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quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

O que aprendi com uma discussão no Facebook

Depois de dois dias, 78 "curtir", 116 comentários e algumas (muitas) trocas de farpas na minha última publicação do Facebook, fiquei com vontade de fazer algumas considerações sobre discussões políticas em redes sociais.

Começou com minha indignação com o transporte público de São Paulo, ao chegar no metrô às 9 horas da manhã, ou seja, fora do horário de pico, como faço todas as manhãs para ir ao trabalho. Nesse dia, em especial, tinha um compromisso e não poderia atrasar. Saí com 1h40 de antecedência de casa, optei pelo transporte público em detrimento do táxi (que seria pago pela empresa para a qual trabalho) justamente por ter a consciência do trânsito dessa cidade e também porque tempo inútil e caro dentro do carro parado na rua não é nada inteligente. Ao menos para mim.

E então eu escrevi, ali de pé, o seguinte:

clique para ampliar.

E esperei a magia acontecer. Sabia que ia rolar briga.



A partir de agora, vou elucidar alguns pontos que andei refletindo depois da reação de amigos (muitos).

1. Apesar de a revolta ser importante como agente de mudança, ela dificilmente será boa em uma publicação na rede social.
Claro que estava revoltada. Todo dia eu reclamo mentalmente de um serviço público pago que uso diariamente, sei muito bem como funciona. E explodi no post. Meu ponto, ali, era sobre a violência que a gente sofre todo dia, e ainda por cima tem que ouvir dos responsáveis pelo Metrô que "não está acontecendo nada". Óbvio que estava. Óbvio que a comunicação da instituição não estava sendo transparente, estava sendo honesta, muito menos respeitosa e sincera. com essa resposta, o Metrô de SP olhou para minha cara e me chamou de IDIOTA.

Dado que o planejamento das linhas e a operação daquela em especial cabe ao governo estadual, competência governada há 20 anos pelo PSDB, meu raciocínio é simples. Como fazer algo IGUAL vai gerar em MUDANÇA se nesse tempo todo a expansão do serviço foi pífia frente aos índices de crescimento da cidade???

Isso sem mencionar, claro, as recentes descobertas de desvio de milhões de reais de empresas envolvidas nas licitações, encabeçadas pelas lideranças paulistas do partido.

A diferença é que essa revolta toda já estava catalisada. NÃO VOTAREI NO PSDB. De novo, não. Tiveram 20 anos de chances e no ponto que eu considero o mais importante de São Paulo, o transporte, fizeram tudo errado.

Não precisa me excluir caso você esteja pensando no PSDB, óbvio. Contudo, acho que ainda considerar essa opção frente a esses fatos apresentados é estúpida. Desculpe. Eu acho SUA OPÇÃO uma estupidez sem tamanho. Ponto final.

2. A política como futebol. Não, obrigado.

Só que aí eu toquei no ponto crítico de algumas pessoas. Trouxeram o PT à tona. Gente, eu sequer mencionei o PT. Também acho que o caso do mensalão foi gravíssimo, acho também ridículo que as pessoas façam um rateio para que os responsáveis por esse esquema tenham suas fianças multas estabelecidas pela Justiça pagas e saiam da detenção. Só que a questão é que ISSO NÃO VEM AO CASO.

Contudo, ao criticar o PSDB, como se estivéssemos falando de futebol (usando uma metáfora que usaram comigo para criticar minha postura, justificando a reação das pessoas a isso), é como se fossem duas torcidas, porque são os partidos de maior projeção e que dividem com ódio boa parte da população. Ao criticar um, subentende-se que você está apoiando outro e por isso você está sendo 'errado', 'equivocado', enfim, insira sua palavra aqui. A "torcida" oposta passou a atacar o PT nos meus comentários como se eu fosse PTista. Como se minha revolta estivesse dando o PT como opção para o governo do Estado.

NÃO, GENTE. NÃO.

Primeiro: tratar a política como futebol eu considero no mínimo preocupante, porque a paixão pelo futebol é irracional e a política deve ser racional. Pensada. Planejada. Exercida com consciência, diferentemente do futebol, que é entretenimento, diversão, alegria, provocação, paixão, emocional. Política não deve ser emocional. Assim como chamar um palmeirense de "bi da segunda divisão" e ele responder para mim "cala a boca, gambá" é sem sentido, faz parte do jogo de provocação e zoeira, política encarada nesse nível de opostos a coloca no nível da... ZOEIRA.

E, desculpa, posso não ter todo o conhecimento político do mundo, mas não encaro isso como zoeira. De maneira alguma, para meus valores, problemas sociais, econômicos, de cotidiano, todos relacionados às decisões políticas e administrativas da esfera pública, deveriam ser debatidos e encarados dessa forma.

