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quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

CGH: Uma insanidade em forma de aeroporto

1. Uma pista no meio da maior cidade da América do Sul
2. 38 voos por hora, mais ou menos um a cada dois minutos
3. Para chegar na pista, os aviões sobrevoam a Marginal Pinheiros e a Berrini, onde ficam os maiores prédios da cidade
4. Rodeado por avenidas por onde circulam grandes fluxos - Washington Luis e Bandeirantes
5. Difícil acesso
6. Pista curta



Por que, ó céus, é o aeroporto mais utilizado em São Paulo?

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Ainda assim, sinto-me pior pousando ou decolando no Santos Dumont (RJ).
Praticamente um porta-aviões.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Rompa o silêncio: Fale! Mas também ouça!

Hoje voltei a debater o caso dos Estudantes da USP. Começou com a capa da Folha de São Paulo de hoje, que trouxe uma foto da manifestação pela qualidade da educação e liberdade na USP, que aconteceu quinta-feira (24), na Avenida Paulista. Na foto, um estudante encara duas senhoras, uma delas fazendo um gesto obsceno. Sem entrar no mérito da causa de cada um (estudante, senhora), um colega de faculdade ligado ao movimento estudantil da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) fez uma excelente leitura semiótica:
O assunto voltou aos Trending Topics e eu me deparei com a opinião de um outro colega de profissão, também aluno da FFLCH, mas com posição bem diferente dos líderes do movimento. Ele, contudo, tem dado aulas de democracia ao participar do debate de maneira inteligente, procurando diferenciar sua opinião pessoal de relatos e decisões democráticas, além de condenar radicalismos de ambos os lados.


Foi então que começou. Dentre meus  421 seguidores (me segue aí!), estão muitas pessoas que não conheço. E foi então que comecei a receber mensagens revoltadas pelo retweet da frase acima. Minha ideia com esta postagem não é defender meu ponto de vista. É apenas justificar que não converso com radicalistas de ambos os lados e, em especial, aqueles que subestimam o movimento que estamos vivendo na USP com argumentos batidos, reproduzidos de um discurso moral senso-comum.


De uma maneira bem objetiva e didática, para facilitar a vida dos preguiçosos e tentar evitar más interpretações, seguem algumas considerações minhas. E por que eu refuto os argumentos dos radicais que reproduzem o discurso de [grande parte] da mídia massiva.

O que eu quis dizer com “reaça radical”?
Que pessoas que usam os termos “maconheiros”, “drogados”, “vagabundos”, “marginais” representam uma tentativa clara de ofensa pessoal às pessoas que estão defendendo seus direitos e não estão dispostas a ouvir a posição contrária. Elas não estão interessadas na real discussão do movimento estudantil.
Também representam radicais do movimento estudantil que seguram bandeiras de partido e pregam anarquia, desviando, da mesma maneira, a questão central do movimento estudantil, que se fundamenta nos seguintes pontos centrais: a eleição controversa do reitor Rodas e suas mudanças administrativas na faculdade, a qualidade da educação na USP e no país como um todo, e situações arbitrárias e abusos de autoridade num ambiente de livre expressão e exercício da crítica, que é a universidade pública.

"Maconheiros" é como são chamadas as pessoas que fumam maconha, logo, não estou mentindo.
Sabemos que, ao utilizar este termo, as pessoas não estão categorizando o uso da droga em questão. Os próprios usuários de maconha se autorreferem como maconheiros. Mas as pessoas que assim chamam os alunos que questionam a proibição desta droga apelam para a conotação social que o termo carrega há alguns anos com nítido objetivo de desmoralizar a opinião e as reivindicações de uma parcela da sociedade, apenas por utilizar uma substância ilegal.

Vagabundos mesmo, porque não estão trabalhando, vão trabalhar!
Na verdade, isso só prova a maneira como a educação é vista por estas pessoas. Em muitos países, os estudantes têm o status social de "profissão", porque ocupam o tempo com o estudo, que é uma maneira de trabalho intelectual. Assumir a academia integralmente é, nada mais, que a valorização da atividade de estudar!

Tudo bem eles não trabalharem, mas ainda são "vagabundos" sim porque sequer eles estudam!
O estudo em uma universidade por definição é para o exercício da crítica. Nem todo estudo (talvez, nenhum estudo) deve ser voltado apenas para o trabalho. Muito pelo contrário, o pilar da universidade pública é ensino-pesquisa-extensão, justamente para reverter à sociedade tudo que se é trabalhando no campus. Ou seja, o trabalho crítico gera mudanças sociais e consciência social, para gerar mudança social. E não trabalhar em prol de interesses privados, em empresas, por exemplo. Muitas das pessoas que estão gritando reivindicações nas ruas estudaram muito para entrar na USP e estudam história, filosofia e o humanismo por trás de toda carreira e profissão. Não é porque não estão estudando leis de mercado e a atualidade que o "estudo" deles é inútil.

Marginais porque depredam o patrimônio público, viram a baderna que foi a invasão da reitoria! Aconteceram sim, eu vi fotos nos jornais, fotos não mentem.
Na verdade, sabemos que fotos são recortes de uma realidade global. Destruição, pichação e outras manifestações aconteceram. Mas foram atos isolados dentro de um ambiente de debate que é o movimento como um todo, que acontece antes mesmo deste episódio, desde a eleição do Rodas.
Por definição, marginal é todo mundo que vive à margem de alguma coisa. No caso, a população das periferias são marginais porque vivem à margem de serviços públicos. E isso não significa que todo mundo que mora lá é criminoso, se é isso que vocês estão tentando defender.
Este é um ponto polêmico. Não estou defendendo a ocupação tampouco esta forma de protestar ("quebrando tudo"), mas isso não faz de ninguém um marginal.

Eu pago meus impostos!!! Eu não quero que quebrem tudo lá, quero retorno do meu investimento!
Como já disse, o tripé da universidade pública é ensino-pesquisa-extensão. Por que não exigir então o retorno com a melhora das duas partes voltadas justamente para a sociedade, o "pesquisa-extensão"? Pasmem, essa é mais uma das reivindicações dos estudantes - melhoras destas qualidades da universidade. Mesmo tendo a USP, (também Unesp e Unicamp, para ser justa com as primas pobres das estaduais de SP) entre as melhores universidades da América Latina, elas estão longe de ser referência mundial - coisa que os Estados Unidos domina com Yale, Harvard, Columbia e Berkeley; e Europa com Cambridge, Sorbonne, entre outros.
Além disso, dentre as reivindicações para melhorar a segurança no campus está torná-lo um lugar de livre circulação de toda a sociedade, para que todos possam ter, de certa maneira, seus impostos revertidos. Ter acesso ao ambiente e frequentar bibliotecas e outras instalações da USP. Integrá-la à cidade.

