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terça-feira, 31 de março de 2009

Mansão Matarazzo: a história de um estacionamento

Quem passeia pela Avenida Paulista pode não imaginar a requintada história residencial onde hoje estão vários edifícios de negócios.

No início do século XX, a avenida era endereço das famílias mais ricas da cidade. Entre os seus casarões, estava a mansão dos Matarazzo, família do Conde Francisco Matarazzo - que um dia fora conhecido e respeitado como o homem mais rico do país. Era uma construção imponente, com 16 salas e 19 quartos, projetada por diversos arquitetos. A história desta construção é um tanto peculiar, pois a prefeitura se opôs à família. Enquanto a primeira queria o tombamento, os Matarazzo lutavam pela venda do terreno, hiper valorizado por sua localização.

A Mansão Matarazzo era gigantesca e formava um "vazio" entre os arranha-céus.
Foto: Prefeitura de São Paulo


Em 1990 foi tombada pelo governo de Luiza Erundina (PT), quando haviam planos de transformá-la em em um museu ou espaço cultural. Na contramão, pois o terreno tem o metro quadrado mais caro da cidade, houve até uma tentativa de implodir a mansão durante à noite. Entretanto, não foi bem sucedida. Com um grande debate na mídia sobre o futuro da Mansão Matarazzo, questionava-se o seu real valor arquitetônico, pois a Avenida Paulista já era tomada por edifícios de escritórios.


Mansao Matarazzo
A entrada da mansão, hoje

O triste fim da Mansão Matarazzo aconteceu em 1995 - foi demolida por causa de uma liminar judicial. No terreno, hoje há um estacionamento, e somente a fachada foi preservada. Embora exista um projeto de transformar o terreno em um shopping, divulgado pela Folha em 2007, continua sendo apenas um estacionamento. Quem passa por ali pode não saber - mas a esquina da Avenida Paulista com a Pamplona uma elegante mansão foi cenário de uma história de São Paulo.



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Depois de assistir à minissérie Maysa, fiquei curiosa a respeito da Mansão Matarazzo.
A cantora morou na mansão por alguns anos, após seu primeiro casamento.
Toda o trabalho de recriação da produção de Maysa estava impecável,
e eu queria saber onde é que raios ficava aquela mansão linda, gigante, em São Paulo.
Agora não consigo passear por lá sem lembrar-me desta história.

domingo, 29 de março de 2009

Aceita um cafézinho?

Eu adoro café. Sou dependente da cafeína - aquele tipo de pessoa que, quando não toma a bebida, fica com dor de cabeça ao ponto de ter que recorrer a remédios. E pra mim não tem hora no dia pra tomar café: pela manhã é bom porque acorda, à tarde é perfeito para uma pausa e à noite... bem, não costuma tirar meu sono, então não tenho problemas com isso.

Gosto muito de apreciar o sabor e o aroma do café, nem precisa estar acompanhado de uma comidinha. Pensando nisso, resolvi postar aqui algumas cafeterias de rede em São Paulo que costumo frequentar. Rendem ótimos cafés, ótimas comidinhas e um momento agradável. Não tenha medo de pedir cafés incrementados, experimente inclusive as bebidas geladas. São novas maneiras de apreciar o tão brasileiro cafézinho.

Starbucks
A rede americada chegou há cerca de um ano no Brasil e já conquistou clientes fieis. Nos arredores de cada unidade, pessoas carregam os copos de papel que são característica da rede. Para mim, o ponto forte é o tratamento individualizado. Seu nome vem escrito no seu copo - e isso é um charme, juntamente com os sofás no seu ambiente à meia luz. O expresso deixa a desejar, as melhores opções do Starbucks mesclam leite e cremes. A rede tem várias opções de bebidas, inclusive chás, e algumas comidinhas requintadas como quiches, muffins doces e salgados, pães e croissants. Você pode adicionar mais leite, açúcar, café ou chocolate após a bebida ser entregue.
Sugestão: Café Mocha (mocha chocolate, espresso, leite vaporizado e chantilly)


Gabriela e Mariana

Meu café mocha com pão-de-queijo de quinta-feira, com a Mari.
Reparem os nomes nos copos!