Esse comportamento eu acho ainda mais estúpido ainda do que votar no PSDB mesmo vendo a ineficiência do transporte. Porque, sei lá, vai que esse cara concorde com a ideologia do partido, mas reconheça a cagada que ele tem feito no governo, mas mesmo assim considere-o como a opção menos pior, sei lá. Ainda tem um ponto de argumento nisso, mesmo que eu discorde.

Agora sair apontando o dedo para a estrela vermelha, na minha opinião, numa situação dessa, é completamente irracional e mostra a maneira com a qual a pessoa encara a política. E a discussão.

3. Vencedores x perdedores

As pessoas entram numa ~treta~ de internet, no geral, para expor suas opiniões. Não para trocar ideias. Comentário bom é aquele que concorda com o que você falou. Se o cara discorda, ele é babaca, ignorante, burro, idiota, imbecil, filho da puta, vagabundo, ... ... ... .

Eu sinceramente acho que essas pessoas também não tem noção argumentativa. E mesmo quando tentam usar argumentos, não usam análises, mas dados puros. E se espantam, não aceitam, quando as pessoas têm interpretações diferentes de um mesmo contexto.

Vem cá, vou te contar uma coisa: o mundo é muito mais complexo do que uma briga do bem contra o mal.

Números não dizem nada sozinhos. Como o universo da TI me ensinou (sou jornalista de tecnologia), softwares analíticos dão apenas os dashboards. É difícil para caramba encontrar um bom cientista de dados que consegue primeiro mineirar esses números para ver quais interessam, quais podem ser relacionados, e o que eles estão dizendo. Só então tomar uma decisão.


4. Negar o debate para "propor soluções"

Não dá para propor soluções sem discutir ideias. E se você considera as ideias inválidas porque elas são diferentes das suas, você pode até discursar bonito e dizer que "não vai discutir mais porque Fulano não está evoluindo o debate". Gente, estamos falando do governo do Estado de São Paulo. Os problemas não vão ser resolvidos numa caixa de comentários do Facebook!!!

Até porque mesmo que a pessoa propusesse uma puta ideia legal, ela iria passar pelo seu julgamento (e voltamos ao ponto anterior - você concorda é uma ótima ideia; você discorda, é uma merda). E também ela não tem o poder de colocar a ideia em prática.

Exemplo prático: eu acho que tinha que ter estação em todos os bairros de São Paulo, alguns bairros com mais de uma estação. E que algumas linhas deveriam ser circulares para não obrigar todo mundo passar pelo mesmo lugar, como o centro, para realizar qualquer deslocamento. E também acho a passagem cara.

Lindo, maravilhoso, perfeito. Só que não dá para eu fazer isso. Nem ninguém que se eleger irá fazer isso. E eu não estou debatendo nada colocando essa minha opinião. É só minha opinião, utópica, inválida e vazia.

5. Cair no vazio de que "todos os partidos são corruptos"

As discussões políticas, quando caem aqui, caem no limbo do vazio, do nada. Ser apolítico é perigoso.

Deixa eu te contar outra coisa: partidos são feitos de pessoas. Você é uma pessoa (!). Você não é especial, você não é 100% íntegro, você não está acima de todos os cidadãos. Você é responsável também pela corrupção alheia e seu mecanismo de defesa e ação, no momento, é o voto.

E sobre os pequenos delitos, eu encerro esse post com um vídeo sobre o peso dos pequenos delitos, que no fim das contas é muito maior que os grandes delitos políticos.



Em tempo: Estou há 57 dias sem discutir no Facebook. Eu não discuti no tópico. Eu adoro debater, mas estou deixando minha contribuição em Fan Pages focadas em assuntos direcionados porque é de se entender que as pessoas ali estão mais propensas a realmente usar argumentos, análises, ideias, compartilhar conteúdos, tudo isso direcionado a um assunto. Política nem é meu tópico preferido nas discussões. Me falta conhecimento (mas isso não impede ninguém de fazer política, eu sei :) )

Mas, mais uma vez, se quiserem debater na minha página... Fiquem à vontade. Se quiserem mesmo saber o que penso, respondo.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Woody Allen e a separação obra x caráter

Com a divulgação da carta de Dylan Farrow, acusando Woody Allen de estupro e pedindo -- inclusive a grandes nomes de Hollywood -- boicote à sua obra, mais uma vez temos o caos nas redes sociais.

Foto: Boston.com


O que me chama atenção nisso tudo é a postura de alguns agentes do universo do cinema. Antes de seguir, minha postura pessoal sobre o caso é: temos palavra de Farrow x palavra de Allen. Particularmente, acho doentio inventar uma história dessa. Se isso ocorreu, a moça necessita urgentemente de ajuda psicológica. O mesmo veredicto se a história for verdadeira.

