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terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Passeio imperdível de Natal

Não lamente ter que trabalhar em São Paulo neste fim de ano. A cidade fica ótima - vazia, sem trânsito - afinal, quase todo mundo que você conhece viajou, não? Lembre-se que São Paulo não para e aproveite que existe um singelo passeio, gratuito, que aposto que vai fazer uma noite mais bonita.

Em um passeio pela avenida Paulista, até os corações mais gelados se emocionam com casais de mãos dadas e famílias sorridentes que caminham nas calçadas, iluminados. As fotos não são suficientes para mostrar o quão bela a avenida mais conhecida dessa cidade fica quando é Natal.

O trajeto todo vale a pena. Sugiro descer na estação Trianon-Masp do metrô, cujas saídas ganharam um globo de espelhos iluminado com refletores azuis, e andar até a Consolação. Da tradicional decoração da Fiesp e do Banco Real, um em frente ao outro, até a peculiar feirinha da mansão Como Assim?!, cada característica tem sua beleza e sua intenção. Destaco aqui duas atrações que me emocionaram e me embasbacaram.

O Parque Trianon, conhecido por ser perigoso à noite, abre-se em um espetáculo iluminado em um passeio noturno. As árvores, tradicionalmente iluminadas de verde, ganham uma cobertura azul da raiz aos galhos mais altos. Os rostos passeiam no bosque, perplexos de tanta beleza, inconformados sobre como conseguiram enrolar pisca-piscas até tão alto.





(dica para as fotos da paisagem: sem flash, apoiado em um tripé com exposição de 0,5 segundo ou mais)

Dentro, a casa do Papai Noel. Só vale se você tiver paciência de enfrentar a fila ou estiver levando as crianças no passeio (viu como nem todo mundo está de folga?). Mesmo assim, é de encher os olhos, perder a fala e escapar suspiros.

Imperdível também o coral do Itaú Personalité, um pouco mais a frente. De 20 em 20 minutos, vozes encantam quem passa com aquelas mesmas canções natalinas. Uma surpresa narrada pelo Papai Noel (de novo ele!), fecha a apresentação. O trânsito para de tanta gente que vai se aglomerando: a calçada fica pequena e uma parte da plateia toma a via dos carros. Curiosamente, é raro perceber motoristas mau-humorados, pois eles também param para ver e ouvir. Seria esse o espírito natalino? 


"Estou cansada, mas valeu a pena. Está tudo tão lindo, nunca vi nada igual!" diz Maria Guedes Mendes, turista de Presidente Prudente (a 520 km da capital). Mesmo depois de passar 3 horas em pé debaixo de sol forte na Parada Disney, nesta noite de domingo a senhora de 74 anos admite que são coisas que só São Paulo tem. "Depois tem gente que ainda reclama que não tem o que fazer aqui..." completa sua filha, Maria Aparecida.


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Eu me emocionei. Posso ser boba, falar de Natal e esperar
um mundo melhor, atitudes melhores de pessoas que crescem a cada final de ano.
Mas só vivo se houver esperança. Só assim posso acreditar que o cotidiano faz sentido.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Noite Feliz

Gosto de decorações natalinas. Gosto de ver São Paulo iluminada, com ares de Nova Iorque (pretensão paulistana, claro). Mal vejo a hora de passear na av. Paulista sábado para fotografar as luzes iluminando quem passa sem pressa. Afinal, é Natal.

Não sei se vocês têm a mesma impressão, mas parece que os paulistanos se olham com um ar menos antipático. Menos preocupado, menos distraído. É a bobagem que o final de um ciclo faz em nossas vidas: aquela reflexão, aquele balancete dos últimos 12 meses e preparar bons votos para o ano seguinte.

Se funciona, não sei. Pelo menos o cotidiano fica mais simpático.

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Pretendo voltar com fotos no próximo post.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Alguma coisa acontece no meu coração...

Nessas noites de calor em Sampa têm despertado em mim um sentimento que há tempos não aparecia. O sentir paulistano, que vejo tão aflorado em mim e nos olhares de tantos que cruzam meu caminho.

O domingo no bar, vendo futebol.

A noite que termina num chopp e num petisco.

Vejo São Paulo mais noturna, agitada com as festas de final de ano. São Paulo mais consumista que nunca, alegria desse povo que gasta seu dinheiro em coisas porque não pode gastá-lo em tempo.

A cidade fica diferente a partir de agora... acho que é o natal.

 
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Um texto raso que deve ser uma despretensiosa postagem
do que está em mim agora...
Pode ser o natal. Pode ser que, depois de um ano,
estou voltando a gostar mesmo daqui...

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Retratos Chuvosos

Ela abriu a janela e não viu o céu estrelado.

Ele abriu os olhos e não viu a janela.

Ela percebeu os edifícios iluminados e viu que era Natal. A chuva brilhou os reflexos das minilâmpadas nas sacadas dos apartamentos, enfeitados não se sabe para quem. Dentro de cada uma das casas, pessoas como ela, que não notavam as rugas que brotavam nos rostos companheiros, interpéries do destino, por causa das fatalidades do dia-a-dia atribulado.

Ele percebeu os edifícios iluminados, mas não ligou que era Natal. A chuva trouxe de novo o medo de outro pesadelo, assombrado pelos reflexos dos faróis dos carros que passavam a toda velocidade a poucos metros de sua nova casa. Nova e velha moradia, feita de pedaços de papelão e madeira grudados de tal maneira que a luz dos carros não conseguia entrar. Mesmo na escuridão, via o rosto do seu filho que amadurecia e aprendia as desgraças de viver debaixo da ponte. O bom velhinho não traria presente, mas talvez com um novo ano chegasse também a esperança de reconstruir um barraco num lugar melhor que aquele que a chuva levou.


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Depois de ler sobre enchentes e lembrar de conversas que ouvi no ônibus hoje de manhã...
Ficção nem tão irreal quanto parece.
Concordo quando dizem que as mais belas canções vêm de corações partidos.


segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Paisagens

Não só observar pessoas, gosto de me prender às paisagens. Especialmente as mais inesperadas. Hoje, durante uma viagem de trem para Osasco, tijolos de armazéns desativados, telhas quebradas de estações cargueiras inoperantes e ruínas de edifícios coloniais mortos me entretiveram enquanto o lento trem fazia seus caminhos pelos trilhos.

Em especial, sobre o muro pichado e machucado que cerca a linha diamante da CPTM (que da nobre pedra realmente não tem nada), avistei casinhas pacatas e ruas desertas, típicas de um domingo no interior. E encontrei depois, no Google Maps, a Vila Leopoldina. Que vontade me deu de morar ali.


Exibir mapa ampliado


Um respiro de calmaria nessa cidade exagerada, tomara que a região sobreviva ao boom imobiliário...

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Papo de Táxi

- Boa noite! Vamos pra Santana, certo? Qual caminho a senhorita prefere fazer?

- O mais rápido... que, a essa hora, é o mais curto.

- Então é pela marginal... você trabalha aí?

- Não... vim fazer uma entrevista.

- Ah, então você vai trabalhar aí!

- Não, eu sou jornalista.

- Vai passar na TV, então?

- Não, é pra internet.

- Eu não gosto de internet. Minha filha que gosta, ela mexe e fala com o irmão que tá no Canadá... eu não entendo, sabe, acho bobeira.

Seu Cláudio tem um filho de 28 anos que há 11 está em Vancouver. Primeiro, foi pra estudar, mas acabou encontrando um emprego, se deu bem e ficou por lá. Pagou 10 mil dólares para casar com uma canadense e conseguir o visto permanente. Eles fazem muito disso lá também? "Quem tem dinheiro faz". E, durante esse tempo todo, não deixou o grande amor da vida dele - a namorada brasileira, que foi morar com o jovem há uns sete anos, e por causa disso não foi ao enterro do pai no Brasil.

- Mas ele vem para cá em dezembro, vai casar com a noiva brasileira e fizeram questão de que fosse aqui, sabe?

- E o senhor não vai para lá?

- Não, de jeito nenhum... ainda tenho minha mãe aqui, eu gosto daqui, não saio daqui por nada.

- Nem pra passear?

- Ah, tenho medo de gostar né? E ficar por lá. Aí que está o perigo!

- E a saudade?

- A gente aguenta....

- E a mãe dele, saudade de mãe dizem que é mais forte, né?

- Minha esposa faleceu... faz muito tempo, ele era criança ainda, foi câncer. Mas eu casei de novo. Minha sogra mesmo falou que quem morreu foi a filha dela, não eu. Aí que eu tenho duas sogras! Mas a sogra do meu segundo casamento tem cara feia, não fala, não é que nem a primeira, sabe? Mulher brava!!! Tão bravo quanto meu pai. Meu pai era espanhol.

Seu Cláudio tem seis irmãos. Seu pai, espanhol, deu carro e casa a todos quando fizeram 18 anos. Menos a seu Cláudio e o outro irmão, porque eles eram mais velhos e tiveram que ralar um pouco mais. "Mas eu não reclamo não... cuido dele até hoje. Amor e respeito nunca faltaram, e ele me ensina muita coisa".

- Não reclamo da vida... quero logo que meu filho venha pra eu vê-lo. Não gosto de internet, câmera, não é a mesma coisa... só fico feliz por ter isso porque se não fosse a internet minha filha, que é do segundo casamento mas o considera como irmão, não ia lembrar dele. Eles se veem todo dia e isso é bom... tenho uma família feliz. Trabalho até às cinco da manhã e minha filha vai me encontrar com um beijo. Ela vai pra escola e eu durmo... gosto de trabalhar com táxi. Eu trabalho enquanto ela dorme, e vivo no resto do tempo.

