essa ilusão, pois linhas e formas fazem o olhar acreditar que dois elementos no mesmo plano têm proporções alteradas, como o que acontece na sala da entrada.
Com a perspectiva, Escher também olhava o mundo por diferentes ângulos. Desenhava em uma mesma imagem a mesma coisa em diferentes perspectivas. Com isso, ele faz chãos virarem tetos, escadas circulares infinitas, reflexos de ambientes externos “dentro” de ambientes internos... um passeio por uma visão de mundo. Ele viveu na Itália de 1922 a  1935, por isso grande parte de seu trabalho traz paisagens desse país.

Ladrilhamentos: por meio da repetição, as obras “encaixam” diferentes figuras que se reproduzem ao infinito.  Pela divisão regular do plano, ele fez uma das suas obras mais famosas: Metamorfose, na qual ele “transforma” peixes em pessoas, pessoas em cidades, cidades em pessoas...



Acho que a obra mais conhecida são duas mãos que se desenham e o autorretrato no reflexo de um globo. Mas Escher guarda segredos ainda maiores. Eu gosto das imagens que me confundem e de ambientes impossíveis ou espelhados. Até 17 de julho, este universo está aberto para os paulistanos conhecerem.



O Mundo Mágico de Escher – no Centro Cultural Banco do Brasil
Rua Álvares Penteado 112, próximo ao metrô São Bento.
Grátis!

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Gostou? Ficou curioso? O site oficial traz biografia 
e as imagens das obras em tamanhos maiores,
para se perder nos detalhes.
Já passei horas passeando por ele.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Tom no túnel


Melodia que embala, ritmo que revela, sons que desafiam, conversas que afinam o tom. Não é uma sala, ou um conservatório: é uma estação de metrô.

Santana, Luz, Barra Funda, Sé. Fabricados pela Fritz Dobbert e doados pela Cinemagia, os pianos verticais  pausam o passo compassado da pressa paulistana. Pessoas que param para escutar e se deixar levar depois de chegar ou antes de ir. Qualquer um.

Aqueles que se acanham em se aproximar fingem que esperam alguém ao lado das catracas. Mas os olhos distantes não buscam alguém no vai-e-vém - estão parados, à deriva, abertos porém cegos para aguçar os ouvidos e se deixar invadir pelo som.

Não há previsão para retirada dos pianos das estações. Ainda bem.
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Acho lindo e sempre paro pra ver mesmo...
E o que eu acho mais lindo são imagens sem personagens.
É pra ser qualquer um. O piano é das pessoas.

sábado, 25 de junho de 2011

Avaliação de Coxinhas: Caetano's Bar

Já faz um tempo que me propus a topar uma coxinha sempre que ela aparecesse na minha frente. Inspirada na Fer, que experimenta qualquer brownie que vê pelo caminho, resolvi me aventurar a avaliar todas as vezes que cruzar pelo meu caminho essas irresistíveis porções ou unidades. Seja no boteco chique, na padaria da esquina, na lanchonete à tarde: toda vez que o petisco aparecer pra mim, vou dizer um "sim" e avaliar, montando uma espécie de ranking das coxinhas paulistanas. Sem pretensões, apenas pessoal, visto que sabem como meu espírito se anima e explode em alegria ao comer delicinhas.

Os aspectos de avaliação das coxinhas são: textura (aqui, envolvendo desde a crocância da casquinha até a maciez da massa + recheio), massa (branquinha, que tem que ficar com aquela "pontinha" no ponto, com o perdão do trocadinho), recheio (não pode ser aqueles frangos-artificiais-vermelhos-tipo-recheio-de-pizza-ruim), sabor (no geral, a combinação das camadas) e temperatura (porque coxinha fria e requentada é decepcionante).


Para começar, a porção do Caetano's Bar, que fica na zona norte. Apesar do charme da decoração ambiente, sou daquelas que gosta mesmo é de sentar à beira da calçada, vendo o tempo passar.

A porção é farta - 15 unidades. Serve bem quatro pessoas, já que as coxinhas não são tão pequenas. Veio quentinha, gostosinha, mas escura - acho que tinha passado um pouco do ponto, por isso fez perder um pouco da crocância ideal e a casquinha acabou ficando um pouco dura.

Na primeira mordida, a surpresa: a massa, mais amarelinha, tem uma pitada de mandioca. Minha querida amiga Lyds, acreana, explicou que lá na terrinha são feitos quibe de arroz e quibe de macaxeira (tradução para paulistas: mandioca!). Fiquei morrendo de vontade de experimentar, porque a exemplo da coxinha do Caetano's, a massa com um gostinho de mandioca é uma surpresa bem boa! Combina perfeitamente bem com o recheio de peito de frango, que não tem o catupiry já tão comum nas coxinhas por aqui, mas é farto. Entretanto, o que tem de farto, tem de seco - típico dos congelados, por isso também perdeu pontos.

O preço é de justo para semi-caro: R$ 29,80. Acompanha bem uma cerveja, vale pra quem cansou de pedir as já batidas batatas fritas ou polenta. Mas ainda está longe da melhor coxinha da cidade.

Caetano's Bar - Av. Engenheiro Caetano Álvares, 5496
Aberto de segunda a domingo.

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Uma curiosidade: não tenho regra pra começar a comer coxinha.
Tem hora que vai pela bundinha, tem hora que vai pela pontinha.