Bando de filhinhos de papai que têm dinheiro para pagar uma faculdade particular! Se eles não querem estudar lá, deem vagas pra pessoas sem condições de pagar por estudo!!!
Então por que não reivindicar melhoria no ensino de base, para que todos tenham retorno de seus impostos desde o começo de conversa e tenham chances reais de estudarem em uma universidade pública?
Mesmo assim, a USP dá um benefício no vestibular para egressos de escolas públicas e mantém projetos de intercâmbio com países da América Latina e África. Estudantes sem condições de se manterem têm acesso a bolsas de auxílio e fomento.

Se eles não querem estudar, deem suas vagas para quem está interessado a aprender!!!
Quem disse que as pessoas não querem estudar? Elas estudam. O fato de ter mais gente interessado a aprender é ótimo, mas sabemos que não temos vagas suficientes para toda a população. Quem sabe lutar por esta causa?

Porra, vão protestar de outra maneira, não estamos em 68!!! Fica atrapalhando minha vida, demorei 40 minutos pra chegar em casa porque a Paulista estava fechada, onde já se viu atrapalhar o direito de ir e vir das pessoas!
Para mim, um objetivo individualista é pífio perto do coletivo. Chamar atenção para a sociedade era o objetivo, que foi alcançado. A Paulista está aí para ser palco de inúmeras causas - um dos centros financeiros do país é foco, chama o debate para toda a sociedade. Hashtags e bunda no sofá não vão mudar o mundo se não vierem acompanhadas pela troca de informações.

Em resumo, alguns argumentos furados e minhas opiniões sobre cada um. Se quiserem me convencer do contrário sobre qualquer um deles, o espaço de comentários está aberto.
Mas, de novo - se for para partir para ofensas pessoais ou que reproduzam o discurso isento de argumentos (marginais! vagabundos!), vou continuar ignorando.

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Existem mil outros pontos, argumentos... Mas vamos debater de verdade.
Falar e ouvir. Me expus bastante, que venham as pedradas

domingo, 9 de outubro de 2011

Primeiro parágrafo de um sábado chuvoso

Foto: f4r4i

Eu adoro quando São Pedro premia a tarde de sábado com uma chuva densa, pesada. Daquelas com trovões que tremem a janela e relâmpagos capazes de causar cortes súbitos na energia elétrica. Mesmo antes de acabar a luz, o ambiente vai ficando escuro num anoitecer rápido às quatro da tarde.


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Primeiro parágrafo da crônica que escrevi hoje,
muito autoral para publicar na íntegra aqui.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Sinais vazios

Com a inauguração da fase dois da linha amarela do metrô de São Paulo, a rede se expandiu em mais 9 quilômetros. Estima-se que 75 mil pessoas a utilizam todos os dias, e elogios são frequentes - seja sobre o conforto dos trens, fabricados na Coreia do Sul, e sobre o alcance da via, do Butantã até o Centro.

A Linha registrou uma falha operacional da manhã desta segunda-feira, 3, que deixou a mesma inoperante das 4h40 às 8h30 da manhã. Muita gente ficou na mão. À noite, quando a linha voltou a funcionar, fui uma desses milhares de passageiros e fiz #aloca do celular com câmera para registrar uma falha nas entrelinhas, ou melhor, na linha mesmo. Que me deixa incomodada.

A primeira estação da linha amarela foi inaugurada em maio do ano passado. É tudo muito novo, de última geração. Não há como negar - as estações são belíssimas e os trens muito confortáveis, amplos, com ar condicionado, baixo ruído, rápido. E o trajeto ligado por baixo da terra, do Butantã até a Luz, é feito em menos de 15 minutos... muito eficiente.

Mas a sinalização...

No começo do ano passado, a sinalização das estações das linhas azul, verde e vermelha está sendo adaptada para o padrão internacional. Isso significa que as mensagens que ajudam no fluxo de passageiros são padronizadas assim:


Todas as fotos são da estação Santana, da linha azul

Agora, quando eu ando pelas estações da linha amarela... todas novinhas... foram inauguradas quando o metrô já trabalhava na sinalização internacional... não entendo por que raios tudo está assim:

!!!!!!!!!!!!!!!!!

Cadê os ícones? Cadê as palavrinhas em inglês? Cadê as instruções didáticas pra todo mundo se orientar?

Alguém duvida que eles vão gastar mais uma grana pra alterar tuuuuuuuuudo isso??? Por que já não fizeram do jeito que tinha que ser feito?????

Ê, Braziu.

E antes de acabar, só dividir uma imagem que eu vejo sempre que chego em Santana.


Que informações, meu????



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Curiosidade 1: Levei um tombo na escada rolante 
porque a mesma parou do nada. Desci rolando até um cara me parar.
Curiosidade 2: Tem sinalização errada na Estação Butantã - flecha
indica para descer na escada para embarcar sentido Luz,
mas a escada na verdade está subindo.
Curiosidade 3: Esta é a postagem de número 100 do SP em Pauta! Eeee!

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Yes, I can!

A gente sempre lê no jornal que o Consulado dos Estados Unidos no Brasil não está dando conta de tantos agendamentos para visto. No site do órgão, a próxima data disponível para isso pode demorar mais de cem dias – ou seja, se você quer viajar no final do ano, esqueça. E sempre tem gente perguntando como é, como faz, com milhões de dúvidas a respeito do visto dos Estados Unidos para brasileiros.

Pois bem, chegou minha vez. Além da vontade de conhecer Nova York e o Grand Canyon – por mais discrepante que isso possa parecer –, preciso da autorização devido a feiras e congressos no país do Tio Sam que eventualmente terei que visitar. E lá vou eu fazer o roteiro de todo mundo que vai tirar o visto pela primeira vez: ler tudo no site, tirar todas as dúvidas, dar entrada nos documentos... E claro que não vou deixar isso de fora do blog – tirando o visto dos EUA em São Paulo.

Se tem uma coisa que os norte-americanos aprenderam bem conosco, brazucas, foi a burocracia. Primeiro porque você começa pagando uma taxa de agendamento (oi?!) de R$ 38. Sem ela, você não pode nem pedir informações ao consulado, tirar suas dúvidas. Depois disso, começa a romaria – escolha uma data, preencha um formulário (D-160, na maioria das vezes) com inúmeras questões – até as absurdas “você irá praticar ou já prativou algum ato terrorista ou tráfico de drogas?” - , faça o upload da sua foto 5x5, paga a taxa do visto, que geralmente é uns R$ 280, pois depende do tipo que você está solicitando... mas o objetivo principal aqui é falar DO DIA DO VISTO. Não é “a entrevista” ou “tirando o visto”, é O DIA do visto. Chegou a data marcada? Se prepare, meu bem, você vai passar o dia todo lá na Rua Henri Dunant.

Minha entrevista estava marcada pras 13h30 e eu cheguei meio-dia (muita atenção nesta informação, vai ser muito impotante ao final do post). Tive que deixar todos meus pertences num guarda volume – até a chave do meu carro e a caneta, pois não é permitido entrar com nenhum eletrônico ou objeto pontiagudo. E então começa a sucessão de filas, piores que aquelas que a gente enfrenta no banco no dia 5 porque deixou pra pagar a conta no dia do vencimento (ou no dia do pagamento).