Com certeza, seu Cláudio. O senhor vive.


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Adoro papo de táxi. A volta da Rede Bandeirantes
até minha casa demorou 40 minutos e custou R$ 87.
Passou como se fossem só 15 minutinhos.

domingo, 8 de novembro de 2009

Quanto dura um filme?

Tive uma estranha experiência no último sábado, quando vi Quanto Dura o Amor?, no HSBC Belas Artes. É que o filme todo se passa ali, no cinema - o cenário é quase integralmente a Avenida Paulista x Rua da Consolação. Ao sair da sala, vi nada mais que todos os cenários do filme. Com duas amigas, caminhávamos com a estranha sensação como se, a esquina, fôssemos encontrar os personagens cujas histórias acabávamos de ter sido testemunhas.



Trailer: Divulgação 

Entre outras histórias, o filme traz o deslumbre de uma menina do interior recém-chegada à capital. Experiências intensas de conciliar a carreira profissional, motivo maior que a trouxe até aqui, com a vida particular de mulher, entre amores, desamores e corações partidos.

São Paulo é exagerada. Te faz pensar em coisas que você nunca tinha pensado antes, te faz construir e desconstruir planos, te faz repensar sobre todo o sentido de viver. Te mostra que o mundo é maior. Te faz querer ter uma vida espetacular e te faz pensar que loucura é ter aquela vidinha normal. E, por isso, te faz entrar de cabeça em experiências malucas que, a outros olhares, é loucura. Mas, para você, é normal.


foto: Divulgação


O filme teve em mim um efeito inesperado. Não refleti sobre sexualidade e as conveniências das histórias de amor, que acho que é o que o filme propõe, mas refleti sobre as mudanças que São Paulo fez em mim nestes 11 meses (quase um ano!!!) que voltei de Bauru para cá.

E ainda estou refletindo... o filme durou mais em mim. Até onde vão minhas ambições? E quais são as minhas vontades?

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Uma curiosidade sobre o filme: as falas não são decoradas.
O diretor apresentou as cenas e pediu para que os atores improvisassem.
Recomendo o filme, sobretudo se você vive em Sampa ou sabe das transformações
que essa cidade nos traz.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Choveu, Parou

São Paulo é assim. Choveu, parou.

Nesta segunda-feira, segundo o Centro de Gerenciamento de Emergências da prefeitura, a água que caiu lá do céu nesta tarde representa 27% do esperado para o mês de outubro.

Você ficou parado no trânsito? Teve medo de alagamento? Largou o carro na rua, rezou e pegou o metrô lotado? Sufocou em um ônibus lotado de janelas fechadas - se cai respingo na mocinha, ela descontrola? Desceu a lenha em São Pedro?


São algumas das consequências de uma cidade cujas políticas públicas de contenção de inundações e de limpeza das vias estão abandonadas. Faz tempo:



Lembro muito dessas imagens e o quanto isso me chocou. Eu tinha onze anos. Sempre tive medo de ficar alagada no meio da cidade e não ter para onde ir. No ano passado, fui parar no estoque de uma loja de bugigangas na rua Voluntários da Pátria porque a água começou a subir e chegou na cintura de quem estava no piso térreo. Foi o suficiente para eu entrar em pânico.

Agora, digam-me: algo mudou, de 1999 para cá?   
Eu acho que não.

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A foto acima foi tirada em 2008, na zona cerealista de SP...
sei lá o que são essas coisas, sei que é entulho = lixo. E esse trecho
da avenida do Estado sempre alaga.

sábado, 24 de outubro de 2009

Sétima e [Oitava?] Arte

Começou nesta sexta-feira a 33ª Mostra Internacional de Cinema de SP. Além dos esperados Abraços Partidos, de Pedro Almodóvar, e Aconteceu em Woodstock, de Ang Lee, a grande novidade é o primeiro festival de cinema na web, com exibição de 26 filmes via streaming online para 300 pessoas em qualquer lugar do mundo.



Entretanto, não quero ser mais uma blogueira a indicar filmes, traçar resenhas, perguntar qual a sessão que você vai escolher. Quero destacar a identidade visual, que me chamou muita atenção pelo traço conhecido de dois artistas plásticos paulistanos: Os Gêmeos assinam o cartaz da mostra de sétima arte com grafite, uma [oitava?] arte urbana

Otávio e Gustavo Pandolfo são reconhecidos internacionalmente por seu trabalho em cidades como Nova York, Los Angeles e São Francisco e países como a Austrália, Alemanha, Itália, Portugal, Grécia, entre outros. Para quem não sabe, os grafiteiros têm painéis em outros pontos de São Paulo, verdadeiras obras de arte urbana que passam despercebidas pelos olhares distraídos e apressados da rotina paulistana. Destaco aqui duas que me chamam muita atenção - sempre paro quando me deparo com estes painéis:

1. Estação da Luz
Um painel que mostra o personagem com traços característicos ao comando de um trem do metrô. Na loucura do vai-e-vém de tanta gente naquela estação, no interior do prédio que traz a memória paulistana em sua arquitetura histórica, há a surpresa peculiar de traços de algo tão contemporâneo que é o grafite.

2. Mural SP II
Talvez o episódio mais marcante da história dos muros de SP que, sem dúvida, levou à sociedade a discussão sobre o valor do grafite, que quebra o cinza triste e a sujeira das metrópoles. Depois de terem sua arte de 680 m² coberta por tinta cinza pela Operação Cidade Limpa, da prefeitura de São Paulo, os Gêmeos e mais alguns grafiteiros refizeram a obra, que vocês podem ver aqui.

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Viva a arte urbana. Estou ajudando meu namorado no TCC dele, que reúne
fotografias sobre personagens urbanos. Prestar atenção a esse tema
faz parte de minha rotina e de minhas leituras cotidianas...

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Apaixonados por Carros

Neste final de semana, São Paulo recebe as equipes de Fórmula 1, em Interlagos. Uma das últimas corridas do ano, a grande expectativa é pelo título do campeonato, que pode ser definido nesta corrida.



Foto: Globo.com

Um evento de tal magnitude reúne pilotos de inúmeras nacionalidades, dezenas de pessoas em cada escuderia, turistas, torcida... Muita, mas muita gente chega na já populosa metrópole, que reforça a infraestrutura de transporte público para comportar todos eles. Os trens da CPTM irão circular com menos intervalos, ônibus expressos serão colocados em circulação, enfim, tudo aquilo que esperamos de um planejamento adequado para um evento de tal porte.

Mais que necessário, é fundamental para a cidade e para o País esse tipo de ação em grandes acontecimentos. O que me inquieta, entretanto, é simples: com ingressos que passam os R$ 2 mil, será mesmo esse o público que prefere se espremer em meios coletivos? Ou estarão eles, apaixonados por carros, dentro de seus veículos privados, contribuindo para um congestionamento atípico de final de semana?

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Paisagem Diária Noturna

Rastro

Vista do prédio onde trabalho. Avenida Paulista x Alameda Campinas. O terreno que vocês veem na esquina é onde foi a mansão matarazzo, sobre a qual eu já postei.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Loucura de uma Personagem Paulistana



Sebastiana de Mello Freire, a dona Yayá, foi diagnosticada em 1925 como doente mental. Herdeira única de uma fortuna familiar que foi perdida com sua lucidez. Quem não enlouqueceria com a morte precoce de seus três irmãos, sendo que um deles se jogou ao mar em uma viagem de navio? Além disso, em 1899, os pais de Yayá adoeceram e morreram subitamente com um intervalo de dois dias, em lugares diferentes e sem que sequer soubessem da doença um do outro.

Dona Yayá tentou suicídio. Contou com a assistência dos médicos mais renomados da sociedade paulistana no início do século XX, que a internaram em um sanatório particular, pois sua casa até então fora considerada inadequada para abrigá-la.

Foi levada para um mansão em 1920 que, na época, era afastada da malha urbana. Os cômodos foram adaptados para recebê-la: paredes brancas do teto ao chão, ausência de torneiras ou saliências que poderiam causar ferimentos. As janelas dos cômodos foram especialmente projetadas: além de serem inquebráveis, só se abriam do lado de fora. Construiu-se também um solário para que dona Yayá pudesse sair ao ar livre. Na altura no número 353 da rua Major Diogo, no Bixiga, Sebastiana de Mello Freire estava condenada a viver alheia à sociedade que disputava seus bens.

Yayá faleceu em 1961 aos 74 anos. Sua mansão foi transferida para propriedade da Universidade de São Paulo oito anos depois, que a transformou em um espaço cultural e de laboratório para seus alunos de restauração.

Não morreu sozinha. Sua riqueza bancava criados, enfermeiros, além de uma amiga e uma prima que, com Yayá, dividiam a mansão. Hoje, a Casa de Dona Yayá é dividida com todos os paulistanos: um espaço de uma (triste) história infelizmente pouco conhecido.


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Obviamente, a próxima postagem falará da casa. Primeiro,
a história de Yayá, depois, seu legado
.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Dicas de Cinema Alternativo

Aproveite que você está em São Paulo e saia do circuito de salas de grandes redes nos shoppings paulistanos. Há salas que ainda mantém aquele clima de sétima arte, cheirinho de pipoca, quando as pessoas saíam exclusivamente para ver o filme.

Deixo aqui duas recomendações, ambas na região da Av. Paulista:

O HSBC Belas Artes, na rua da Consolação, mantém um clima retrô, com tons de vermelhos, fotografias em preto e branco e cartazes iluminados. E tem história: inaugurado em 1967, foi um dos cinemas mais tradicionais e só sobreviveu pelo patrocínio do banco. Às segundas e quartas, as sessões são bem baratinhas (de R$ 8 e R$ 4). Possui um café agradável no salão.