Em particular, um texto publicado nesta segunda-feira (3 de fevereiro) no Estadão, assinado por Luiz Zanin Oricchio, me inflamou os nervos. Porque tenta, sem assumir sua real intenção, defender o cineasta ao presumir que as alegações de Farrow são falsas. Menosprezando o discurso dela. Sob um título que mascara tudo isso, que dá a entender que ele falará do legado de Woody Allen para o cinema.

Assim, convido vocês a me acompanharem nessa armadilha de retórica (texto completo original aqui e em preto, meus comentários em vermelho):

Ataque a Woody Allen não invalida sua obra
Esse deveria ser o ponto principal. Defender a obra do cineasta, embora ataques. Então, prossigamos.

História da arte está repleta de criações que contradizem equívocos de criadores
Ok, então teremos outros exemplos históricos como centro da argumentação. Prossigamos.
03 de fevereiro de 2014 | 20h 19

Luiz Zanin Oricchio - O Estado de S. Paulo

Por sua complexidade, o caso Woody Allen merece ser analisado com toda a delicadeza (claro), sem ideias preconcebidas (sim). Sei que é difícil pedir serenidade num tempo em que as redes sociais, em particular, se ocupam de linchamentos e conclusões instantâneas (verdade), mesmo em assuntos controversos e com vários ângulos a serem vistos. No caso, há pelo menos dois, a palavra de Woody Allen e as de Mia Farrow e agora de Dylan, sobre o alegado abuso (exatamente, palavra versus palavra).

É bom lembrar que somente agora, aos 28 anos, Dylan se lembrou de acusar o cineasta do abuso que teria acontecido em 1992, quando ela tinha sete. (Peralá! "Se lembrou"? Se foi real, acredito que isso tenha atormentado a moça há muito tempo, como ela mesma citou em sua carta aberta. O uso do verbo "lembrou" já denota seu juízo de valor sobre a moça, como se, oh, esqueci que tinha sido abusada sexualmente, vou falar agora, então)

Vale também lembrar que Allen nunca foi processado e médicos que examinaram a menina não conseguiram dela depoimentos que incriminassem o padrasto (aqui eu não entendi mesmo. Médicos não conseguiram depoimentos  que o incriminassem. Achei completamente sem sentido). É um caso duvidoso, no qual as verdades factuais se perdem em incertezas, versões e impressões. Difícil decidir o que realmente pode ter acontecido (Uai, você mesmo disse que não era para usar ideias preconcebidas ou listar culpados em redes sociais... mas parece que você quer decidir quem é o culpado, mesmo sem recursos para tal).

Para nós, que estamos de fora, fica uma impressão de que tudo tem origem na tumultuada separação de Woody Allen e Mia Farrow, que parece ter causado um ressentimento incurável na atriz (apelar para o ressentimento de separação da mulher traída é o clássico para desmoralizar uma outra pessoa, a mãe da abusada). Ora, ela tem todo o direito de odiar Allen por tê-la abandonado pela enteada dela, Soon-Yi, com quem o diretor vive até hoje (leram bem? Enteada. Não é uma simples questão de ressentimento. Pense que sua filha adotiva de repente revela ter um relacionamento com o seu marido. Acredito que por si só isso já é bem grave, mesmo não havendo laços de sangue, apenas laços emocionais. Nem preciso citar Freud, porque inacreditavelmente ele será citado por você mais adiante).

Por que outro motivo Mia Farrow teria declarado que possivelmente um dos seus filhos naturais com Woody, Ronan Farrow, hoje com 25 anos, teria por pai, na verdade... Frank Sinatra? (Desmoralizar agora a Farrow porque ela teria transado com um outro homem, trazendo à tona um dos maiores medos masculinos, de criar a 'cria' que não é sua? E, mesmo assim, esse problema se resolve com um simples DNA. E, além de tudo, não vem ao caso em relação à acusação de estupro de uma terceira pessoa...)

Não seria o desejo de ferir o antigo companheiro levado até um limite inimaginável? (Viu só?) Se há alguma dúvida de que Shakespeare tinha razão ao dizer que o universo não conhece fúria maior do que o de uma mulher ferida, Mia se encarrega de demonstrar a frase do Bardo. Teria Mia arrastado os filhos nesse ódio, ou todo esse rancor seria justificado por atos do cineasta? (Como assim? Se houve agressão sexual, acredito que o ódio nasceu daí, não da mãe traída! Francamente!) Difícil decidir de forma definitiva (Sério que você acha difícil? Parece que você já decidiu...).

Pausa: Até agora estou esperando a análise histórica de casos semelhantes em que o caráter de um artista se opunha ao seu legado. Estou lendo apenas especulações sobre a vida pessoal dos envolvidos.