Fran's Café
Meu preferido! Essa rede bauruense tem todo o charme de suas cafeterias ambientadas. O expresso é perfeito, marcado e com sabor intenso. Existem cafeterias em diversos lugares da cidade, mas eu aprecio a da Fnac da Paulista. Um livro ao lado de um bom café é uma ótima pedida de programa paulistano! Há 35 anos no mercado, tem um menu extenso de expressos e bebidas geladas. Também oferece pães, toasts e sanduíches que têm um quê de caseiro, e isso me encanta. Dispõe de diversas opções light.
Sugestão: café macadâmia (expresso, leite e syrup de macadâmia)

Mc Café
Parte da mundialmente famosa rede Mac Donalds, foi inaugurada nos EUA pelo costume que os norte-americanos têm de sair de casa para tomar café. Aqui no Brasil, chegou há cerca de três anos mantendo alguns elementos de seu cardápio gringo, como sanduíches com ovos e bacon. Ainda bem que criou algumas opções bem brasileiras, como o pão na chapa, porque senão eu acho que não iria vingar. Mas, sinceramente, dispense essas comidinhas nada saudáveis e escolha um café gelado - são os melhores, na minha opinião, além de virem em copos de vidro charmosos. As cafeterias oferecem um espaço diferente daquele da lanchonete, mais acolhedor e sóbrio. Oferecem jornais e revistas para leitura gratuita - ponto pra eles.
Sugestão: Frapuccinos (leite gelado, creme, expresso e chocolate)

sábado, 28 de março de 2009

Entre, leia e fique à vontade

Incrível é visitar uma livraria. Não aquelas tradicionais, nas quais se escolhe o livro, leva ao caixa, põe na sacolinha e vai pra casa. Ou que o vendedor cola em você e dá palpites, impede que você folheie o livro - alguns deles ficam até com aquele plástico fechado. Falo das livrarias graciosas em São Paulo, as quais abrigam ambientes com poltronas, puffs e almofadas para que os clientes leiam lá mesmo. Em especial, duas delas são minhas preferidas - a Fnac, na Paulista; e a Livraria Cultura, no Conjunto Nacional.


Livraria Cultura

Uma das entradas. A livraria é separada por sessões, e só contemplar o espaço já é um belo passeio.


Eu sempre questionei o porquê de elas existirem. Qual o sentido de permitir ao leitor desfrutar ali mesmo da literatura, retirando a necessidade de comprar o livro?

Descobri hoje. Combinei de encontrar uns amigos e acabei chegando mais cedo do que o esperado - viva a rapidez e a eficiência do metrô de São Paulo. Resolvi passar na Livraria Cultura... espaço lindo, gigante e bem frequentado por gente de todos os tipos e idades. Dá pra ficar horas só observando as roupas que as pessoas usam, dos senhores engravatados aos adolescentes modernos com franja no rosto.

Fiquei curiosa observando Dan Stulbach conversando com alguns clientes (ele havia acabado de dar uma palestra lá e sim, é muito parecido com o Tom Hanks), depois a Marimoon conversando com umas pessoas. Depois de um tempo, vi o Jairo Bouer. Fugi do tumulto causado por pessoas famosas, estava começando a incomodar. Peguei um livro de poesia e sentei num puff rosa.

A vantagem de um espaço de leitura é conhecer autores. Eu não compraria o livro que eu peguei para ler - Memorial de la Isla Negra, de Pablo Neruda. Não pela qualidade da obra, mas porque não tenho o hábito de ler poesia, prefiro ler prosa. Entretanto, gostaria muito de ler poesias do Neruda, originais, em espanhol. E não consigo confiar nos textos que encontro na web atribuídos a escritores famosos... alguns textos circulam na web assinados por Drummond, Veríssimo, Neruda (e outros) cuja autoria é questionável. Foi uma boa introdução, deu pra ler umas páginas e se tivesse mais tempo com certeza leria o livro inteiro.

O espaço agradável também é referência para voltar quando se pensar em comprar alguma coisa. Referência pra encontrar amigos, ir a eventos. É agradável, em outras palavras. E é cultura, de graça, acessível. Um dia movimentado de coisas da capital.
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Ah, vale a pena a visita por causa da beleza da arquitetura do local.
Sempre há exposições - atualmente está em cartaz uma série de paineis
sobre a história da Fundação Padre Anchieta e TV Cultura.

terça-feira, 24 de março de 2009

Madrugada de memórias

Durmo menos. Talvez para compensar o tempo no transporte diurno. Assim, fico acordada na madrugada, seja lendo em minha cama ou escrevendo na sacada, sentindo a vida lá na rua.

A cidade depois da meia-noite se revela misteriosa. As ruas não ficam desertas, apenas menos movimentadas. Sons camuflados se revelam audíveis às insônias mais desatentas, e o apito do guarda noturno do meu bairro soa como um grito que espanta sujeitos mal-intencionados.