O Unibanco Arteplex fica na rua Augusta, nos Jardins, e é reduto de paulistanos moderninhos. Não apresenta apenas filmes do cinema alternativo - exibe algumas animações e documentários. Particularmentes, adoro o clima de jardim dentro complexo, antes de entrar nas salas. Acho um ambiente diferente e extremamente peculiar, parece que dá mais vontade ainda de ver os filmes. O dia mais barato é a quarta-feira, com ingressos de R$ 12 e R$ 6.

Aproveite os dois complexos para ver aquele filme brasileiro que não vai passar na Globo.


Atualização: Conforme informado pelo leitor Marcelo Paranhos, o Belas Artes não é mais patrocinado pelo HSBC. Uma pena, pois eu considerava que a associação da marca ao cinema agregava valor... Mas, enfim, o cinema ainda existe, está lá, e a programação você confere aqui.

Atualização 2: Dica do Agnelo, O Belas Artes tem site com o Pandora Filmes aqui.
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Claro que eu não ia recomendar filmes, e sim salas de cinema em si.
Acharam que eu ia ser previsível assim, galere?

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Vapor barato, violência gratuita

Minutos antes, conversava com uma amiga sobre como eu reclamava com pessoas folgadas no metrô. Empurrou? Falo mesmo: "não empurra!". Depois da baldeação, mudei de ideia. Não solto mais faíscas de estresse provocado pela caótica São Paulo.

Na última segunda-feira presenciei como o vapor barato se transforma em violência gratuita. Em mais um dia de "devido à falha na altura da estação [desta vez, Sé] da linha azul, os trens estão circulando com velocidade reduzida e maior tempo de parada", na conexão com a linha verde, aquele mar de gente.

Mesmo atrasada, pego o trem no sentido contrário para entrar no vagão em paz e sem empurrões. Quando o trem chega, de novo, na estação Paraíso, foi aquele empurra-empurra. Até que dois caras começaram a se olhar torto e bater boca.

De nada adiantou tanto grito de deboche vindo dos outros passageiros. De nada adiantou a multidão espremida ali, menosprezando as atitudes.

Vai se foder.
Vai você!
Você vai apanhar!
Ah é, seu cuzão?

[As portas se abrem e uma clareira também, enquanto uns descem, outros gritam, os dois caem.]

Lamentáveis socos, pontapés, marmanjos rolando no chão e duas almas bondosas se machucando para separar. Eram quase 9 horas da manhã na estação Brigadeiro.

Quando percebi, chorava sozinha nas escadas rolantes em direção à Paulista. Nem o caos, nem a multidão, nem o empurra-empurra, nem o estresse, nem o calor abafado, nem o fedor justificam esse tipo de explosão de raiva. Paulistanos que têm a vida muito triste.

Não solto mais faíscas. Elas incendeiam rapidamente. A partir desse dia, quem vier com tanta truculência urbana, ganha um humilde "desculpe-me, não tinha a intenção". Pode ser bobagem, mas, no momento, é minha última esperança.


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Demorei um dia para digerir o que vi. E ainda estou impressionada.
Vapor barato porque a primeira coisa que me veio à cabeça é
"sim, eu estou tão cansado" e "tão à flor da pele".
E pela efemeridade do vapor, que num instante se desfaz.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Coisas que São Paulo poderia aprender com interior do Estado (1)

Há uns dias, fui ao cinema de um shopping da Zona Norte de SP. Coisa de final de semana de paulistano, claro... e claro que havia um amontoado de gente que teve a mesma ideia que eu.

Acho um pequeno absurdo você ter que chegar mais que uma hora antes da sessão para conseguir um bom lugar na fila. Além disso, pagar R$ 20,00 para ver um filme produzido lá nos gringos e exibido no mundo todo a produção massiva industrial.

(Abro um parêntese para deixar bem claro que não quero discutir quanto é alto o preço de um cinema, um teatro ou o que seja cultura para quem é de baixa renda.)

Enfim, a escolha de sair de casa num domingo à tarde para ir ao shopping para ver um filme comercial foi minha, mas eu estava acostumada a uma linda invenção que funciona em Bauru: assentos marcados.

Simples. Quem chega primeiro, paga primeiro, escolhe primeiro onde vai sentar. Se não tem lugar que você gosta, você escolhe outra sessão. Na hora de entrar, não há filas quilométricas, que aumentam conforme as mães vão dando os lugares guardados quando enquanto seus três filhos, junto com o pai e a família do priminho, voltam da fila da pipocas.

Ingresso com lugar marcado no cinema é tão simples e tão inteligente... Sem aglomeração, sem stress. Sem vovôs reclamando de dor nas costas, sem casais de namorados dependurados um no outro e sem patricinhas reclamando de dor em cima do salto.


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O filme? Ah, foi ruim.
Foi bom apenas assistir abraçadinha com o namoradão.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Trabalhadores que Estudam

Material do curso. Trabalho e vou demorar uns 2 anos para ler tudo isso, até porque não vivo só com livros de economia.

Durante o Curso de Economia para Jornalistas promovido pelo Ipea nesta semana, a palestra de Marcio Pochmann, presidente da instituição, apresentou uma ligeira análise sobre o desenvolvimento do País. Em um dos momentos mais interessantes, apresentou com perfeita maestria que a educação no Brasil não é para poucos, é para pouquíssimos. Ainda mais nos grandes centros.

De que valem os grandes centros acadêmicos aqui da capital se o aluno trabalha 6 horas, estuda por mais 4 horas, e ainda perde, na melhor das possibilidades, umas 3 horas na locomoção casa-trabalho-estudo? Até aqui, a conta já deu uma rotina de 13 horas diárias. A formação fica restrita ao mercado de trabalho e sala de aula.

Leitura de livros? Jornais? Atividades culturais? Quando?

É a classe "mais que média" que é capaz de sustentar um jovem no Ensino Médio ou na Universidade. Pessoas que não produzem renda são, obviamente, despesas no orçamento familiar.

No Brasil, a educação não é voltada para a vida, e sim, para o trabalho. Talvez por isso as universidades aqui na capital sejam tão procuradas pela rápida inserção no mercado de trabalho. São Paulo, a terra das oportunidades também para estagiários. Confesso que, logo quando vim de Bauru para cá, achava excelente: as pessoas daqui não tiveram o mesmo martírio que eu tive para conseguir um primeiro emprego porque tinham, de longe, mais experiência profissional. Hoje, com mais reflexão, vejo que tive tempo de aproveitar a formação humana que a educação real propõe: questionar, criticar, pensar. Não apenas aprender um ofício.

Deveríamos ter estudantes que trabalham. Não é assim. Realidade sutilmente refletida quando perguntamos a alguém "o que você faz da vida":

"Eu trabalho e estudo."


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Foi a primeira vez que consegui, com clareza,
visualizar esta triste realidade. Talvez por fazer parte
do seleto grupo que não precisou trabalhar e estudar - pelo menos
não neste modo paulistano.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Gentileza não é educação

Conhecimento, saber, domínio da ciência e aprender após refletir. Isso é educação.

Um pedido de por favor, um bom dia, o respeito pelo outro no olhar de desculpas de um esbarrão. Isso é gentileza.

Não são iguais, mas são diretamente relacionados. E é de ambos que eu tenho sentido falta no cotidiano paulistano.

Caos subterrâneo

Um problema na região da estação Liberdade causou lentidão dos trens da linha azul e maior tempo de parada nas estações. Foi assim que a assessoria de imprensa do metrô de São Paulo explicou a superlotação nas estações na manhã desta quinta-feira.

A falha aconteceu por volta das 7h e, ainda segundo a assessoria, antes das 7h10 já estava normalizada. A falha foi consertada, o problema subterrâneo, não.

Imaginem que um atraso de dez minutos afeta toda a linha - quando um trem para, o outro não pode seguir. O metrô possui trens a cada 3 minutos em horário de pico - logo, foram 3 trens. Em dias normais, pessoas aguardam na plataforma porque trens estão lotados, não conseguem embarcar. O metrô já é cheio. Multiplicar toda essa gente por três e adicionar vagarosidade em túneis escuros e sem ventilação é loucura.

Como eu publiquei no meu twitter, vi gente chorando, desmaiando, sendo pisoteada. Um casal de cegos não conseguiu descer na estação Luz - por causa da integração com trens da CPTM, teve catracas bloqueadas para impedir as pessoas de chegarem à plataforma do metrô, que não comportava mais ninguém.

Não consegui avisar minha chefe, as linhas de celular estavam congestionadas. A moça ao meu lado recebia mensagens da amiga dizendo que o chefe estava impaciente pelo seu atraso. Pobre coitada, não conseguiu responder de três celulares emprestados, porque o dela estava sem crédito e a mensagem "rede ocupada" insistia em aparecer na minitela mobile. Por ironia, ela era operadora de telemarketing... será que vai ter o salário do mês reduzido por causa disso?

A linha vermelha e verde foram afetadas - todas as linhas atualmente se interligam na região central, próxima de onde houve a falha. Faltam linhas, falta vazão a milhões de pessoas que atravessam a cidade para trabalhar: consequência do crescimento desornado da metrópole.

Para completar, um recipiente deixado na ponte do Limão, na zona norte da cidade, despertou o alerta dos bombeiros pela possibilidade de bomba (quem é que explodiria a ponte do Limão, meu Deus???).

Vagaroso.

Ok, entendo que uma falha acontece, acidentes acontecem, não há horário para isso. Mas... acho que é um excelente motivo para repensarmos na falta de alternativas de transporte público em SP. Já é hora. Reflitam bastante sobre isso e sobre outros problemas da cidade, muito mesmo, e façam alguma coisa relevante ano que vem, por gentileza.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Enigma - ou o retorno do blog mais uma vez

Escrevo esta postagem dentro do carro. Sufocada pelo frio artificial das janelas fechadas, que é mais cortante que o frio lá de fora.

