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terça-feira, 27 de outubro de 2009

Choveu, Parou

São Paulo é assim. Choveu, parou.

Nesta segunda-feira, segundo o Centro de Gerenciamento de Emergências da prefeitura, a água que caiu lá do céu nesta tarde representa 27% do esperado para o mês de outubro.

Você ficou parado no trânsito? Teve medo de alagamento? Largou o carro na rua, rezou e pegou o metrô lotado? Sufocou em um ônibus lotado de janelas fechadas - se cai respingo na mocinha, ela descontrola? Desceu a lenha em São Pedro?


São algumas das consequências de uma cidade cujas políticas públicas de contenção de inundações e de limpeza das vias estão abandonadas. Faz tempo:



Lembro muito dessas imagens e o quanto isso me chocou. Eu tinha onze anos. Sempre tive medo de ficar alagada no meio da cidade e não ter para onde ir. No ano passado, fui parar no estoque de uma loja de bugigangas na rua Voluntários da Pátria porque a água começou a subir e chegou na cintura de quem estava no piso térreo. Foi o suficiente para eu entrar em pânico.

Agora, digam-me: algo mudou, de 1999 para cá?   
Eu acho que não.

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A foto acima foi tirada em 2008, na zona cerealista de SP...
sei lá o que são essas coisas, sei que é entulho = lixo. E esse trecho
da avenida do Estado sempre alaga.

sábado, 24 de outubro de 2009

Sétima e [Oitava?] Arte

Começou nesta sexta-feira a 33ª Mostra Internacional de Cinema de SP. Além dos esperados Abraços Partidos, de Pedro Almodóvar, e Aconteceu em Woodstock, de Ang Lee, a grande novidade é o primeiro festival de cinema na web, com exibição de 26 filmes via streaming online para 300 pessoas em qualquer lugar do mundo.



Entretanto, não quero ser mais uma blogueira a indicar filmes, traçar resenhas, perguntar qual a sessão que você vai escolher. Quero destacar a identidade visual, que me chamou muita atenção pelo traço conhecido de dois artistas plásticos paulistanos: Os Gêmeos assinam o cartaz da mostra de sétima arte com grafite, uma [oitava?] arte urbana

Otávio e Gustavo Pandolfo são reconhecidos internacionalmente por seu trabalho em cidades como Nova York, Los Angeles e São Francisco e países como a Austrália, Alemanha, Itália, Portugal, Grécia, entre outros. Para quem não sabe, os grafiteiros têm painéis em outros pontos de São Paulo, verdadeiras obras de arte urbana que passam despercebidas pelos olhares distraídos e apressados da rotina paulistana. Destaco aqui duas que me chamam muita atenção - sempre paro quando me deparo com estes painéis:

1. Estação da Luz
Um painel que mostra o personagem com traços característicos ao comando de um trem do metrô. Na loucura do vai-e-vém de tanta gente naquela estação, no interior do prédio que traz a memória paulistana em sua arquitetura histórica, há a surpresa peculiar de traços de algo tão contemporâneo que é o grafite.

2. Mural SP II
Talvez o episódio mais marcante da história dos muros de SP que, sem dúvida, levou à sociedade a discussão sobre o valor do grafite, que quebra o cinza triste e a sujeira das metrópoles. Depois de terem sua arte de 680 m² coberta por tinta cinza pela Operação Cidade Limpa, da prefeitura de São Paulo, os Gêmeos e mais alguns grafiteiros refizeram a obra, que vocês podem ver aqui.

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Viva a arte urbana. Estou ajudando meu namorado no TCC dele, que reúne
fotografias sobre personagens urbanos. Prestar atenção a esse tema
faz parte de minha rotina e de minhas leituras cotidianas...

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Apaixonados por Carros

Neste final de semana, São Paulo recebe as equipes de Fórmula 1, em Interlagos. Uma das últimas corridas do ano, a grande expectativa é pelo título do campeonato, que pode ser definido nesta corrida.



Foto: Globo.com

Um evento de tal magnitude reúne pilotos de inúmeras nacionalidades, dezenas de pessoas em cada escuderia, turistas, torcida... Muita, mas muita gente chega na já populosa metrópole, que reforça a infraestrutura de transporte público para comportar todos eles. Os trens da CPTM irão circular com menos intervalos, ônibus expressos serão colocados em circulação, enfim, tudo aquilo que esperamos de um planejamento adequado para um evento de tal porte.