A primeira começa do lado de fora mesmo. Nem adianta reclamar se tiver sol – é melhor do que esperar na chuva, não tem cobertura. Essa fila é pra entrar, porque não cabe todo mundo lá dentro. É inacreditável. Lá dentro, você pega uma senha e faz uma pré-entrevista – entrega seus documentos pros caras começarem o processo. E espera de novo – num galpão aberto, parte coberto... no qual eles enfiam mais de mil pessoas, segundo um dos agentes me falou. Ele também explicou que a chamada não segue ordem de chegada – não tem ordem alguma, na verdade. Eles vão chamando conforme pegam os documentos. Primeiro você tira suas impressões digitais (sem sujar o dedo, hehe, é digital da digital –dãr) e, depois de esperar mais uma vez, vem a tão esperada “entrevista com o agente oficial”.


Eu sempre achei que haveria uma salinha, na qual o oficial me chamaria com uma pasta, veria meus documentos e faria a entrevista. Que nada. Em todas as etapas, é uma “janela” pela qual você conversa com as pessoas, de onde o buraco pelo qual você passa os documentos exala um ar condicionado fresquinho enquanto você está ali, cozinhando no calor. Mas ok, a entrevista, você vai explicar pro agente que você não vai fazer nada ilegal, só quer viajar e aproveitar que sua moeda está valorizada na gringa.

Minha entrevista durou menos de 2 minutos. Não precisei apresentar um documento sequer. Foi muito rápido, foi aprovado, e fui encaminhada para a fila do correio, pois eles enviam seu documento pelo Sedex, mas expliquei que iria retirar pessoalmente o passaporte, então ela me deu um papel escrito "pick-up". Agora, lembra que disse lá no começo do post que a informação era muito importante? Pois bem, retomando: cheguei meio-dia. E terminei minha entrevista às 16h20. Foram 4 horas e 20 minutos esperando no meio da boiada galera. Prestem atenção, poderia ser pior - porque ainda tem a fila do correio, a última, a qual eu não enfrentei porque eu retirei meu passaporte pessoalmente.

Ok, não vou dar uma de #revolts e #mimimi de classe média sofre reclamando disso tudo. O preço que se paga por viajar, contudo, vai muito além dos cerca de R$ 300... É um dia inteiro de espera e de caos. O lugar é ruidoso, você sai de lá com dor de cabeça. É uma multidão coberta e cercada em um espaço que não tem espaço pra todo mundo. É bem diferente do que tudo que você, pessoa como eu até sexta passada não tinha nunca tirado seu visto, pode imaginar.

claro que deve ter uma lógica organizada deles, não é uma desordem total. só que, pra quem estava lá, como eu, a impressão era mesmo da bagunça generalizada porque é muita gente, impossível dar conta de tudo. é isso que dá pra ver ali, do parecer de quem tenta tirar o visto em São Paulo. Me disseram que em outras cidades não é tão muvucado assim.

Não vi ninguém ter seu visto negado – porque sim, as entrevistas são praticamente em público e você vê o pessoal seguindo pra fila do correio. Quando negam seu visto, eles te entregam uma carta na hora. E, enfim... Deu certo :)






Não vejo a hora de viajar! =)

ATUALIZAÇÃO (20/4/2012):
A partir do dia 30 de abril desse ano, o consulado deixará de recolher a taxa de agendamento (vai embutir na taxa do visto) e abrirá dois postos novos para o recolhimento de digitais e a pré entrevista. Isso deve melhorar a burocracia.


Veremos....
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Ok, não é uma sucessão de filas, porque nas duas esperas maiores,
você fica jogada no meio da multidão sem fila mesmo.
Mas é uma espera longa... looonga.
Não tem cadeira pra todo mundo sentar.
Mulheres grávidas e idosos passam mal.
Dá dó mesmo das crianças que estão ali com os pais.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Ela te diz o preço



(foto: Prefeitura de SP)

Então eu tinha esquecido que esta cidade te cobra preços altos. Ela é uma mulher (ou um homem) belíssima(o) que se oferece, tentador(a), como se amasse, te envolve, te seduz — e na hora em que você não suporta mais de tesão e faria qualquer negócio, ela(e) te diz o preço. Que é muito alto.
(Caio Fernando Abreu. Carta a Luciano Alabarse)



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Um trecho bonito para ressuscitar o blog.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Não existe amor em São Paulo?

Parafraseando o Criolo (sem méritos musicais aqui), refleti mais um pouco sobre o furto que me ocorreu esta semana, desta vez conversando com minha amiga Carol. Embora Criolo diga que as almas são vazias, preenchidas apenas de ganância e vaidade, eu ainda prefiro acreditar que os bons são maioria - como aquela propaganda da Coca-Cola.

Tá, eu sei que se vem do marketing da Coca-Cola já pode ser duvidável, e eu nem bebo Coca, não gosto do gosto. Não vamos entrar nesse mérito.

Usando o exemplo do celular, na hipótese de perda e não furto. A Carol argumentou que com certeza a maioria das pessoas não devolveria seu celular se o achasse na rua. Menos ainda se fosse um iPhone, um BlackBerry, qualquer coisa cara com infinitos ou nenhum botão (legal pensar no valor pelos botões, smartphones levam-os aos dois extremos). Ela já teve mais de um celular furtado/perdido aqui em Sampa e diz que as histórias negativas são bem mais frequentes que aquelas nas quais o cara devolve o aparelho. E tudo que ela já passou a faz ter mais vontade de não devolver também se acontecer com ela o contrário.

Para mim faz todo o sentido esse raciocínio, talvez realmente as que ficariam com um aparelho encontrado sejam maioria. Depois do que aconteceu comigo, entretanto, acho que tenho mais um motivo pra continuar escolhendo a honestidade, o contrário, e condenando qualquer tipo de malandrismo por aí. O mal-estar quando uma coisa ruim dessas acontece é tão grande e o conformismo de "já era" é tão latente quando alguém se dá conta que perdeu um celular, que um bem inesperado pode realmente ser capaz - por que não? - de motivar o atingido a fazer o mesmo quando acontecer com ele. Quem sabe até refletir sobre isso entre a pausa de uma música e outra no mp3 do celular no ônibus apertado.

Conheço duas histórias. Uma com meu irmão, que perdeu o celular dele numa micareta (sem comentários) e ligaram para devolver o aparelho. Minha mãe, na paranoia, achou que o cara podia estar planejando um sequestro e foi junto pra garantir o grito caso ele fosse raptado. Mas foi na boa. O cara simplesmente devolveu o aparelho, e pronto. !!!!

Eu esqueci meu celular (esse mesmo que eu tive furtado, um Nokia E5) uma vez num bar da Paulista num domingo à tarde, aquele do lado do Trianon que sempre lota na calçada. Voltei 30 minutos depois e o casal que sentou em meu lugar tinha entregado o aparelho ao garçom, que tinha levado-o ao gerente, que no momento em que eu o abordei, estava discando o número marcado como "Irmão". Agradeci e ele, vendo meu nervosismo, me deu um Alpino e uma bronca pra eu ficar mais esperta.