A verdade é que às vezes me esqueço de mim. Faço planos, sonhos, mas me esqueço de mim. E, sem mim, nada que é meu tem vida: nem meus sonhos, nem meus planos.

A janela embaçada esconde meu rosto na neblina. Na metrópole onde todos são invisíveis, não faz mal se esconder. Quando você se esconde, não quer ser encontrado, é como se fosse mais fácil ganhar olhares de desconhecidos.

As pessoas perdem o hábito de se olharem nos olhos. É quase uma afronta fitar o desconhecido que divide espaço com você no transporte público. Mas, no carro, tudo bem. É um pedacinho da privacidade que você divide com os outros no trânsito: um farol fechado e aquele segundo que você coçava o nariz fica marcado na memória breve do motorista ao lado. Que ri.

Esqueci-me de mim. Deixei muita coisa de lado e passei a viver a vida que eu sempre condenei nesta cidade - a vida por acidente, que é vivida e não pensada. Você simplesmente deixa tudo passar, tudo acontecer, e quando percebe, o tempo passou.

Após um final de semana de reflexões, resolvi acordar. Vou me esconder mais um pouco para trabalhar a multidão que mora em mim... tentar olhar os personagens urbanos paulistanos com o olhar de alguém que se esconde, mas não de mais de si mesma.


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Voltei.

domingo, 26 de julho de 2009

Cemitério da Consolação

"Tem muita arte aqui. Victor Brecheret, esculturas lindas. Minha mãe está aqui, logo logo eu estarei também".

Pereira Filho

Entrei no Cemitério da Consolação guiada por esta senhora de 90 anos, orgulhosa de ter um jazigo perpétuo no primeiro cemitério público de São Paulo, inaugurado em agosto de 1858.

Realmente, caminhar por suas ruas é, além de um agrado aos olhos, um passeio pela história da cidade. As ruas, apesar de numeradas, abrigam as casas daqueles que dão nome às ruas da cidade, de nossas casas. Ricardo Jafet, Eduardo Prado, Paes de Barros, Matarazzo...

Mais dor

Ela nos guiou contando histórias de amores passionais que ali terminaram, de doenças, de episódios que causaram tanta dor. Nomes fortes, arte sacra forte - que ora expressa serenidade passiva frente a morte inevitável, ora dor pulsante e insuportável da saudade.

A suíça que não falou seu nome continuou nos guiando por entre túmulos que são verdadeiros mausoléus. Cada um com sua peculiaridade, poucos com fotos, muitos com homenagens. Cada história, cada escultura, cada nome e data livres à interpretação de quem por ali passa, invisível, no silêncio de um terreno localizado em uma das ruas mais barulhentas da cidade.

Distante da carícia materna
pendeste qual pálido jacinto
e agora não dizes mais aos mortais
as noturnas harmonias de Chopin.
Mas aquela música invisível
ainda conserva e vive o amor
que à vida te deu
e à vida hoje te chama
(A Luiza Crema Marzoratti, 1896-1922, de sua mãe)

Duas horas e foi pouco. Um abraço à vendedora de flores anônima que me revelou tantos caminhos que vivem entre os mortos.

Um sábado paulistano

Hoje eu tive um sábado feliz.

Passear na Paulista dando uma de guia turística para amigas do interior que vieram trabalhar aqui, com garoa... foi o mais paulistano possível que meu sábado poderia ter sido.

E terminar com pizza e família para celebrar os hábitos da selva de pedra.

Apesar de tudo, Sampa me traz bons momentos.

sábado, 11 de julho de 2009

Túnel do tempo


Túnel do tempo?
Eu o vi, eu o vi!, quando a retroescavadeira se afastou!
“Ah, dona Diana, sinto muito, mas a retroescavadeira vai ter que voltar...”
Apaga-se a luz.
Só fico então com as linhas enroladas, escuras, enrolando-se no túnel.
“Só mais um pouco e a retroescavadeira sai, dona Diana, só mais um pouco.”
E sai.
E então, impulsionada por força que não sei explicar,
sinto o nanquim pegar em minha mão, e, juntos, em gestuais concêntricos,
vamos girando pelo túnel, girando, girando, até atingirmos a luz no fim do túnel...


Descobri as aquarelas e os textos de Diana Dorothéa Danon por acaso, procurando os horários do transporte público em São Paulo no site do metrô. Ela expressa o andamento das obras de expansão do sistema de transporte por meio de retratos sensíveis, capazes de congelar a efemeridade das cenas das obras urbanas. Um tesouro de sensibilidade.

Não é segredo que sou fã do metrô de São Paulo e quero muito o fim dessas obras. Quero novas linhas, novos projetos. Acho que a solução para o trânsito dessa cidade é furar mesmo todo seu subsolo e construir linhas intermináveis, para todos os cantos e direções. Simultaneamente, claro, a uma conscientização das pessoas que é necessário deixar o carro em casa - principalmente aos dias úteis.

Eu, que espero ansiosamente o fim do ano para comprar meu carro, sobrevivi a um feriado e a uma sexta-feira passeando de metrô e ônibus, fui até a Osasco. Sei que é preciso andar de transporte público para o trânsito fluir. E que, se as pessoas não pensarem assim, quando eu comprar finalmente o meu possante, não haverá espaço para ele nas ruas. O paulistano deve entender que o automóvel nem sempre é a melhor opção - e me preocupo se eu vou continuar pensando assim quando estiver ao volante.

Conheça o trabalho de Diana aqui.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Um bando de louco...

Confesso (e isso não é nenhum segredo) que eu não gosto de futebol. Já simpatizei pelo Corinthians, acho que por pressão social (quem disse que é fácil não gostar de futebol no Brasil? Em São Paulo?) de, pelo menos, ter um time quando alguém pergunta. Mas, aos poucos, fui assumindo mesmo: não aguento jogo. É chato. Não gosto e pronto - e você também não gosta de muita coisa que é paixão de muita gente.

Acontece que é impossível estar alheia ao universo da bola, principalmente quando você mora com um maloqueiro e sofredor como meu irmão. E quando você é vizinha de milhões de maloqueiros sofredores.

Na última quarta-feira, durante a final da Copa do Brasil, tive a sensação de final de Copa do Mundo. E não é que foi divertido? Não pelo futebol, pelo jogo, ou pela vitória do Corinthians. Mas sim pela comoção social que uma partida causou no bairro, na cidade. Muita gente na rua, adolescentes no meu prédio que se reuniram para ver o jogo, pessoas em bares, gente buzinando na rua, torcedores se provocando.

Não consigo assistir a um jogo pela TV. Lembro-me bem quando fui ao estádio pela primeira vez, com família, em um jogo comemorativo ao aniversário da cidade, no Morumbi... me diverti o tempo todo, mas era porque observava a torcida. A paixão no olhar das pessoas, como tanta gente consegue cantar junto a mesma coisa, pular junto, torcer tanto para a bola entrar no gol.

E foi isso que aconteceu na última quarta-feira. Meu irmão gritando na sacada e comemorando com nosso vizinho chato - que detestamos, unidos pelo Timão. As pessoas gritando na rua, os rojões ensurdecedores sem parar.

No dia seguinte, ele foi almoçar comigo na Av. Paulista... e arrisco dizer que 80% dos executivos de terno deixavam aparecer a camisa do Timão por baixo do paletó, em um dos bairros mais pomposos da cidade, conhecido por ser passarela de pessoas elegantemente vestidas. Essas pessoas sorriam para ele, o atendente do Spoletto riu e bateu o maior papo. Pelo menos por um dia, as pessoas se esbarravam e pediam desculpas, sorrindo, brincando com o resultado do futebol, ao invés de continuarem emburradas em seus caminhos.

Pode ser pão e circo, pode ser chato, pode ser o que for. As pessoas esqueceram do Sarney, da morte do Michael, da crise econômica... Mas comove, e isso é muito legal. E, na boa, nunca vi Palmeiras ou São Paulo ou qualquer outro time, aqui em São Paulo, causar tudo que o Corinthians causa. Os "loucos por ti, Corinthians" alegram noites paulistanas.


___________
Até brinquei no twitter, com alguns desconhecidos que riam comigo, sobre o que um jogo estava causando na rede. A hashtag #VaiCorinthians ultrapassou o Michael Jackson nos tópicos mais citados no microblog.

Eu fiquei imaginando como será no ano que vem, se o Corinthians começar a ganhar os jogos da Libertadores... loucura total. A cidade vai explodir...

E ah, sobre o barulho das ruas... estava cansada,
dormi sem dificuldade após o fim do primeiro tempo.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Convocação aos paulistas: mexa-se!

Junte-se a mim na marcha

FORA, Sarney:

Data: 01/07
Horário: 19h
Local: concentração no MASP. Tragam apitos e buzinas!

Não é de São Paulo? Consulte aqui.

Não entendeu? Entenda aqui.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Para seu final de semana: de graça (ou quase)

Está sem grana? Não é desculpa para dispensar a cultura em São Paulo. Desde quando voltei de Bauru, sinto-me na responsabilidade de usufruir da diversidade cultural que a cidade oferece a preços acessíveis.

Depois do show espetacular da Monica Salmaso com Nelson Ayres e Teco Cardoso no Teatro do SESI-SP (R$ 5, dá para acreditar?), resolvi compartilhar com vocês algumas indicações culturais.



Espetáculo teatral inspirado em contos de Guimarães Rosa, em homenagem aos 25 anos da Cia. Pia Fraus. Usa efeitos teatrais como luz, som, filmagens. Poucas falas, muita emoção.
Até o 5/07. Av. Paulista, 1313 . Às quintas e sextas, é de graça. Informações aqui.




