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terça-feira, 6 de outubro de 2009

Loucura de uma Personagem Paulistana



Sebastiana de Mello Freire, a dona Yayá, foi diagnosticada em 1925 como doente mental. Herdeira única de uma fortuna familiar que foi perdida com sua lucidez. Quem não enlouqueceria com a morte precoce de seus três irmãos, sendo que um deles se jogou ao mar em uma viagem de navio? Além disso, em 1899, os pais de Yayá adoeceram e morreram subitamente com um intervalo de dois dias, em lugares diferentes e sem que sequer soubessem da doença um do outro.

Dona Yayá tentou suicídio. Contou com a assistência dos médicos mais renomados da sociedade paulistana no início do século XX, que a internaram em um sanatório particular, pois sua casa até então fora considerada inadequada para abrigá-la.

Foi levada para um mansão em 1920 que, na época, era afastada da malha urbana. Os cômodos foram adaptados para recebê-la: paredes brancas do teto ao chão, ausência de torneiras ou saliências que poderiam causar ferimentos. As janelas dos cômodos foram especialmente projetadas: além de serem inquebráveis, só se abriam do lado de fora. Construiu-se também um solário para que dona Yayá pudesse sair ao ar livre. Na altura no número 353 da rua Major Diogo, no Bixiga, Sebastiana de Mello Freire estava condenada a viver alheia à sociedade que disputava seus bens.

Yayá faleceu em 1961 aos 74 anos. Sua mansão foi transferida para propriedade da Universidade de São Paulo oito anos depois, que a transformou em um espaço cultural e de laboratório para seus alunos de restauração.

Não morreu sozinha. Sua riqueza bancava criados, enfermeiros, além de uma amiga e uma prima que, com Yayá, dividiam a mansão. Hoje, a Casa de Dona Yayá é dividida com todos os paulistanos: um espaço de uma (triste) história infelizmente pouco conhecido.


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Obviamente, a próxima postagem falará da casa. Primeiro,
a história de Yayá, depois, seu legado
.

Um comentário:

Mistérios, Magias ou Milagres. disse...

Uma história comovente, já havia escutado esta história e na época criei uma história imaginaria para ela com um grande Amor, mas infelizmente a realidade é outra.
Amei seu blog e sua sinceridade.
Parabéns abraços Heudes