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sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Trabalhadores que Estudam

Material do curso. Trabalho e vou demorar uns 2 anos para ler tudo isso, até porque não vivo só com livros de economia.

Durante o Curso de Economia para Jornalistas promovido pelo Ipea nesta semana, a palestra de Marcio Pochmann, presidente da instituição, apresentou uma ligeira análise sobre o desenvolvimento do País. Em um dos momentos mais interessantes, apresentou com perfeita maestria que a educação no Brasil não é para poucos, é para pouquíssimos. Ainda mais nos grandes centros.

De que valem os grandes centros acadêmicos aqui da capital se o aluno trabalha 6 horas, estuda por mais 4 horas, e ainda perde, na melhor das possibilidades, umas 3 horas na locomoção casa-trabalho-estudo? Até aqui, a conta já deu uma rotina de 13 horas diárias. A formação fica restrita ao mercado de trabalho e sala de aula.

Leitura de livros? Jornais? Atividades culturais? Quando?

É a classe "mais que média" que é capaz de sustentar um jovem no Ensino Médio ou na Universidade. Pessoas que não produzem renda são, obviamente, despesas no orçamento familiar.

No Brasil, a educação não é voltada para a vida, e sim, para o trabalho. Talvez por isso as universidades aqui na capital sejam tão procuradas pela rápida inserção no mercado de trabalho. São Paulo, a terra das oportunidades também para estagiários. Confesso que, logo quando vim de Bauru para cá, achava excelente: as pessoas daqui não tiveram o mesmo martírio que eu tive para conseguir um primeiro emprego porque tinham, de longe, mais experiência profissional. Hoje, com mais reflexão, vejo que tive tempo de aproveitar a formação humana que a educação real propõe: questionar, criticar, pensar. Não apenas aprender um ofício.

Deveríamos ter estudantes que trabalham. Não é assim. Realidade sutilmente refletida quando perguntamos a alguém "o que você faz da vida":

"Eu trabalho e estudo."


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Foi a primeira vez que consegui, com clareza,
visualizar esta triste realidade. Talvez por fazer parte
do seleto grupo que não precisou trabalhar e estudar - pelo menos
não neste modo paulistano.

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