Sorte? Talvez. Mas, comparando o alívio ao mal-estar, prefiro causar nas pessoas o primeiro. E sei que tem gente aqui que pensa o mesmo, e continua infectando as outras com o melhor que se tem.

Soa um pouco inocente, ingênuo, poliana, otimista demais? Pode ser também. Mas se eu não acreditar que os bons são realmente a maior parte das pessoas ao meu redor, como continuar vivendo? Se eu acreditar que as pessoas são individualistas e maldosas, não faz mais sentido estar aqui, tchau, adeus, credo... Pra que viver num mundo podre? Se ele é podre? Então vou me mudar pro Alasca e viver sozinha num iglu. Vai me fazer melhor do que dividir um espaço no vagão com um coletivo que olha pra mim e só pensa "quero ferrar com essa aí".

Pensar em vingança pra quê, se em um pensamento igualmente egoísta à revanche, o que vai me fazer melhor é apagar de vez pessoas ruins que cruzam o meu caminho? A vida trata de encomendá-los.

São Paulo é uma cidade opressora. Dura e concreta, como disse Caetano, mas que ainda guarda uma poesia, acredito, ainda igual a Caetano. Não apenas nos bares que lotam de almas vazias, voltando ao Criolo, mas também nas conversas com a velhinha que senta ao seu lado e puxa um papo. Com o cobrador entediado que xaveca uma mocinha bonitinha que para na catraca sem conseguir passar.

Ou com os taxistas que vão dirigindo ao mesmo tempo em que ensinam uma saída pros caminhos equivocados do motorista perdido ("de fora", nem sempre) que passa do lado.

A música do Criolo é essa, pra quem não conhece.




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O blog agora tem regras pra comentários. Aqui do lado direito.
Haters gonna hate, os trolls estão aqui há mais de anos, cansei desse povinho.
Essas reflexões também me lembram a Vanessa, que me ensinou
a odiar meu ódio e espalhar o amor, por favor.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Reflexões sobre um furto

Eu, que sempre me orgulhava em dizer que nunca havia sofrido tentativa alguma de violência urbana, sucumbi ao centro de São Paulo. Fui furtada.

Naqueles dias em que você já está de mau humor, naqueles dias que você só quer chegar em casa, deitar num quarto escuro, ficar sozinha, talvez ler um livro. Naquele dia em que a dor de cabeça parece ricochetear na parte interna de seu crânio, prestes a encontrar uma rachadura para explodi-lo por inteiro.

No empurra-empurra e espreme-espreme capaz de desafiar o físico que afirmou que dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço. Antes ou depois da catraca que conta sistematicamente cada pessoa que pega o transporte público da cidade. Uma a uma, até chegar aos milhões.

Número de celular recuperado. Número dos contatos montados novamente aos poucos. Antes apenas número daqueles que se equilibram no ônibus lotado, carregando bolsa, lendo livro e se segurando, tudo ao mesmo tempo... Agora sou apenas número daqueles que tiveram o celular furtado.

Como aquele que me emprestou seu aparelho para constatar que realmente já estava feito, e depois consolou-me com um olhar cansado e piedoso vindo de seus cansados olhos azuis. Quase opacos de tanta poeira e poluição. Puxou uma conversa que contaminou os outros viajantes. Todos tinham uma história "até pior" nas ruas de São Paulo. "Menina, fica tranquila. Você é jovem, linda, tem que ficar feliz porque não aconteceu nada pior"*.

Ironicamente, eu que estudo comunicação digital, começo a refletir todo o pedaço de vida que eu carregava num aparelho. Pra um filho da puta abrir meu bolso e arrancá-lo como se amputasse uma parte de meu registro de memórias.


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*É terrível pensar que "pelo menos estou bem",
pois estamos realmente tão "acostumados" com a realidade urbana desumana
que uma ameaça de uma violência física não concretizada é aliviante.
A única vez que havia acontecido alguma coisa parecida comigo,
havia sido no metrô de Barcelona. Rasgaram minha bolsa em
uma tentativa de furto. Mas não conseguiram levar nada.
(mereço ir ao classe média sofre, eu sei)

Foi no 178L, Lauzane Paulista, talvez na altura do Cemitério da Consolação 

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Mundo mágico de arquitetar ilusões

Olhe. Caminhe e veja o próximo quadro. Pare. Volte, e olhe de novo.



Isso vai acontecer com frequência durante a contemplação das 92 obras da exposição O Mundo Mágico de Escher, em cartaz até dia 17 no Centro Cultural Banco do Brasil. São litografias, xilografias e reproduções dos esboços feitos pelo holandês M.C. Escher (1898-1972) conhecido por projetar estruturas impossíveis e brincar com ladrilhamentos, perspectivas e ilusão de ótica.

O trabalho é tão interessante que, quando em cartaz em Brasília e no Rio, bateu recordes de visitação. Apenas na capital, foram cerca de 200 mil visitantes. (Aqui, lê-se: não vá num sábado à tarde, a não ser que você esteja disposto a enfrenta salas lotadas e filas de espera chatas para caramba estrambólicas)



Além de obras originais, o CCBB exibe reconstruções dos desenhos e conceitos, como a impressionante sala da entrada. Por um jogo de linhas, o cômodo brinca com as proporções humanas: de um lado, um gigante, do outro, um minúsculo. Quem olha, o espanto – é muito divertido.



Explicando um pouco mais...

Perspectiva: uma das características mais fortes dos estudos dos artistas renascentistas, é ela que dá a ilusão de um objeto estar à frente do outro, mesmo que representado em um plano sem "fundo" – papel, tela, etc. Escher brincava com essa ilusão, pois linhas e formas fazem o olhar acreditar que dois elementos no mesmo plano têm proporções alteradas, como o que acontece na sala da entrada.
Com a perspectiva, Escher também olhava o mundo por diferentes ângulos. Desenhava em uma mesma imagem a mesma coisa em diferentes perspectivas. Com isso, ele faz chãos virarem tetos, escadas circulares infinitas, reflexos de ambientes externos “dentro” de ambientes internos... um passeio por uma visão de mundo. Ele viveu na Itália de 1922 a  1935, por isso grande parte de seu trabalho traz paisagens desse país.

Ladrilhamentos: por meio da repetição, as obras “encaixam” diferentes figuras que se reproduzem ao infinito.  Pela divisão regular do plano, ele fez uma das suas obras mais famosas: Metamorfose, na qual ele “transforma” peixes em pessoas, pessoas em cidades, cidades em pessoas...



Acho que a obra mais conhecida são duas mãos que se desenham e o autorretrato no reflexo de um globo. Mas Escher guarda segredos ainda maiores. Eu gosto das imagens que me confundem e de ambientes impossíveis ou espelhados. Até 17 de julho, este universo está aberto para os paulistanos conhecerem.