Cerca de trinta mil ingressos distribuídos gratuitamente pela Prefeitura de São Paulo. As peças, do musical "A Bela e a Fera" até "Mistérios de Irma Vap".

Se você já está de férias ou sua empresa declarou quarentena por causa da gripe suína, enfrente as filas quilométricas, pois vale a pena. Informações da distribuição aqui.



A cantora de MPB faz show de graça neste domingo, ás 13h, no Shopping Metro Tatuapé. Fácil de chegar pelo metrô.



Aos sábados, a entrada é gratuita. Desfrute a exposição sobre o ano da França no Brasil, que mostra com tecnologia a proximidade entre os países, cujos idiomas têm raízes em comum no latim. Fácil de chegar também pelo metrô.

domingo, 21 de junho de 2009

A ignorância e a greve da USP

Trabalho na Av. Paulista. Na última quinta-feira (18), atravessei a passeata de estudantes das universidades públicas em prol do fim da PM no campus, readmissão do funcionário, voto para reitor, etc.

Não venho aqui discutir os motivos do movimento estudantil - que não me desperta desconfiança há anos, desde quando estudava na Unesp, em Bauru. Mas sim a ignorância das pessoas, ao ver a passeata que reuniu cerca de 3,5 mil pessoas (segundo a PM, que eu considero fonte oficial).

Enquanto eles gritavam "abaixo a repressão" (inédito), vi muita gente na calçada gritanto "ronaaaaldo". Muita gente, ali, não sabia o que estava acontecendo. Pulavam, faziam comentários desnecessários e amassavam o papel que os manifestantes distribuíam, sem ao menos ler o título. Falavam "credo, olha aquele ali, que sujo, não dá pra confiar no que uma pessoa com esse cabelo diz".

É isso que me entristece. Não interessa se você é contra ou a favor da greve, mas você já parou pra pensar quantos desses milhões de paulistanos realmente sabem o que está acontecendo?

quarta-feira, 27 de maio de 2009

A encantadora leitora dos papéis em branco

Ela tinha a habilidade de guiar-se entre as palavras invisíveis daquela folha de papel em branco. Apertada na poltrona desconfortável do ônibus lotado, acompanhava cada linha com os dedos e, a cada surpresa, sorria.

Ao apagar a luz, o motorista nem percebeu a leitura daquela moça. "É que atrapalha, assim de noite, uma luz aqui dentro com as luzes lá de fora". Não é que as luzes lá de fora não iluminavam os parágrafos misteriosos que ela desvendava a cada sacolejo?

Não dava para ver a atenção de seus olhos. Enquanto todos reparavam no seu estranho hábito de usar óculos escuros quando já era noite, eu não desgrudava do mistério que aquelas folhas em branco traziam, impregnado na sua trama.

Observei muito a encantadora leitora dos papéis em branco, que sequer notou minha presença. Para ela, não havia mais ninguém - só o desenrolar da história envolvente que ela lia.

Quando deu sinal para descer, esperou sentada a chegada no ponto. Desembarcou pela porta da frente. Ela não podia ver os degraus, mas enxergava perfeitamente todo o enredo que os furinhos em braile lhe revelavam na ponta dos dedos.

Intrigas

Não podia aceitar... era um absurdo. Como assim, ela, depois de cinco anos, teve a coragem de falar tudo o que disse, na cara, sem vergonha, sem pensar em tudo que a outra tinha feito?

Desculpa... quer que e... segura? Tá...

Depois que a outra deu carona e, por meses, não cobrou nada. Tudo bem que era caminho, mas senta aqui, por favor... tudo bem... tinha que ficar esperando a menina se arrumar, tomar banho... e demorava! Uma vez, quando ela acordou atrasada, tá atrapalhando? esperou mais de meia hora na calçada de faixa amarela. E, obviamente, chegaram atrasadas no pode por aqui, senhora serviço. O chefe não quis nem saber: deu a advertência sem escutar explicação. Ela teve que trabalhar no final de semana e a bonitona, não.

Um mês depois chega a multa... não é pra sentir raiva??? Não, pode falar, não é???

Dá licença? Moço eu preciso passar.

Pode parecer assim, ouvindo, pouco. Mas para ela deu. Cobra. Ridícula. Vaca. Haja santa paciência! Ninguém merece. Depois tentou até proc...


Sé.

Fosse o namorado roubado, a conta atrasada, o empréstimo devido, o emprego cobiçado. Não sei. Quando porta se abriu, testemunha e vítima se foram pelo lado esquerdo do trem.

sábado, 23 de maio de 2009

O Paraíso é um inferno...


Estação Paraíso do metrô de SP, sentido Turucuvi, sexta-feira (22), 18h15. Cinco trens depois, eu embarquei.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Presa no Paraíso

Sempre fui fã do Metrô de São Paulo. Apesar da superlotação de passageiros nos horários de pico (principalmente na , Luz e Paraíso), acredito que o metrô é a solução para o trânsito caótico da cidade.

É limpo, é seguro, é rápido, é barato. Por isso escolhi o Metrô para voltar da festa de um amigo, nos Jardins, na terça-feira (12). Já era quarta quando embarquei na estação Consolação, às 0h15min, com uma amiga. Ficamos tranquilas porque chegaríamos em Santana sãs e salvas - afinal, para duas mocinhas do interior, o desconforto de andar por SP de madrugada é inevitável.


Metrô 5
Estação Sé fora do horário de pico: poucos passageiros na plataforma.

Chegamos na estação Paraíso às 0h30min. Durante a semana, faço esse percurso em exatos 3 minutos... mas tudo bem, afinal, neste horário a quantidade de trens em circulação é menor. Pois que esperamos mais uns quinze minutos quando anunciaram...

"Atenção... não existem mais carros indo para a estação Tucuruvi. Atenção, NÃO existem mais carros indo para a estação Tucuruvi."

Pânico. Procuro um funcionário, que me diz "quando você embarca depois da meia noite, não dá para garantir". Surtei. Como assim ninguém fala nada na hora que você embarca? Sempre achei que, uma vez lá dentro, era garantia que chegaríamos no destino. E achei a justificativa de extremo desrespeito.

Resultado: peguei o metrô de volta pra estação Consolação... inconsolável. E, de lá, peguei o último ônibus até a minha casa. Frustrada, R$ 2,55 mais pobre e o pior: decepcionada com o Metrô, que até então de mim ganhava tantos elogios rasgados.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Etiquetagem Veicular

Depois de uma longa pausa no blog (e uma acelerada na vida), resolvi voltar para falar de Meio Ambiente.

Foi lançado na última sexta-feira na Fiesp o Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular. As indústrias de veículos se cadastram voluntariamente, e os modelos recebem um selo de acordo com o seu consumo de combustível - semelhante àquele de consumo de gás ou energia, que já existem em eletrodomésticos.

Foto: Divulgação. Clique para ampliar


Acompanhei o lançamento desse selo e, claro que quanto menos combustível é queimado, menos poluentes são lançados na atmosfera. Mas não é possível vincular o menor consumo de combustível diretamente ao fato do veículo ser menos poluente. Há outros mecanismos no carro que controlam a emissão de gases tóxicos... e as pessoas esqueciam-se disso quando interpretavam o significado da classificação dos carros. Consumir menos não é o único fator que contribui para poluir menos.

Não podemos ignorar que houve a preocupação com a questão ambiental ao lançar esse programa, ainda mais em São Paulo, onde milhões de carros circulam todos os dias. Trabalho na Avenida Paulista e é impressionante como camisas brancas voltam acinzentadas depois de um dia de trabalho... mas é bom não esquecer de verificar filtros, escapamento e outros equipamentos que garantem o menor dano possível ao meio ambiente.

O mais importante é que não dá para se conformar em apenas procurar comprar um carro que polua menos se você o dirige todo santo dia, sozinho, de ar condicionado ligado... A melhor forma de diminuir a emissão de gases poluentes está longe de dirigir um carro de classificação "A" vazio. Caronas, transporte público (mesmo que desconfortável e ineficiente), bicicletas, caminhadas são mais eficientes que uma classificação de consumo de combustível.

sábado, 4 de abril de 2009

Para saber mais sobre a cidade

O portal G1 disponibiliza um quiz interessante sobre São Paulo, colocado no ar no aniversário de 455 anos da metrópole... Aqui você faz o teste. Eu fiz 15 pontos. E você?

terça-feira, 31 de março de 2009

Mansão Matarazzo: a história de um estacionamento

Quem passeia pela Avenida Paulista pode não imaginar a requintada história residencial onde hoje estão vários edifícios de negócios.

No início do século XX, a avenida era endereço das famílias mais ricas da cidade. Entre os seus casarões, estava a mansão dos Matarazzo, família do Conde Francisco Matarazzo - que um dia fora conhecido e respeitado como o homem mais rico do país. Era uma construção imponente, com 16 salas e 19 quartos, projetada por diversos arquitetos. A história desta construção é um tanto peculiar, pois a prefeitura se opôs à família. Enquanto a primeira queria o tombamento, os Matarazzo lutavam pela venda do terreno, hiper valorizado por sua localização.

A Mansão Matarazzo era gigantesca e formava um "vazio" entre os arranha-céus.
Foto: Prefeitura de São Paulo


Em 1990 foi tombada pelo governo de Luiza Erundina (PT), quando haviam planos de transformá-la em em um museu ou espaço cultural. Na contramão, pois o terreno tem o metro quadrado mais caro da cidade, houve até uma tentativa de implodir a mansão durante à noite. Entretanto, não foi bem sucedida. Com um grande debate na mídia sobre o futuro da Mansão Matarazzo, questionava-se o seu real valor arquitetônico, pois a Avenida Paulista já era tomada por edifícios de escritórios.