O motor da motocicleta mexe com o silêncio. O salto da senhorita solteira bate forte no chão e me desperta. A voz da briga do casal vizinho expõe suas intimidades a nós, madrugadores. Os cachorros latem e incomodam a quem quer dormir. E eu? Escuto, observo, guardo.

Quantas vidas empilhadas que repousam, quantas além de mim que escutam? Será mesmo que a cidade dorme?

Eu durmo menos. Construo uma cidade de memórias com os fragmentos das vidas com as quais encontrarei mudas, invisíveis e distantes no burburinho matinal de São Paulo.

sábado, 21 de março de 2009

Coisas da capital

Se tem uma coisa que eu mais gosto em São Paulo é pizza. Falem o que quiser, mas é aqui que você escolhe massa fina ou massa grossa, recheio farto ou no ponto. Há uma boa pizzaria à disposição a hora que for, o dia que for. E como a concorrência é forte, sempre haverá um esmero do pizzaiolo para preparar o melhor da casa.

Eu posso me estressar com o trânsito, passar mal com a poluição e xingar todos os pontos negativos daqui quando estou nos meus piores dias. Mas não abro mão da minha pizza margherita de massa fina da Santana Antiga todos os sábados. São quase oito horas, está chegando. Mando a alimentação saudável pro beleléu e desfruto.

E você? Alguma sugestão de pizzaria em São Paulo?

Logo mais o update com a foto.

terça-feira, 17 de março de 2009

Peixe rosa

A melhor maneira de criar pautas é, sem dúvida, sair de casa. Ir para as ruas, conversar com a senhorinha no ponto de ônibus, no caixa do supermercado. Ouvir o que as pessoas têm a falar.

No mercado esta semana com minha mãe e, contagiada pela preguiça matinal, percebi algo inusitado na peixaria. Ao pedir dois quilos de salmão, uma senhora fora da fila me cutucou e perguntou como eu preparava o peixe.

Tá, pode parecer pedante, ainda mais no supermercado popular que frequento. Entretanto, vejam bem: os jornais divulgaram muitas notícias sobre a queda nos preços dos alimentos, em especial do preço da carne. E só eu e aquela senhorinha parecíamos ter reparado que o preço do salmão, um peixe fino e ligado à alta gastronomia, estava mais barato que o quilo da alcatra e do coxão mole, os populares cortes para bife.

Enquanto o peixe custava R$9,98 por quilo, os cortes bovinos que citei acima estavam R$11,50. E muita gente ali não reparou. A senhora mesmo disse que notou o preço mais barato que o da carne, mas por ser comida de "gente rica" não sabia prepará-lo. Em poucos minutos minha mãe a ensinou a fazer o peixe grelhado com temperos simples - alecrim e azeite.

Pena que a senhora não ligou pra falar se gostou ou não da receita. E eu nunca pensei que ia sugerir salmão para alguém num supermercado popular. Um alimento saudável que faz bem à saúde e não tem sido parte do cardápio apenas de gente rica.

sábado, 14 de março de 2009

Um novo olhar sobre a cidade

A Revista da Folha apresentou, na semana retrasada, uma reportagem muito interessante que dialoga com a proposta deste blog. Ela trouxe relatos de pessoas que, após viverem anos no exterior, voltaram à São Paulo...

De certo eu compartilho algumas sensações e sentimentos com essas pessoas, mesmo reconhecendo a diferença gritante que é viver quatro anos no interior do que fora do Brasil. Mas não há como ignorar a sujeira, a pressa das pessoas nas ruas, o acolhedor olhar cansado no metrô, a organização desse mesmo transporte público...

Aqui vai um trecho da matéria, e se você for assinante UOL ou Folha, pode ler na íntegra aqui.