O Mundo Mágico de Escher – no Centro Cultural Banco do Brasil
Rua Álvares Penteado 112, próximo ao metrô São Bento.
Grátis!

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Gostou? Ficou curioso? O site oficial traz biografia 
e as imagens das obras em tamanhos maiores,
para se perder nos detalhes.
Já passei horas passeando por ele.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Tom no túnel


Melodia que embala, ritmo que revela, sons que desafiam, conversas que afinam o tom. Não é uma sala, ou um conservatório: é uma estação de metrô.

Santana, Luz, Barra Funda, Sé. Fabricados pela Fritz Dobbert e doados pela Cinemagia, os pianos verticais  pausam o passo compassado da pressa paulistana. Pessoas que param para escutar e se deixar levar depois de chegar ou antes de ir. Qualquer um.

Aqueles que se acanham em se aproximar fingem que esperam alguém ao lado das catracas. Mas os olhos distantes não buscam alguém no vai-e-vém - estão parados, à deriva, abertos porém cegos para aguçar os ouvidos e se deixar invadir pelo som.

Não há previsão para retirada dos pianos das estações. Ainda bem.
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Acho lindo e sempre paro pra ver mesmo...
E o que eu acho mais lindo são imagens sem personagens.
É pra ser qualquer um. O piano é das pessoas.

sábado, 25 de junho de 2011

Avaliação de Coxinhas: Caetano's Bar

Já faz um tempo que me propus a topar uma coxinha sempre que ela aparecesse na minha frente. Inspirada na Fer, que experimenta qualquer brownie que vê pelo caminho, resolvi me aventurar a avaliar todas as vezes que cruzar pelo meu caminho essas irresistíveis porções ou unidades. Seja no boteco chique, na padaria da esquina, na lanchonete à tarde: toda vez que o petisco aparecer pra mim, vou dizer um "sim" e avaliar, montando uma espécie de ranking das coxinhas paulistanas. Sem pretensões, apenas pessoal, visto que sabem como meu espírito se anima e explode em alegria ao comer delicinhas.

Os aspectos de avaliação das coxinhas são: textura (aqui, envolvendo desde a crocância da casquinha até a maciez da massa + recheio), massa (branquinha, que tem que ficar com aquela "pontinha" no ponto, com o perdão do trocadinho), recheio (não pode ser aqueles frangos-artificiais-vermelhos-tipo-recheio-de-pizza-ruim), sabor (no geral, a combinação das camadas) e temperatura (porque coxinha fria e requentada é decepcionante).


Para começar, a porção do Caetano's Bar, que fica na zona norte. Apesar do charme da decoração ambiente, sou daquelas que gosta mesmo é de sentar à beira da calçada, vendo o tempo passar.

A porção é farta - 15 unidades. Serve bem quatro pessoas, já que as coxinhas não são tão pequenas. Veio quentinha, gostosinha, mas escura - acho que tinha passado um pouco do ponto, por isso fez perder um pouco da crocância ideal e a casquinha acabou ficando um pouco dura.

Na primeira mordida, a surpresa: a massa, mais amarelinha, tem uma pitada de mandioca. Minha querida amiga Lyds, acreana, explicou que lá na terrinha são feitos quibe de arroz e quibe de macaxeira (tradução para paulistas: mandioca!). Fiquei morrendo de vontade de experimentar, porque a exemplo da coxinha do Caetano's, a massa com um gostinho de mandioca é uma surpresa bem boa! Combina perfeitamente bem com o recheio de peito de frango, que não tem o catupiry já tão comum nas coxinhas por aqui, mas é farto. Entretanto, o que tem de farto, tem de seco - típico dos congelados, por isso também perdeu pontos.

O preço é de justo para semi-caro: R$ 29,80. Acompanha bem uma cerveja, vale pra quem cansou de pedir as já batidas batatas fritas ou polenta. Mas ainda está longe da melhor coxinha da cidade.

Caetano's Bar - Av. Engenheiro Caetano Álvares, 5496
Aberto de segunda a domingo.

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Uma curiosidade: não tenho regra pra começar a comer coxinha.
Tem hora que vai pela bundinha, tem hora que vai pela pontinha.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

É proibido proibir

No dia 21 de maio aconteceu em São Paulo a Marcha da Maconha - cuja dura repressão policial foi relatada por alguns dos principais veículos de mídia no país.

Este final de semana aconteceu a Marcha pela Liberdade de Expressão, em resposta à primeira proibitiva.

Enquanto a primeira reuniu cerca de 500 pessoas, a segunda mobilizou 2 mil. Desta vez, sem represálias - muito pelo contrário. Após a Justiça soltar uma liminar na véspera que proibiria o ato, a PM se posicionou a favor e a CET interditou duas faixas em prol dos manifestantes.

Para mim é tão evidente. Continuem reprimindo e contendo questionamentos para, cada vez mais, atrair mais manifestantes. Afinal, é proibido proibir. O estado democrático de direito permite questionar qualquer coisa, segundo Túlio Viana, professor da UFMG, que em palestra na última sexta-feira traçou paralelos lindos com a justiça dos EUA e da Europa.

Estive neutra na concentração da primeira marcha em busca de registros fotográficos e o que me impressionou é retratado nas duas imagens abaixo. A primeira, a ação do Choque da PM para impedir que as pessoas caminhassem da avenida Paulista até a Consolação. A segunda, um  membro da Resistência Nacionalista.

Veja ampliada no meu flickr.

Veja detalhes no meu Flickr.


E, memorando o que presenciei e registrei nestes dois retratos, a única coisa que consigo pensar e defender é:

 Posso não concordar com nenhuma das palavras que você diz, mas defenderei até a morte seu direito de dizê-las (Voltaire)




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É isso aí. Falem o que quiser nos comentários.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

A rua mastiga os homens, o asfalto, cimento

Assim um Guilherme contemporâneo releu um dos poemas do Guilherme paulista, modernista de 22 e constitucionalista de 32. E a cidade mastigada, perdida entre edifícios de concreto e vias que correm tortuosas pelo bairro do Pacaembu, esconde ali no alto da colina uma casa que transpira arte e memória. “A estrada sobe, pára, olha um instante e desce...”

Construída em 1946 na rua Macapá, era chamada carinhosamente por Guilherme de Almeida de A Casa da Colina. Longe do movimento paulistano, o aconchego do poeta e jornalista Guilherme de Almeida e sua esposa, Baby de Almeida, era cenário também dos encontros de Tarsila do Amaral, Oswald de Andrade, Anita Malfatti, Victor Brecheret e tantos outros nomes modernistas da São Paulo de 1922. Nomes ainda vivos nas paredes das salas, em pinturas deslumbrantes. Ou em livros nas estantes, empoeirados, que guardam em si a literatura rabiscada de memória. "Quase todos os livros têm anotações do Guilherme", confessou a bibliotecária.