Dylan tem dito que não pretende reabrir o processo contra Allen. Apenas deseja que seus filmes não sejam vistos, como se o sucesso do ex-padrasto a ofendesse. E quisesse vingar-se do homem comprometendo a obra. A tese de fundo é que existiria uma continuidade direta entre o artista e sua obra. Se o artista é culpado de alguma falta, sua obra deve ser esquecida, ou colocada numa espécie de índex moral. Olha, eu acho razoável que ela, caso fale a verdade, resolva atacar a obra do cara. Porque isso é martelado sempre que ele é mencionado na mídia. É a forma de ela atacar ele agora, já que factualmente temos palavra x palavra. 

Tal argumento, supondo-se que Allen seja “culpado”, não se sustenta na história da arte e das ideias. François Villon era ladrão e poeta. Jean Genet passou a juventude em reformatórios e prisões. Martin Heidegger serviu ao nazismo e nem por isso o autor de Ser e Tempo deixa de ser considerado um dos filósofos mais importantes do século 20. Louis Ferdinand Céline era pró-nazista, escreveu panfletos odiosos contra os judeus e chegou a ser condenado à morte, à revelia, pela Resistência Francesa. Certo, e, no entanto, escreveu um romance como Viagem ao Fim da Noite (Voyage au Bout de la Nuit), considerado, por Sartre, divisor de águas na literatura francesa. Isso sem falar num compositor tão fundamental como Richard Wagner, ou num regente como Wilhelm Furtwängler, que aparece em vistosas fotos ao lado de Hitler. Enfim, se a conduta desses personagens revelou-se deplorável, suas obras subsistem e, em grande parte, porque atingem um grau de beleza que contradiz as posições equivocadas assumidas por eles mesmos. (Finalmente, os exemplos históricos. Agora, eu esperaria uma análise da obra do Allen, embora as acusações)

São exemplos extremos, que causam perplexidade em quem preferiria que a natureza humana fosse mais nítida, isenta de ambiguidades e sentimentos contraditórios.

Além do mais, desde Sigmund Freud aconselha-se cautela sobre esses casos de suposta sedução Voltamos à análise do ataque. E não da obra. Convém lembrar que durante os anos iniciais de sua prática, Freud ouvia frequentemente de suas pacientes o relato de seduções, em geral por parte do pai. Eram tão frequentes que Freud temeu que a população de Viena fosse composta inteiramente de pais pervertidos. Até mesmo seu velho pai poderia ser incriminado. Ao aprofundar sua pesquisa, Freud começou a perceber que estes casos tinham acontecido, no mais das vezes, na fantasia das pessoas e não na realidade. As supostas seduções fariam parte do desejo inconsciente das pacientes e não da realidade factual. Os pais, coitados, não tinham culpa nenhuma. (ok. Mas isso não significa que você deve duvidar de uma acusação de estupro e assumi-la como falsa de cara, até que se haja comprovação. A ideia não é ajudar a vítima e reunir provas para realmente acusar com substância? Fazer pouco caso de uma pessoa, que seja criança, que consegue romper a barreira da vergonha, medo e silêncio, só contribui para piorar ainda mais o trauma. Estatísticas mostram que a maioria dos estupros acontecem por pessoas conhecidas da família, e muitos dentro de casa. Não é uma pessoa aleatória que vai te puxar pelos cabelos e te arrastar até um terreno baldio. Claro, impossível não lembrar do caso Escola Base, que marcou o jornalismo brasileiro por acusar injustamente os proprietários de uma escola infantil. Contudo, exames médicos inocentaram as pessoas. Logo, a abordagem correta seria primeiro dar apoio psicológico e buscar, antes de mais nada, evidências do abuso... o que você não propõe em nenhum momento. Apenas coloca a palavra da suposta vítima em xeque)

Claro, ninguém precisa ser psicanalista ou acreditar em Freud para inocentar Allen – que aliás, se analisa continuamente, desde a juventude (não precisa ser para inocentá-lo, como você já o fez com base em especulações). Apenas recomenda-se um pouco de cautela antes de formular um julgamento definitivo sobre esse emaranhado de paixões frustradas, ódios e ressentimentos (que, na sua visão, cautela essa você teve e deu ser veredicto final. Inocente). Complexo de sentimentos, aliás, que seria excelente material para o filme que Woody Allen não fará (era só o que me faltava, né?).

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Não sou crítica de cinema, não sou conhecedora de todos os filmes de Woody Allen. Mas seria uma linda oportunidade para seus defensores exaltarem essa obra, as características que a fizeram fato relevante no universo da sétima arte, e explicar a relevância dela que se desenvolveu à parte . Contudo, não foi isso que eu li no texto. Li o julgamento das acusações sob a óptica de um crítico de cinema. Que deveria estar fazendo seu trabalho -- falando de cinema. Não de uma acusação de estupro.

Em tempo: Allen disse que a carta de Dylan é vergonhosa e contém alegações faltas. A carta, você pode ler aqui (em inglês).