01/03/2009 - Revista da Folha
Um novo olhar sobre a cidade
por Gustavo Fioratti / fotos Jefferson Coppola
Ame-a ou deixe-a
Pesquisa realizada pelo Ibope a pedido do Movimento Nossa São Paulo

Em janeiro de 2008,

55% viveriam em outro lugar
Em novembro, caiu para 46% a porcentagem de quem deixaria São Paulo
63% dos moradores de São Paulo acham suas vidas muito interessantes
43% acham São Paulo acolhedora

Dos aspectos positivos de viver em SP:
21% apontam as oportunidades
16% o mercado de trabalho
13% lazer, diversão e entretenimento

Dos aspectos negativos:
40% apontam a violência
18% a criminalidade
12% o trânsito

São Paulo não estava mais nos planos de Ieda Onaga, 26, e de seu marido, Kleber Yuske, 27. Mas, no fim de 2008, a crise econômica mundial tratou de colocar a capital paulista de volta na vida dos dois decasséguis.
Eles moravam em Nagoya, cidade japonesa que concentra fábricas de automóveis e de produtos eletrônicos. Ganhavam até US$ 250 por dia.
(...)
Sobre o estilo de vida, ainda estão se adaptando. Para Ieda, os paulistanos são solícitos e gentis, em comparação com os japoneses. Mas aprendeu a respeitar uma certa civilidade oriental, que, acha, faltaria ao povo daqui.
Ieda se assustou com o lixo que a cidade descarta. Para ela, é difícil jogar fora embalagens plásticas. "No Japão, é tudo refil. Você acaba o detergente e leva o frasco na loja para encher de novo." Apenas 1% do lixo produzido em São Paulo é reciclado. Com ajuda das cooperativas, esse índice pode chegar a 5%. Tóquio recicla mais de 50% de todo o seu lixo.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Ça Va Café et Restaurant

Conforme já havia publicado aqui, acontece até domingo em São Paulo o SPRW. Fui conhecer o Ça Va, um elegante restaurante francês na Bela Vista.

Cedo, ao meio-dia, não havia fila. O clima é aconchegante, ao som de músicas francesas. Fui recepcionada com Edith Piaf, ao som de Padam Padam. Poderia ser melhor? Como o ambiente tem um tom mais conservador, não esperava músicas francesas contemporâneas, embora acho que percebi Camille em sua trilha sonora enquanto almoçava.

O único contra do passeio foi a escolha da mesa. Algumas mesas para duas pessoas estavam dispostas de um modo a terem, de um lado, um assento estofado na parede, e do outro, uma cadeira. Acabei sentando no sofá, que era muito baixo para a mesa e causou um certo desconforto... mas não me impediu de desfrutar os pratos saborosos.

O atendimento foi impecável. Mesmo com a casa lotada por causa do evento, nenhuma mesa demorava a ser antendida. Em quase todas as mesas eram notáveis os mesmos pedidos: o cardápio do SPRW, que tinha duas opções. Eu escolhi Dijon.

A entrada, uma salada verde com frango e abacaxi, estava boa. Sem muitos elogios ou críticas, atendeu às expectativas. O prato principal foi cubos de carne ao molho Bourguignon com arroz. Uma bela surpresa: a carne extremamente macia e o molho muito saboroso, sem ser forte. Conheço pouco a cozinha francesa, mas o que mais aprecio nela são justamente os sabores marcantes sem forçar demais no sabor.

E quando veio a sobremesa, delírio total. Enformado de sorvete de flocos com calda de frutas vermelhas. Grandes pedaços de chocolate, calda marcante e levemente adocicada. Realmente divina.

A comida é para se apreciar... e uma fila já se formava na entrada. Pena ter compromisso depois, porque ficaria no salão por algumas horas apenas conversando. Lugar aconchegante, boa comida e uma caminhada na Paulista a seguir. O Ça Va ganhou uma cliente - a casual, daquelas que frequentam o lugar em datas especiais. Très agréable mon vendredi.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Olhe as nuvens


O céu que trouxe o temporal ontem me trouxe uma surpresa. Há tempos não via nuvens bonitas na capital, cujo céu cotidiano se reveste de cinza e poeira.
Vista norte, em direção à Serra da Cantareira, às 18h18min de 10 de março de 2009.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Preto, pobre e preconceito

Há umas semanas perdi o hábito de ler nos ônibus urbanos. Durante uma entrevista com o dramaturgo Mário Viana, ele me destacou as histórias que acontecem cotidianamente e pouco percebemos por estarmos com os ouvidos entupidos com fones de ouvidos ou olhares ocupados em outdoors e leituras.

Semana passada peguei um ônibus da Paulista para Pinheiros, e escutei uma moça reclamando de um homem que esperava no mesmo ponto e provavelmente entraria no mesmo ônibus que ela. Que nós.

A julgar pelas roupas: ele, um homem negro e bem pobre, arrisco dizer até que era um morador de rua. De roupas velhas porém de tecidos grossos, exalava um cheiro de suor. Magro. Ela, uma moça negra também pobre, arrisco dizer até que era de classe média baixa. De roupas baratas que não combinavam, muito menos com as bijouterias penduradas. Gorda.