Guilherme de Almeida observou a cidade chegar perto. Em um dos seus textos, descreve com melancolia o aproximar das pessoas, das britadeiras, do asfalto, cortando o sossego do seu espaço na colina. Hoje, tombada pelo patrimônio histórico nacional, podem vir britadeiras e asfaltos que a casa continuará intocável, aberta para olhos curiosos nas visitas guiadas de terça a domingo. O espírito e a atmosfera é tão intensa que, a cada corredor, é como se Guilherme fosse abrir a porta e chamar alguém.

Ele foi o príncipe dos poetas, título este dado a apenas um escritor por geração - não coexistem indivíduos com tais títulos. Sensível, ganhava a vida escrevendo crônicas para O Diário de São Paulo e fazendo traduções de obras literárias. Em 1932, participou ativamente da Revolução Constitucionalista. Preso e exilado em Portugal, voltou ao Brasil e morreu em sua casa.

Hoje repousa no Obelisco do Ibirapuera, junto de outros constitucionalistas. Os dizeres ali chanfrados são de sua autoria, assim como o hino ao Estado de São Paulo. Se é lembrado? Pouco. Mas memórias e lembranças, muitas, estão ao alcance de quem quiser ver.




Casa Guilherme de Almeida
Rua Macapá, 187 - Pacaembu



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Vale muito a visita. MUITO. Com exceção da foto do poema,
todas são de minha autoria em uma oficina de fotografia da Bella Valle 
que participei lá no último final de semana. 
O local promove atividades culturais em torno da obra do escritor. 
A última foto foi minha preferida e ilustra o texto "Escada da Minha Mansarda",
cujo trecho reproduzo aqui.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

São Paulo congela

O som das buzinas entre os carros enfileirados não ecoava mais na avenida. Não se via mais o motoqueiro que antes ziguezagueava entre as faixas brancas interrompidas desenhadas no asfalto. O trepidar incessante das ruas irregulares, que antes balançavam os corpos presos ao banco por uma tira negra de poliéster transversal, era inexistente. E dentro de cada um dos carros, os rádios que antes batucavam tantos ritmos e cantavam amores e desamores, bradavam quase que em coro: São Paulo parou.

Os motoristas congelados não conseguiam mudar a estação sintonizada no rádio do carro. Pouco importava – cada uma trazia, a seu modo, a mesma notícia: devido ao alto e descontrolado número de carros, São Paulo não tinha mais espaço pra deslocamentos.

A rádio da moda trouxe o autor do hit do momento para comentar – só tinha chegado ali graças ao helicóptero, adquirido com os rendimentos da última "turnê". Já a famosa pelas notícias de última hora provocava em tom irônico a ausência do secretário dos transportes, que deveria ir a público se manifestar diante da população. Mas ele não havia sido localizado ainda. Estaria preso no trânsito?

A ecológica falava ao telefone com um especialista da USP, que calculava os milhões de metros cúbicos de dióxido de carbono que seriam expelidos na atmosfera até os tanques dos carros parados secarem, poluindo ainda mais o nosso ar, diminuindo ainda mais a pífia qualidade de vida que a gente leva. E aquela cujo enfoque era economia trouxe analistas que detalhavam o impacto para a produção de petróleo brasileira, evidenciando a porcentagem da cidade no consumo da produção nacional.

Tanta explicação simultânea para aquilo que um dia já havíamos tido a previsão nas conversas de botequim, no café antes do expediente, nos quinze minutinhos antes de sair do trabalho, no papo de elevador. Alguns anos antes, naquele mesmo mês de março, alguns já tinham alarmado que a capital ultrapassara os impressionantes 7 milhões de veículos emplacados*. Estacionamentos verticais davam conta de comportar tantas cápsulas sobre rodas, mas o colapso era inevitável se todos saíssem às ruas em um mesmo momento. E isso, finalmente, aconteceu.

Dentro de cada uma destas cápsulas, os motoristas estavam paralisados. Não eram capazes de virar a chave. Não eram capazes de descer do carro. Ficaram ali, estagnados, fechados com o ar condicionado ligado (os sortudos) ou ao lado das janelas abertas sem vento (os modestos). Enclausurados dentro de seu individualismo, face a face apenas com seus pensamentos. Talvez em choque devido ao pânico da impotência, da imobilidade, da resignação. Pela primeira vez, eram obrigados a pensar na vida que levavam todos os dias ao trabalho, ao lado, no banco de passageiro.

Nos prédios, luzes acesas esperavam os trabalhadores que não iriam mais voltar. Nas ruas, olhos aflitos passeavam entre os pontos luminosos procurando rostos conhecidos no meio da multidão de latas camufladas por plásticos insulfim.

Naquela noite, ninguém dormiu.

Até que, ao nascer do sol, o primeiro motorista da fila de carros percebeu que tinha que assinar o documento da sensatez. Debaixo da pele da cidade é que devia correr o sangue paulistano.


*O texto é uma crônica, mas este dado assustador é verdadeiro

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Enquanto uma amiga querida narrava seu sonho (ou pesadelo?), construí
este texto mentalmente. Ela tem a incrível capacidade criativa
de despertar nos outros o melhor de si. E ela foi a responsável por
fluir meu espaço, meu texto, meus sentimentos, bloqueados pelas amarguras 
que infelizmente têm sido cotidianas. 
Mas quem disse que é ficção? Quem disse que esse congelamento não pode acontecer?

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Sobre escrever: Impressões Paulistanas

A ilustração achei aqui. Alguém sabe de quem é? Adorei.

Estou trabalhando em uma matéria especial sobre São Paulo para uma revista gringa (quando estiver tudo ok, dou mais detalhes e posto aqui pedaços do trabalho). Por isso, tenho a talvez difícil missão de escrever sobre a cidade e seus conterrâneos para quem talvez não faz ideia do que é esta loucura.

É muito nebuloso arriscar falar de São Paulo para alguém que nunca pisou aqui, sequer tenha presenciado o que é nem mesmo o Brasil. Não que esteja contando com a ignorância alheia - mas sabemos bem que, antes de pisar em alguma cidade, temos uma visão estereotipada e até mesmo "vendida" do que se vê e faz. Quero dizer que construímos um cenário ideal baseado no que lemos, assistimos, ouvimos, que não necessariamente reflete o cotidiano e os hábitos do lugar.

Se considerar que mesmo ao visitar estes lugares passamos por eles em uma atividade subjetiva, construímos um conceito baseado  no recorte que ali vemos e vivemos, imagine só! Enquanto turista, você tem experiências curtas, mas determinantes na ideia que você vai construir sobre o lugar, sobre as pessoas - além de ligada fortemente às questões emocionais, talvez num universo "ideal" e "paralelo" dessa vida turista.