Mansao Matarazzo
A entrada da mansão, hoje

O triste fim da Mansão Matarazzo aconteceu em 1995 - foi demolida por causa de uma liminar judicial. No terreno, hoje há um estacionamento, e somente a fachada foi preservada. Embora exista um projeto de transformar o terreno em um shopping, divulgado pela Folha em 2007, continua sendo apenas um estacionamento. Quem passa por ali pode não saber - mas a esquina da Avenida Paulista com a Pamplona uma elegante mansão foi cenário de uma história de São Paulo.



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Depois de assistir à minissérie Maysa, fiquei curiosa a respeito da Mansão Matarazzo.
A cantora morou na mansão por alguns anos, após seu primeiro casamento.
Toda o trabalho de recriação da produção de Maysa estava impecável,
e eu queria saber onde é que raios ficava aquela mansão linda, gigante, em São Paulo.
Agora não consigo passear por lá sem lembrar-me desta história.

domingo, 29 de março de 2009

Aceita um cafézinho?

Eu adoro café. Sou dependente da cafeína - aquele tipo de pessoa que, quando não toma a bebida, fica com dor de cabeça ao ponto de ter que recorrer a remédios. E pra mim não tem hora no dia pra tomar café: pela manhã é bom porque acorda, à tarde é perfeito para uma pausa e à noite... bem, não costuma tirar meu sono, então não tenho problemas com isso.

Gosto muito de apreciar o sabor e o aroma do café, nem precisa estar acompanhado de uma comidinha. Pensando nisso, resolvi postar aqui algumas cafeterias de rede em São Paulo que costumo frequentar. Rendem ótimos cafés, ótimas comidinhas e um momento agradável. Não tenha medo de pedir cafés incrementados, experimente inclusive as bebidas geladas. São novas maneiras de apreciar o tão brasileiro cafézinho.

Starbucks
A rede americada chegou há cerca de um ano no Brasil e já conquistou clientes fieis. Nos arredores de cada unidade, pessoas carregam os copos de papel que são característica da rede. Para mim, o ponto forte é o tratamento individualizado. Seu nome vem escrito no seu copo - e isso é um charme, juntamente com os sofás no seu ambiente à meia luz. O expresso deixa a desejar, as melhores opções do Starbucks mesclam leite e cremes. A rede tem várias opções de bebidas, inclusive chás, e algumas comidinhas requintadas como quiches, muffins doces e salgados, pães e croissants. Você pode adicionar mais leite, açúcar, café ou chocolate após a bebida ser entregue.
Sugestão: Café Mocha (mocha chocolate, espresso, leite vaporizado e chantilly)


Gabriela e Mariana

Meu café mocha com pão-de-queijo de quinta-feira, com a Mari.
Reparem os nomes nos copos!

Fran's Café
Meu preferido! Essa rede bauruense tem todo o charme de suas cafeterias ambientadas. O expresso é perfeito, marcado e com sabor intenso. Existem cafeterias em diversos lugares da cidade, mas eu aprecio a da Fnac da Paulista. Um livro ao lado de um bom café é uma ótima pedida de programa paulistano! Há 35 anos no mercado, tem um menu extenso de expressos e bebidas geladas. Também oferece pães, toasts e sanduíches que têm um quê de caseiro, e isso me encanta. Dispõe de diversas opções light.
Sugestão: café macadâmia (expresso, leite e syrup de macadâmia)

Mc Café
Parte da mundialmente famosa rede Mac Donalds, foi inaugurada nos EUA pelo costume que os norte-americanos têm de sair de casa para tomar café. Aqui no Brasil, chegou há cerca de três anos mantendo alguns elementos de seu cardápio gringo, como sanduíches com ovos e bacon. Ainda bem que criou algumas opções bem brasileiras, como o pão na chapa, porque senão eu acho que não iria vingar. Mas, sinceramente, dispense essas comidinhas nada saudáveis e escolha um café gelado - são os melhores, na minha opinião, além de virem em copos de vidro charmosos. As cafeterias oferecem um espaço diferente daquele da lanchonete, mais acolhedor e sóbrio. Oferecem jornais e revistas para leitura gratuita - ponto pra eles.
Sugestão: Frapuccinos (leite gelado, creme, expresso e chocolate)

sábado, 28 de março de 2009

Entre, leia e fique à vontade

Incrível é visitar uma livraria. Não aquelas tradicionais, nas quais se escolhe o livro, leva ao caixa, põe na sacolinha e vai pra casa. Ou que o vendedor cola em você e dá palpites, impede que você folheie o livro - alguns deles ficam até com aquele plástico fechado. Falo das livrarias graciosas em São Paulo, as quais abrigam ambientes com poltronas, puffs e almofadas para que os clientes leiam lá mesmo. Em especial, duas delas são minhas preferidas - a Fnac, na Paulista; e a Livraria Cultura, no Conjunto Nacional.


Livraria Cultura

Uma das entradas. A livraria é separada por sessões, e só contemplar o espaço já é um belo passeio.


Eu sempre questionei o porquê de elas existirem. Qual o sentido de permitir ao leitor desfrutar ali mesmo da literatura, retirando a necessidade de comprar o livro?

Descobri hoje. Combinei de encontrar uns amigos e acabei chegando mais cedo do que o esperado - viva a rapidez e a eficiência do metrô de São Paulo. Resolvi passar na Livraria Cultura... espaço lindo, gigante e bem frequentado por gente de todos os tipos e idades. Dá pra ficar horas só observando as roupas que as pessoas usam, dos senhores engravatados aos adolescentes modernos com franja no rosto.

Fiquei curiosa observando Dan Stulbach conversando com alguns clientes (ele havia acabado de dar uma palestra lá e sim, é muito parecido com o Tom Hanks), depois a Marimoon conversando com umas pessoas. Depois de um tempo, vi o Jairo Bouer. Fugi do tumulto causado por pessoas famosas, estava começando a incomodar. Peguei um livro de poesia e sentei num puff rosa.

A vantagem de um espaço de leitura é conhecer autores. Eu não compraria o livro que eu peguei para ler - Memorial de la Isla Negra, de Pablo Neruda. Não pela qualidade da obra, mas porque não tenho o hábito de ler poesia, prefiro ler prosa. Entretanto, gostaria muito de ler poesias do Neruda, originais, em espanhol. E não consigo confiar nos textos que encontro na web atribuídos a escritores famosos... alguns textos circulam na web assinados por Drummond, Veríssimo, Neruda (e outros) cuja autoria é questionável. Foi uma boa introdução, deu pra ler umas páginas e se tivesse mais tempo com certeza leria o livro inteiro.

O espaço agradável também é referência para voltar quando se pensar em comprar alguma coisa. Referência pra encontrar amigos, ir a eventos. É agradável, em outras palavras. E é cultura, de graça, acessível. Um dia movimentado de coisas da capital.
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Ah, vale a pena a visita por causa da beleza da arquitetura do local.
Sempre há exposições - atualmente está em cartaz uma série de paineis
sobre a história da Fundação Padre Anchieta e TV Cultura.

terça-feira, 24 de março de 2009

Madrugada de memórias

Durmo menos. Talvez para compensar o tempo no transporte diurno. Assim, fico acordada na madrugada, seja lendo em minha cama ou escrevendo na sacada, sentindo a vida lá na rua.

A cidade depois da meia-noite se revela misteriosa. As ruas não ficam desertas, apenas menos movimentadas. Sons camuflados se revelam audíveis às insônias mais desatentas, e o apito do guarda noturno do meu bairro soa como um grito que espanta sujeitos mal-intencionados.

O motor da motocicleta mexe com o silêncio. O salto da senhorita solteira bate forte no chão e me desperta. A voz da briga do casal vizinho expõe suas intimidades a nós, madrugadores. Os cachorros latem e incomodam a quem quer dormir. E eu? Escuto, observo, guardo.

Quantas vidas empilhadas que repousam, quantas além de mim que escutam? Será mesmo que a cidade dorme?

Eu durmo menos. Construo uma cidade de memórias com os fragmentos das vidas com as quais encontrarei mudas, invisíveis e distantes no burburinho matinal de São Paulo.

sábado, 21 de março de 2009

Coisas da capital

Se tem uma coisa que eu mais gosto em São Paulo é pizza. Falem o que quiser, mas é aqui que você escolhe massa fina ou massa grossa, recheio farto ou no ponto. Há uma boa pizzaria à disposição a hora que for, o dia que for. E como a concorrência é forte, sempre haverá um esmero do pizzaiolo para preparar o melhor da casa.

Eu posso me estressar com o trânsito, passar mal com a poluição e xingar todos os pontos negativos daqui quando estou nos meus piores dias. Mas não abro mão da minha pizza margherita de massa fina da Santana Antiga todos os sábados. São quase oito horas, está chegando. Mando a alimentação saudável pro beleléu e desfruto.

E você? Alguma sugestão de pizzaria em São Paulo?

Logo mais o update com a foto.

terça-feira, 17 de março de 2009

Peixe rosa

A melhor maneira de criar pautas é, sem dúvida, sair de casa. Ir para as ruas, conversar com a senhorinha no ponto de ônibus, no caixa do supermercado. Ouvir o que as pessoas têm a falar.

No mercado esta semana com minha mãe e, contagiada pela preguiça matinal, percebi algo inusitado na peixaria. Ao pedir dois quilos de salmão, uma senhora fora da fila me cutucou e perguntou como eu preparava o peixe.