Mais que necessário, é fundamental para a cidade e para o País esse tipo de ação em grandes acontecimentos. O que me inquieta, entretanto, é simples: com ingressos que passam os R$ 2 mil, será mesmo esse o público que prefere se espremer em meios coletivos? Ou estarão eles, apaixonados por carros, dentro de seus veículos privados, contribuindo para um congestionamento atípico de final de semana?

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Paisagem Diária Noturna

Rastro

Vista do prédio onde trabalho. Avenida Paulista x Alameda Campinas. O terreno que vocês veem na esquina é onde foi a mansão matarazzo, sobre a qual eu já postei.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Loucura de uma Personagem Paulistana



Sebastiana de Mello Freire, a dona Yayá, foi diagnosticada em 1925 como doente mental. Herdeira única de uma fortuna familiar que foi perdida com sua lucidez. Quem não enlouqueceria com a morte precoce de seus três irmãos, sendo que um deles se jogou ao mar em uma viagem de navio? Além disso, em 1899, os pais de Yayá adoeceram e morreram subitamente com um intervalo de dois dias, em lugares diferentes e sem que sequer soubessem da doença um do outro.

Dona Yayá tentou suicídio. Contou com a assistência dos médicos mais renomados da sociedade paulistana no início do século XX, que a internaram em um sanatório particular, pois sua casa até então fora considerada inadequada para abrigá-la.

Foi levada para um mansão em 1920 que, na época, era afastada da malha urbana. Os cômodos foram adaptados para recebê-la: paredes brancas do teto ao chão, ausência de torneiras ou saliências que poderiam causar ferimentos. As janelas dos cômodos foram especialmente projetadas: além de serem inquebráveis, só se abriam do lado de fora. Construiu-se também um solário para que dona Yayá pudesse sair ao ar livre. Na altura no número 353 da rua Major Diogo, no Bixiga, Sebastiana de Mello Freire estava condenada a viver alheia à sociedade que disputava seus bens.

Yayá faleceu em 1961 aos 74 anos. Sua mansão foi transferida para propriedade da Universidade de São Paulo oito anos depois, que a transformou em um espaço cultural e de laboratório para seus alunos de restauração.

Não morreu sozinha. Sua riqueza bancava criados, enfermeiros, além de uma amiga e uma prima que, com Yayá, dividiam a mansão. Hoje, a Casa de Dona Yayá é dividida com todos os paulistanos: um espaço de uma (triste) história infelizmente pouco conhecido.


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Obviamente, a próxima postagem falará da casa. Primeiro,
a história de Yayá, depois, seu legado
.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Dicas de Cinema Alternativo

Aproveite que você está em São Paulo e saia do circuito de salas de grandes redes nos shoppings paulistanos. Há salas que ainda mantém aquele clima de sétima arte, cheirinho de pipoca, quando as pessoas saíam exclusivamente para ver o filme.

Deixo aqui duas recomendações, ambas na região da Av. Paulista:

O HSBC Belas Artes, na rua da Consolação, mantém um clima retrô, com tons de vermelhos, fotografias em preto e branco e cartazes iluminados. E tem história: inaugurado em 1967, foi um dos cinemas mais tradicionais e só sobreviveu pelo patrocínio do banco. Às segundas e quartas, as sessões são bem baratinhas (de R$ 8 e R$ 4). Possui um café agradável no salão.

O Unibanco Arteplex fica na rua Augusta, nos Jardins, e é reduto de paulistanos moderninhos. Não apresenta apenas filmes do cinema alternativo - exibe algumas animações e documentários. Particularmentes, adoro o clima de jardim dentro complexo, antes de entrar nas salas. Acho um ambiente diferente e extremamente peculiar, parece que dá mais vontade ainda de ver os filmes. O dia mais barato é a quarta-feira, com ingressos de R$ 12 e R$ 6.

Aproveite os dois complexos para ver aquele filme brasileiro que não vai passar na Globo.


Atualização: Conforme informado pelo leitor Marcelo Paranhos, o Belas Artes não é mais patrocinado pelo HSBC. Uma pena, pois eu considerava que a associação da marca ao cinema agregava valor... Mas, enfim, o cinema ainda existe, está lá, e a programação você confere aqui.

Atualização 2: Dica do Agnelo, O Belas Artes tem site com o Pandora Filmes aqui.
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Claro que eu não ia recomendar filmes, e sim salas de cinema em si.
Acharam que eu ia ser previsível assim, galere?