Explico: o europeu lê que o metrô paulistano é super eficiente, limpo, um dos melhores do mundo - inclusive ganhador do prêmio The Metro como o melhor das Américas em 2010. Hospedado na região da Paulista, ele resolve pegar o metrô até o centro de São Paulo pra tomar um café da manhã no Mercadão, caminhando da estação São Bento (linha azul) até o destino final. Às oito da manhã de uma sexta-feira. *delícia*

Mesmo no contra-fluxo, ele vai sentir na pele o empurra-empurra de todas as manhãs. E com uma certa porcentagem, tenho certeza que ele vai amaldiçoar a publicação que escreveu tudo isso sobre o transporte paulistanos sem mencionar os horários de pico e a palavrinha estratégica: EVITE. Pode parecer óbvio para quem é daqui, mas são estes detalhes que fazem a diferença. É um exemplo banal, mas é mais comum e mais ligado a tantas coisas do que se possa imaginar.

É um passatempo desvendar os cantos da cidade, uma experiência gostosa falar sobre eles para leitores do meu blog, mas um desafio traduzir com aquela dose de realidade e interesse em uma publicação mais séria - não que aqui falte seriedade, mas de acordo com as estatísticas do Analytics (o super stalker da vida 2.0), 80% dos meus visitantes são daqui. Fica muito mais fácil.

De todas as maneiras, pra mim é fascinante: recortar a vida e os fatos e transformá-los em fábrica de imaginação tanto pra quem pensa em visitar, como para quem é apenas curioso e se alimenta de informação. Tenho pensado nisso e vou contaminar o blog daqui pra frente com alguns destes detalhes - afinal, 20% pode nunca ter visto Sampa fora da tela da TV, e a internet é livre, gigante, aberta. :)


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Tenho aprendido muito com esse trabalho
e tido muitas ideias para pautas do blog.
Será que me disciplino a escrever e postar
mesmo com tanto trabalho?

sábado, 16 de abril de 2011

Quando São Paulo vira um grande palco

Já é o sétimo ano de Virada Cultural em São Paulo - e todos sabem que, por 24h, a cidade recebe diversos (muitos MESMO) espetáculos artísticos culturais gratuitos em palcos temáticos espalhados pelo centro expandido.



O evento já trouxe Maria Rita, Céu, Marcelo Camelo, Zeca Baleiro, Novos Baianos grupo de dança O Corpo e outros inúmeros nomes de peso do cenário cultural histórico e contemporâneo da cidade. Este ano, a programação está menos recheada destes nomes - destaco Rita Lee, Erasmos Carlos e Tiê, artistas de repertório bem distintos, mas que têm uma certa visibilidade maior na cena cultural e que podem atrair mais o público.

A grande desvantagem, no meu ponto de vista, dessa falta de apelos mais conhecidos, é atrair menor público potencial pra quem está no começo. Porque assim - o cara que vai ver a Rita Lee acaba chegando um pouco antes e por tabela acompanhando a apresentação anterior. E fica um pouco depois, também. E assim pode se apaixonar pelo trabalho de alguém que ele então não conhecia.

A aposta inédita deste ano é um palco de stand up comedy - será que vai funcionar num espaço aberto? Na onda da moda deste tipo de apresentação, nomes muito conhecidos, como o CQC Danilo Gentili e o humorista Fábio Porchat. Será no Viaduto do Chá, no Anhangabaú, e eu aposto que vai ser um dos mais lotados do evento.

Que a Virada é uma opção pros jovens paulistanos, sem dúvida é. Mas não me lembro de ver, nesse tipo de evento, pessoas mais velhas - o que é uma pena. Estive em Madrid durante a "virada cultural" deles - que lá se chama La Noche en Blanco. A programação é tão intensa quanto, tão diversa quanto a paulistana. E famílias inteiras passeavam de madrugada nas ruas e becos do centro, no meio das avenidas interditadas para carros, em busca de alguma coisa legal. Em um dos palcos, quando passamos, estava um grupo de bolero e vários casais de meia-idade dançavam, embalados pelas lembranças da juventude. Lindo, lindo (mas resolvemos seguir em frente e participar de um Twister gigante, Hahahaha!!!).

Já em Bruxelas, La Nuit Blanc pra mim foi um fiasco. Não conseguimos encontrar uma apresentação sequer, andei muito e os lugares eram esparsos. Fazia frio... acho que o sucesso desse tipo de evento vem muito da herança cultural de cada povo, de cada cultura e de cada época em que ela está inserida - e nisso se inclui, claro, a minha percepção da virada belga. Pode ser que eu, a polonesa e a francesa que estavam comigo não entendemos muito bem o espírito da coisa e não encontramos nossa maneira de diversão.

Voltando ao Brasil, neste final de semana o transporte público sofreu alterações. Metrô e CPTM funcionam por toda a madrugada e linhas de ônibus foram alteradas. Ainda dá tempo - estude sua logística e aproveite algum programa que te agrada, ou conheça o trabalho que você ainda não conhecia.

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Bom, limpando a barra por não conseguir postar
as três resenhas do SP Restaurant Week - formatei meu note e fiquei
sem office e a suite Adobe. A Thais que me salvou, agora to passando
vergonha na cara e filtro solar antes de sair de casa.

quarta-feira, 30 de março de 2011

Especial SP Restaurant Week: Chez Fabrice

Em francês, a expressão "chez moi" quer dizer "lá em casa". Logo, a proposta do Chez Fabrice, é fazer você se sentir na casa do Fabrice. E o espaço pequeno, aconchegante, com uma trilha sonora do país ao fundo, cumpre com maestria e elegância esta intenção - como se você estivesse no cantinho de um amigo, comendo uma refeição gostosa, feita para você.

Fofa também é essa casinha ao lado, avec un coeur! ;)

Dispensar o couvert em uma casa francesa é bem difícil - pães variados e patês remetem às irresistíveis boulangeries, um dos fortes da culinária do país e umas das minhas comidinhas preferidas. Pães de ervas dividem espaço com fatias de baguetes e bolinhos de manteiga, devidamente quentinhos.

E justamente por ser um restaurante pequeno, aconchegante, o atendimento é excelente - os garçons atentos trazem os pratos no momento ideal. De entrada, a salada do chef é temperada com azeite balsâmico na medida certa, pena que foram poucos os aspargos frescos.

O saint peter, peixe de água doce feito ao molho com tomates frescos é leve e uma boa pedida para um almoço na parte da manhã. Bom, sem grandes elogios, leve, feito com cuidado e apresentação muito bem feita.

De sobremesa, crepe suzette é quase unanimidade (pois as outras opções, ovos nevados e salada de frutas, são muito comuns para se comer em restaurante, seguindo a dica que eu dei no post anterior - rola a tela lá pra baixo!). Essa sim, uma sutileza cativante: calda com leve toque cítrico, sorvete na medida certa, a massa do crepe fininha como deve ser. O aroma é de derreter até os mais turrões que não são muito fãs de doces, e a primeira colherada faz o doce derreter na boca e fechar os olhos quase que instintivamente. Bem bom.


É uma pena que aos sábados acontece uma feira livre na rua do Chez Fabrice. Assim, o clima que era para pairar tranquilidade, é conturbado pelos gritos de promoções e a sujeira inevitável que fica na rua. Recomendo - num jantarzinho ou no almoço de domingo (a não ser que você trabalhe na região de Pinheiros e possa visitá-lo durante a semana).