Tá, pode parecer pedante, ainda mais no supermercado popular que frequento. Entretanto, vejam bem: os jornais divulgaram muitas notícias sobre a queda nos preços dos alimentos, em especial do preço da carne. E só eu e aquela senhorinha parecíamos ter reparado que o preço do salmão, um peixe fino e ligado à alta gastronomia, estava mais barato que o quilo da alcatra e do coxão mole, os populares cortes para bife.

Enquanto o peixe custava R$9,98 por quilo, os cortes bovinos que citei acima estavam R$11,50. E muita gente ali não reparou. A senhora mesmo disse que notou o preço mais barato que o da carne, mas por ser comida de "gente rica" não sabia prepará-lo. Em poucos minutos minha mãe a ensinou a fazer o peixe grelhado com temperos simples - alecrim e azeite.

Pena que a senhora não ligou pra falar se gostou ou não da receita. E eu nunca pensei que ia sugerir salmão para alguém num supermercado popular. Um alimento saudável que faz bem à saúde e não tem sido parte do cardápio apenas de gente rica.

sábado, 14 de março de 2009

Um novo olhar sobre a cidade

A Revista da Folha apresentou, na semana retrasada, uma reportagem muito interessante que dialoga com a proposta deste blog. Ela trouxe relatos de pessoas que, após viverem anos no exterior, voltaram à São Paulo...

De certo eu compartilho algumas sensações e sentimentos com essas pessoas, mesmo reconhecendo a diferença gritante que é viver quatro anos no interior do que fora do Brasil. Mas não há como ignorar a sujeira, a pressa das pessoas nas ruas, o acolhedor olhar cansado no metrô, a organização desse mesmo transporte público...

Aqui vai um trecho da matéria, e se você for assinante UOL ou Folha, pode ler na íntegra aqui.

01/03/2009 - Revista da Folha
Um novo olhar sobre a cidade
por Gustavo Fioratti / fotos Jefferson Coppola
Ame-a ou deixe-a
Pesquisa realizada pelo Ibope a pedido do Movimento Nossa São Paulo

Em janeiro de 2008,

55% viveriam em outro lugar
Em novembro, caiu para 46% a porcentagem de quem deixaria São Paulo
63% dos moradores de São Paulo acham suas vidas muito interessantes
43% acham São Paulo acolhedora

Dos aspectos positivos de viver em SP:
21% apontam as oportunidades
16% o mercado de trabalho
13% lazer, diversão e entretenimento

Dos aspectos negativos:
40% apontam a violência
18% a criminalidade
12% o trânsito

São Paulo não estava mais nos planos de Ieda Onaga, 26, e de seu marido, Kleber Yuske, 27. Mas, no fim de 2008, a crise econômica mundial tratou de colocar a capital paulista de volta na vida dos dois decasséguis.
Eles moravam em Nagoya, cidade japonesa que concentra fábricas de automóveis e de produtos eletrônicos. Ganhavam até US$ 250 por dia.
(...)
Sobre o estilo de vida, ainda estão se adaptando. Para Ieda, os paulistanos são solícitos e gentis, em comparação com os japoneses. Mas aprendeu a respeitar uma certa civilidade oriental, que, acha, faltaria ao povo daqui.
Ieda se assustou com o lixo que a cidade descarta. Para ela, é difícil jogar fora embalagens plásticas. "No Japão, é tudo refil. Você acaba o detergente e leva o frasco na loja para encher de novo." Apenas 1% do lixo produzido em São Paulo é reciclado. Com ajuda das cooperativas, esse índice pode chegar a 5%. Tóquio recicla mais de 50% de todo o seu lixo.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Ça Va Café et Restaurant

Conforme já havia publicado aqui, acontece até domingo em São Paulo o SPRW. Fui conhecer o Ça Va, um elegante restaurante francês na Bela Vista.

Cedo, ao meio-dia, não havia fila. O clima é aconchegante, ao som de músicas francesas. Fui recepcionada com Edith Piaf, ao som de Padam Padam. Poderia ser melhor? Como o ambiente tem um tom mais conservador, não esperava músicas francesas contemporâneas, embora acho que percebi Camille em sua trilha sonora enquanto almoçava.

O único contra do passeio foi a escolha da mesa. Algumas mesas para duas pessoas estavam dispostas de um modo a terem, de um lado, um assento estofado na parede, e do outro, uma cadeira. Acabei sentando no sofá, que era muito baixo para a mesa e causou um certo desconforto... mas não me impediu de desfrutar os pratos saborosos.

O atendimento foi impecável. Mesmo com a casa lotada por causa do evento, nenhuma mesa demorava a ser antendida. Em quase todas as mesas eram notáveis os mesmos pedidos: o cardápio do SPRW, que tinha duas opções. Eu escolhi Dijon.

A entrada, uma salada verde com frango e abacaxi, estava boa. Sem muitos elogios ou críticas, atendeu às expectativas. O prato principal foi cubos de carne ao molho Bourguignon com arroz. Uma bela surpresa: a carne extremamente macia e o molho muito saboroso, sem ser forte. Conheço pouco a cozinha francesa, mas o que mais aprecio nela são justamente os sabores marcantes sem forçar demais no sabor.

E quando veio a sobremesa, delírio total. Enformado de sorvete de flocos com calda de frutas vermelhas. Grandes pedaços de chocolate, calda marcante e levemente adocicada. Realmente divina.

A comida é para se apreciar... e uma fila já se formava na entrada. Pena ter compromisso depois, porque ficaria no salão por algumas horas apenas conversando. Lugar aconchegante, boa comida e uma caminhada na Paulista a seguir. O Ça Va ganhou uma cliente - a casual, daquelas que frequentam o lugar em datas especiais. Très agréable mon vendredi.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Olhe as nuvens


O céu que trouxe o temporal ontem me trouxe uma surpresa. Há tempos não via nuvens bonitas na capital, cujo céu cotidiano se reveste de cinza e poeira.
Vista norte, em direção à Serra da Cantareira, às 18h18min de 10 de março de 2009.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Preto, pobre e preconceito

Há umas semanas perdi o hábito de ler nos ônibus urbanos. Durante uma entrevista com o dramaturgo Mário Viana, ele me destacou as histórias que acontecem cotidianamente e pouco percebemos por estarmos com os ouvidos entupidos com fones de ouvidos ou olhares ocupados em outdoors e leituras.

Semana passada peguei um ônibus da Paulista para Pinheiros, e escutei uma moça reclamando de um homem que esperava no mesmo ponto e provavelmente entraria no mesmo ônibus que ela. Que nós.

A julgar pelas roupas: ele, um homem negro e bem pobre, arrisco dizer até que era um morador de rua. De roupas velhas porém de tecidos grossos, exalava um cheiro de suor. Magro. Ela, uma moça negra também pobre, arrisco dizer até que era de classe média baixa. De roupas baratas que não combinavam, muito menos com as bijouterias penduradas. Gorda.

Quando entramos no ônibus (ele, ela e eu), fiz questão de sentar perto dela, que não parava de falar e se preocupar em fugir dele. Ela entrou muito rápido e empurrou alguns passageiros para sentar em um dos poucos bancos vagos. Ele demorou a pagar a passagem com moedas, o que me leva a crer ainda mais que era um morador de rua, já que não usou o econômico bilhete único. Entrou devagar e sentou em um banco reservado para deficientes.

O homem ficou sentado muito longe dela para incomodá-la, com um vácuo ao seu redor - seja pela aparência ou até mesmo pelo cheiro, que então se tornou insuportável. Mas ela ainda disparava comentários sobre o "preto pobre" que estava dentro do ônibus, "que absurdo, como o motorista deixou alguém como ele entrar".

Um dia após do dia internacional da mulher, esse episódio me fez refletir sobre minorias, a origem da data. Será que ela esqueceu que também era pobre, também era preta, também pegava o mesmo ônibus que ele? O que o impediria de embarcar, já que ele pagou a passagem e estava indo a algum lugar, mesmo que seguindo a esmo seu caminho de sem-teto?

Lembrei disso quando li esta notícia. Julgamos pelo que vemos e esquecemos o bom-senso em casa. Confesso que eu até fiquei com receio do homem sujo que estava no ponto de ônibus ao nosso lado. Mas tive nojo de mim mesma ao pensar que, ao ter esse pensamento, estava me igualando à moça que é parte de duas minorias (mulher e negra!) e fecha os olhos ao preconceito latente do ambiente metropolitano.

sábado, 7 de março de 2009

Apetite

Escrevo do interior, mas já programando a minha semana. Está acontecendo em São Paulo o Restaurant Week, até o dia 15 de março. Com esse nome que lembra aquele famoso evento de moda, o SPRW é uma ação coletiva de diversos restaurantes que colocam um menu especial da casa a preços fixos: R$ 25 no almoço e R$ 39 no jantar.

Achou caro? Tsc tsc. Dê uma olhada no preço real dos restaurantes, fora do evento. Alguns têm pratos individuais que passam os $100! Então faça sua lista e aproveite para conhecer aquele restaurante francês que dava água na boca, mas do qual passava longe só por causa do preço, monsieur. Quem me conhece sabe o quanto eu estou animada para conhecer lugares novos.

Algumas dicas:
- Ligue para reservar mesas e evitar transtornos ao chegar na casa. Pergunte também sobre a participação no evento.

- Se você não quer gastar muito mesmo, dispense o couvert. Ele é cobrado à parte e pode encarecer a conta. Pense também no acesso, pois estacionamentos e valets encarecem o preço final.

- Para não cometer gafes e também para apreciar melhor a comida, olhe com atenção as bebidas disponíveis. Em alguns restaurantes italianos, por exemplo, um bom vinho pode sair mais em conta do que uma cerveja. Além disso, ninguém vai te achar esquisito por tomar cerveja e comer massa.