Quando entramos no ônibus (ele, ela e eu), fiz questão de sentar perto dela, que não parava de falar e se preocupar em fugir dele. Ela entrou muito rápido e empurrou alguns passageiros para sentar em um dos poucos bancos vagos. Ele demorou a pagar a passagem com moedas, o que me leva a crer ainda mais que era um morador de rua, já que não usou o econômico bilhete único. Entrou devagar e sentou em um banco reservado para deficientes.

O homem ficou sentado muito longe dela para incomodá-la, com um vácuo ao seu redor - seja pela aparência ou até mesmo pelo cheiro, que então se tornou insuportável. Mas ela ainda disparava comentários sobre o "preto pobre" que estava dentro do ônibus, "que absurdo, como o motorista deixou alguém como ele entrar".

Um dia após do dia internacional da mulher, esse episódio me fez refletir sobre minorias, a origem da data. Será que ela esqueceu que também era pobre, também era preta, também pegava o mesmo ônibus que ele? O que o impediria de embarcar, já que ele pagou a passagem e estava indo a algum lugar, mesmo que seguindo a esmo seu caminho de sem-teto?

Lembrei disso quando li esta notícia. Julgamos pelo que vemos e esquecemos o bom-senso em casa. Confesso que eu até fiquei com receio do homem sujo que estava no ponto de ônibus ao nosso lado. Mas tive nojo de mim mesma ao pensar que, ao ter esse pensamento, estava me igualando à moça que é parte de duas minorias (mulher e negra!) e fecha os olhos ao preconceito latente do ambiente metropolitano.

sábado, 7 de março de 2009

Apetite

Escrevo do interior, mas já programando a minha semana. Está acontecendo em São Paulo o Restaurant Week, até o dia 15 de março. Com esse nome que lembra aquele famoso evento de moda, o SPRW é uma ação coletiva de diversos restaurantes que colocam um menu especial da casa a preços fixos: R$ 25 no almoço e R$ 39 no jantar.

Achou caro? Tsc tsc. Dê uma olhada no preço real dos restaurantes, fora do evento. Alguns têm pratos individuais que passam os $100! Então faça sua lista e aproveite para conhecer aquele restaurante francês que dava água na boca, mas do qual passava longe só por causa do preço, monsieur. Quem me conhece sabe o quanto eu estou animada para conhecer lugares novos.

Algumas dicas:
- Ligue para reservar mesas e evitar transtornos ao chegar na casa. Pergunte também sobre a participação no evento.

- Se você não quer gastar muito mesmo, dispense o couvert. Ele é cobrado à parte e pode encarecer a conta. Pense também no acesso, pois estacionamentos e valets encarecem o preço final.

- Para não cometer gafes e também para apreciar melhor a comida, olhe com atenção as bebidas disponíveis. Em alguns restaurantes italianos, por exemplo, um bom vinho pode sair mais em conta do que uma cerveja. Além disso, ninguém vai te achar esquisito por tomar cerveja e comer massa.

O legal é que 10% do valor da conta mais R1 irão beneficiar projetos do Ação Criança. Já me deu água na boca. Veja você a lista dos participantes aqui e me conte depois como foi. Assim como eu o farei no restaurante escolhido.

O evento também acontece no Rio, em Recife e Brasília.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Praia de paulistano é shopping

Em um passeio vespertino no Shopping Santana Parque, pude visualizar melhor o porquê do paulistano gostar tanto de shoppings. E abracei a causa, pelo menos por hoje.

Com 36°C lá fora, o ar condicionado refresca e não deixa ninguém de cabeça quente. Durante a semana, à tarde, o local é vazio e dá pra caminhar, tomar um sorvete, pegar um cinema ou passar horas na livraria saraiva, e até aproveitar descontos de liquidações de verão. Eu, que sempre incentivei programas ao ar livre e fugir dessas ilhas de consumismo no meio da cidade, não encarei nem a piscina do meu prédio muito menos uma caminhada no Parque do Ibirapuera. Foi uma tarde agradável nos corredores cheios de vitrines e vazios de janelas.

Mas o que me chamou a atenção foi algo bem peculiar: a pista de patinação no gelo, nesta época de tanto calor. Nunca imaginei ver uma réplica de um lago congelado enquanto todos nós derretemos nessa temperatura tão alta.

terça-feira, 3 de março de 2009

Superaquecimento paulistano

Sim, vocês já cansaram de ouvir as pessoas reclamando da onda de calor aqui em São Paulo nesta semana. Desde domingo, está impossível ficar ao ar livre sem sentir o incômodo do suor escorrendo na testa, roupas grudando no corpo... tem sido difícil até para dormir.