O legal é que 10% do valor da conta mais R1 irão beneficiar projetos do Ação Criança. Já me deu água na boca. Veja você a lista dos participantes aqui e me conte depois como foi. Assim como eu o farei no restaurante escolhido.

O evento também acontece no Rio, em Recife e Brasília.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Praia de paulistano é shopping

Em um passeio vespertino no Shopping Santana Parque, pude visualizar melhor o porquê do paulistano gostar tanto de shoppings. E abracei a causa, pelo menos por hoje.

Com 36°C lá fora, o ar condicionado refresca e não deixa ninguém de cabeça quente. Durante a semana, à tarde, o local é vazio e dá pra caminhar, tomar um sorvete, pegar um cinema ou passar horas na livraria saraiva, e até aproveitar descontos de liquidações de verão. Eu, que sempre incentivei programas ao ar livre e fugir dessas ilhas de consumismo no meio da cidade, não encarei nem a piscina do meu prédio muito menos uma caminhada no Parque do Ibirapuera. Foi uma tarde agradável nos corredores cheios de vitrines e vazios de janelas.

Mas o que me chamou a atenção foi algo bem peculiar: a pista de patinação no gelo, nesta época de tanto calor. Nunca imaginei ver uma réplica de um lago congelado enquanto todos nós derretemos nessa temperatura tão alta.

terça-feira, 3 de março de 2009

Superaquecimento paulistano

Sim, vocês já cansaram de ouvir as pessoas reclamando da onda de calor aqui em São Paulo nesta semana. Desde domingo, está impossível ficar ao ar livre sem sentir o incômodo do suor escorrendo na testa, roupas grudando no corpo... tem sido difícil até para dormir.

O calor, que aqui na zona norte chegou a 34°C ontem, permanece até o final da semana por causa de uma massa de ar quente que se movimenta em sentido anti-horário. Segundo os metereologistas, essa massa impede que o ar quente se dissipe, também impedindo a formação de nuvens.

Calor no jornal
Enquanto isso, os paulistanos sofrem. Estou sentindo o mesmo mal-estar que senti quando fui a Buenos Aires em janeiro do ano passado. Fez um calor que chegou a 38°C, e eu corria para lugares com ar condicionado.

Uma coisa que achei muito interessante é que, nos jornais de lá, a previsão do tempo não trazia somente as mínimas e as máximas. O mapa convencional porteño apresentava duas previsões adicionais, referente à sensação términa mínima e máxima prevista para o dia em questão. Não fazia sentido para mim, porque 33°C de temperatura e 38°C de sensação térmica significava calor insuportável do mesmo jeito. Foi então que meu professor me explicou que aquilo era extremamente útil para dias em que a temperatura fica em 20°C, mas o vento faz a sensação térmica chegar a 17°C.

Não sei porque os jornais não adotam algo parecido em terras tunipiniquins.

Dias insuportáveis, noites agradáveis
Mas se tem algo que eu gosto nisso são as noites quentes. Acho uma delícia sair de casa à noite, tomar um sorvete, uma cerveja ou um açaí, usando roupas confortáveis e um chinelo de dedo. É uma ótima desculpa pra desfrutar agradáveis companhias nessa cidade onde todos parecem tão distantes.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Pombos

Depois do ziriguidum, nada melhor que retomar o blog, não?

Essa semana entrevistei um biólogo para o programa que realizo no Fiz Tv, o Pedro Demeley, da SAVE Brasil. É uma ONG muito interessante, que cuida não só das aves, bem como dos ecossistemas a elas relacionados.

A pauta era sobre equilíbrio ambiental, e eis que o papo vai para os animais repugnantes, que causam ojeriza a muitas pessoas mas não podem ser eliminados pois têm um papel importante no meio ambiente. Sapos, por exemplo, controlam a população de insetos; cobras controlam populações de roedores...

Mas e os pombos? Pombos cinzas dominam o ambiente das cidades e transmitem doenças. Qual o papel deles em uma cidade como São Paulo? Qual a razão deles existirem? Por que não podemos eliminá-los?

Pedro explicou que os pombos comuns, encontrados nas cidades, são animais exóticos. Dentro do conceito da biologia, exóticos são animais que não fazem parte da fauna local: foram introduzidos pelo homem. Os pombos de São Paulo foram trazidos pelos europeus, e são totalmente adaptados em um ambiente desequilibrado e urbano. Se fossem introduzidos na Mata Atlântica, vegetação original de São Paulo, provavelmente não sobreviveriam.

Ou seja, eles não fazem parte de um bioma. Estão nas cidades, alimentam-se em ambientes com lixo orgânico e, por isso, transmitem doenças. De um ponto de vista totalmente antropocêntrico, poderiam ser eliminados sem causar danos. Assim como os ratos e baratas, por exemplo, que estão por aqui no mesmo contexto.

Achei isso muito interessante. Claro que eu não sou a favor do extermínio dos pombos, mas eu sempre pensei que cada animal era importante e tinha um motivo biológico para ele viver no ambiente em que estava... nunca imaginei que os pombos são indicadores de um desequilíbrio. Dei uma pesquisada e vi que existem espécies de pombos brasileiras, como a Rolinha. Essas sim, sao originárias do Brasil e estão inseridas em um contexto biólogico.

Quando eu era criança, meus pais me levavam pra passear no centro de São Paulo, em especial no Pátio do Colégio. Alguns vendedores ambulantes vendiam comida (acho que era milho) para alimentar os pombos. Ao jogar o grão, qual criança não se encantava com a revoada das aves? Acho que por isso que os pombos são, para mim, um grande símbolo de São Paulo. E da minha infância. E me despertaram tanta curiosidade nessa entrevista.


Março de 1992, meu irmão, eu e minha mãe alimentando os pombos no Pátio do Colégio. Não faça isso.

Aliás, não alimente os pombos. E, falando em infância... você lembra disso? Eu adorava.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Combo Cinema

Pelo convite de uma amiga prestes a viajar, resolvi fazer um passeio que nunca havia feito: assistir a dois filmes no cinema, um seguido do outro. Ela queria ver o maior número de filmes antes de ela viajar pro Acre, sua terra natal.

Em São Paulo isso é muito fácil. Eu sempre acreditei que os horários das sessões de filmes diferentes são planejados para isso. E achei a experiência intensiva muito interessante... uma overdose de cinema.

Se você quer ter essa overdose sem entrar em colapso por reações adversas, preste atenção nos sintomas da metrópole para não terminar em encrenca. Procure não escolher cinema em shoppings, que têm outro clima, são mais lotados e barulhentos. Nós escolhemos o Cine Unibanco, que tem um ambiente extremamente agradável e só de observar as pessoas no charmoso jardim e café já alivia a tensão do filme.

Pense no passeio como um todo... e não se esqueça que, para assistir a dois longas, você provavelmente não sairá da segunda sessão em menos de 4 horas de entrar na primeira. Pense em transporte público, em segurança. O metrô é uma ótima opção, a minutos da meia noite de uma quarta-feira.

Pense em comida. Particularmente, não gosto de pipoca no cinema, no máximo bebo alguma coisa dentro da sala durante o trailer. Quando estou na sala escura, eu esqueço completamente de tudo ao redor e entro no filme. Comer me traz de volta à poltrona. Se alimente antes da sessão ou separe 10 minutos entre um filme e outro.

Os filmes foram:
O primeiro filme, O Casamento de Rachel. Sempre gostei da maneira com que Anne Hathaway transforma a personagem mais bobinha em uma pessoa interessante. Dessa vez, neste papel que a indicou para o Oscar, sua atuação brilhante fica ofuscada pelo roteiro maluco. Sabe quando você assiste a um filme e fica esperando uma reviravolta? As coisas que acontecem não mudam o rumo da história? A discussão sobre o comportamento que demonstra explicitamente a disputa entre as filhas até se mostra interessante. Mas falta.

Foi Apenas um Sonho. Li no blog do Zeca Camargo a análise perfeita sobre o que acontece... Kate Winslet dá um show, e os tradutores escorregaram no título do filme, que conta todo o roteiro em três palavras. Uma pena, mas que não tira a angústia de quem assiste toda a história. É um retrato sobre o casamento que nos perturba e faz pensar em relações cotidianas... adorei esse sentimento que apagou um pouco o primeiro filme e me fez ainda estar digerindo o segundo até agora.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Ruínas

Tenho três comportamentos típicos quando estou andando de ônibus pela cidade. Quando estou triste, ouço mp3 e não me importo com nada ao meu redor. Quando estou feliz, adianto a leitura atual, que carrego pra cima e pra baixo dentro da minha bolsa - quem me conhece sabe o tamanho dela. Quando estou com dificuldade de me concontrar, encosto a cabeça na janela e observo a arquitetura de cada lugar por onde passo.

Tenho feito muito isso ultimamente. Como morava em Bauru, noto uma diferença gritante entre as construções, diretamente ligada à história do lugar. O interessante é justamente isso: cada bloco de concreto carrega a história esculpida pelo tempo, moldada pela primeira construção e a cada indivíduo que por ali passou.

Vejo especial beleza em alguns casarões antigos, visivelmente deteriorados, mesmo que seja pela ação de seus ocupantes. Acho que a naturalidade do tempo supera o lamento da falta de preservação, quase como uma metáfora sobre como pouco nos importamos com o antigo devido às constantes novidades modernas.

Uma pena que o sinal abre sempre antes de eu contemplar todos os detalhes. E não me permite tirar mais fotos.


sexta feira 13

Casarão na Av. Rio Branco. Clique para aumentar.

A Revista da Folha certa vez apresenvou uma matéria sobre edifícios em ruínas. Aqui, só para assinantes.