O calor, que aqui na zona norte chegou a 34°C ontem, permanece até o final da semana por causa de uma massa de ar quente que se movimenta em sentido anti-horário. Segundo os metereologistas, essa massa impede que o ar quente se dissipe, também impedindo a formação de nuvens.

Calor no jornal
Enquanto isso, os paulistanos sofrem. Estou sentindo o mesmo mal-estar que senti quando fui a Buenos Aires em janeiro do ano passado. Fez um calor que chegou a 38°C, e eu corria para lugares com ar condicionado.

Uma coisa que achei muito interessante é que, nos jornais de lá, a previsão do tempo não trazia somente as mínimas e as máximas. O mapa convencional porteño apresentava duas previsões adicionais, referente à sensação términa mínima e máxima prevista para o dia em questão. Não fazia sentido para mim, porque 33°C de temperatura e 38°C de sensação térmica significava calor insuportável do mesmo jeito. Foi então que meu professor me explicou que aquilo era extremamente útil para dias em que a temperatura fica em 20°C, mas o vento faz a sensação térmica chegar a 17°C.

Não sei porque os jornais não adotam algo parecido em terras tunipiniquins.

Dias insuportáveis, noites agradáveis
Mas se tem algo que eu gosto nisso são as noites quentes. Acho uma delícia sair de casa à noite, tomar um sorvete, uma cerveja ou um açaí, usando roupas confortáveis e um chinelo de dedo. É uma ótima desculpa pra desfrutar agradáveis companhias nessa cidade onde todos parecem tão distantes.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Pombos

Depois do ziriguidum, nada melhor que retomar o blog, não?

Essa semana entrevistei um biólogo para o programa que realizo no Fiz Tv, o Pedro Demeley, da SAVE Brasil. É uma ONG muito interessante, que cuida não só das aves, bem como dos ecossistemas a elas relacionados.

A pauta era sobre equilíbrio ambiental, e eis que o papo vai para os animais repugnantes, que causam ojeriza a muitas pessoas mas não podem ser eliminados pois têm um papel importante no meio ambiente. Sapos, por exemplo, controlam a população de insetos; cobras controlam populações de roedores...

Mas e os pombos? Pombos cinzas dominam o ambiente das cidades e transmitem doenças. Qual o papel deles em uma cidade como São Paulo? Qual a razão deles existirem? Por que não podemos eliminá-los?

Pedro explicou que os pombos comuns, encontrados nas cidades, são animais exóticos. Dentro do conceito da biologia, exóticos são animais que não fazem parte da fauna local: foram introduzidos pelo homem. Os pombos de São Paulo foram trazidos pelos europeus, e são totalmente adaptados em um ambiente desequilibrado e urbano. Se fossem introduzidos na Mata Atlântica, vegetação original de São Paulo, provavelmente não sobreviveriam.

Ou seja, eles não fazem parte de um bioma. Estão nas cidades, alimentam-se em ambientes com lixo orgânico e, por isso, transmitem doenças. De um ponto de vista totalmente antropocêntrico, poderiam ser eliminados sem causar danos. Assim como os ratos e baratas, por exemplo, que estão por aqui no mesmo contexto.

Achei isso muito interessante. Claro que eu não sou a favor do extermínio dos pombos, mas eu sempre pensei que cada animal era importante e tinha um motivo biológico para ele viver no ambiente em que estava... nunca imaginei que os pombos são indicadores de um desequilíbrio. Dei uma pesquisada e vi que existem espécies de pombos brasileiras, como a Rolinha. Essas sim, sao originárias do Brasil e estão inseridas em um contexto biólogico.

Quando eu era criança, meus pais me levavam pra passear no centro de São Paulo, em especial no Pátio do Colégio. Alguns vendedores ambulantes vendiam comida (acho que era milho) para alimentar os pombos. Ao jogar o grão, qual criança não se encantava com a revoada das aves? Acho que por isso que os pombos são, para mim, um grande símbolo de São Paulo. E da minha infância. E me despertaram tanta curiosidade nessa entrevista.


Março de 1992, meu irmão, eu e minha mãe alimentando os pombos no Pátio do Colégio. Não faça isso.

Aliás, não alimente os pombos. E, falando em infância... você lembra disso? Eu adorava.