Uma pena também os preços das bebidas. R$ 4,80 para o refrigerante eu acho um abuso. Também não tinha opções - refrigerante zero, apenas coca ou guaraná, nada de sprite ou qualquer outra coisa. Não pude avaliar os vinhos, mas os garçons e o próprio Fabrice são muito atenciosos para recomendar as melhores combinações. Podem contar com eles ;)

Chez Fabrice
Rua Mourato Coelho, 1140 - Pinheiros
Paladar: ****
Ambiente: ****
Preço: ***


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Bem que podia ter macarrons no cardápio do RW, né?
Desculpa a falta de qualidade das fotos. Esqueci minha câmera
e, pra piorar, formatei o notebook e estou sem o photoshop -
o que também explica a atualização tardia.
Prometo que a próxima resenha vai ser caprichada.

sábado, 26 de março de 2011

Especial SP Restaurant Week

Vocês já devem ter lido e já devem estar sabendo que até o dia 3 de abril cerca de 300 restaurantes de Sampa oferecem menu completo (entrada + prato principal + sobremesa) a simpáticos R$ 29,90 no almoço e R$ 39,90 no jantar.

Este ano, pela primeira vez o festival que acontece simultaneamente em algumas cidades do mundo foi estendido para todo o Estado, em 12 cidades. No site oficial, você consegue filtrar os resultados por cidade, especialidade e/ou bairro. Útil para a conveniência do seu paladar ou da logística do seu dia.

Para compensar a falta de posts ultimamente, começa aqui a série especial que vai até o final do evento com as resenhas dos restaurantes que vou aproveitar. Também assuntos relacionados à semana gastronômica, começando pelas minhas dicas para escolher um restaurante legal e aproveitar bem a mamata da SP Restaurant Week.



1. Sem Medo de Experimentar
Para mim, o mais legal de restaurantes é a experiência de comer aquela refeição bem feita. Por isso, aproveito pra comer fora o que não "posso" comer em casa - pratos não usuais, diferentes, elaborados, requintados, ou com até mesmo aqueles simples, mas com um detalhe que os tornam especiais, que pode ser desde o molho de tomates frescos e uma massa artesanal, diferentemente do Adria + Pomarola que estamos acostumados a fazer rapidinho em casa.

Há algumas opções que oferecem carne de pato, ratatouille, misturas de gengibre com frutas... enfim, sem medo de ser feliz, experimente.

2. Explore os Cardápios
De que adianta ir naquele restaurante bacana se o cardápio da promoção oferece salada de frutas de sobremesa? È um pouco do fator anterior - poxa, isso eu como em casa. Cadê o toque especial? Fuce no site, fuce os cardápios pra escolher um que vale a pena.

3. Fator Preço
Tem restaurante que está na lista dos participantes e possui preço médio de R$ 150. E você fará a refeição por módicos R$ 40... O preço de um rodízio de japonês convencional. (até por isso, acho que nem vale a pena ir a um japa)

Dispense o couvert para baratear e não ser supreendido por até R$ 15 a mais na conta. Sem contar que sua refeição já terá três partes, não tem motivo para atacar os pãezinhos e coisinhas irresistíveis.

4. Fator Paladar
Preste atenção pra escolher um restaurante que oferece pratos democráticos. Ao invés de você amaaaarrrr aquela lagosta suculenta, sua companhia pode ficar com cara de bunda a refeição inteira porque ela não come frutos do mar... E se não for a lagosta, a outra opção é peixe.

5. Reserve!
Isso é MUITO importante, principalmente aos finais de semana e no jantar todos os dias. Fila faz do filé mais suculento o mais indigesto. Além disso, você corre o risco de nem entrar.

Este ano estou com dois franceses (meus preferidos, em 2009 postei um comentário aqui sobre o excelente Ça Va) na lista. Mal vejo a hora! #gordinhasafada.


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Foi a um restaurante da semana e quer postar uma resenha?
Entre em contato. :D
Não que este especial vá mudar muito o tema do blog ultimamente...
Eu, Magali como sempre, fico muito feliz com estas oportunidades
bacaninhas de ir a restaurantes de bacana.
Um dia ainda escrevo um livro meio "SP por água na boca".
E ah, escrevi com muito sono. Perdoem-me os erros, se houver,
amanhã reviso #ipromise

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Catalunya é aqui!

Há cerca de uma semana, a cidade ganhou um novo bar: o Gràcia, que leva o nome do menor distrito de Barcelona, capital da Catalunha - que é a região localizada no sudeste da Espanha. Por mais que existam algumas casas espanholas em São Paulo, este é o primeiro bar que eu conheço que tem realmente o foco na diversidade dentro de uma subcultura do país. Subcultura não por ser menor, mas por estar englobada no macro espanhol mas, ao mesmo tempo, ser totalmente diferenciada e não fazer parte totalmente do país. Isso porque a Catalunha não é Espanha, é Catalunha - possui um governo independente e todo um estilo de vida próprio.



A maneira que o bar reflete a diversidade, o colorido e as formas da arquitetura de Gaudí, grande ícone de Barcelona, é muito interessante. Elementos na mobília trazem padrões inspiradores, do mesmo estilo daqueles encontrados também na Casa Battlò. Claro que bandeiras da região decoram várias paredes (a listrada vermelha e amarela, como no brasão do Barça, time europeu do coração!), assim como as ruas de Barça são coloridas pelo mesmo padrão. Mesmo tendo bem delineado a diferença, o bar respeita a tradição não separatista nestes símbolos, pois a flâmula que indica a rivalidade maior traz um triângulo azul, como esta aqui.

O cardápio é charmoso, escrito em catalão - porque na região predomina esta língua, que pode ser definida grosseiramente como uma mistura entre o espanhol e o francês, evidenciadas em palavras como bona nit – Boa noite / moltes gràcies - muito obrigado. Coisa louca, né?

Os preços são justos - os "tapas", petiscos e comidinhas em porções para beslicar, um retrato onipresente da cultura botequeira do país, variam de R$ 20 a R$ 30. Para beber, sangría (R$ 8). Se for um amante da cerveja, entretanto, não se empolgue - o lugar oferece apenas Itaipava (R$ 3,50 long neck). A falha grave do lugar ficou apenas para a trilha sonora, que se rende ao comercial pop de FM: música eletrônica arroz com feijão e poprock de todo dia. Sem gracinha pra tanta empolgação!

Inevitável não reviver na memória os momentos e impressões quando estive por lá, em setembro do ano passado. Não foi, sem dúvida, uma das minhas cidades preferidas que conheci na Europa. Mas o ambiente é tão bem construído que é capaz de trazer à tona as melhores sensações.


Há quem diga que é uma das cidades mais bonitas da Europa, mas particularmente, não achei. É suja, é poluída, tem muitos imigrantes marginalizados (já assistiram Biutiful? Essa é a visão que eu tenho de lá), muitos problemas estruturais. E, mesmo assim, antes da Olimpíada de 1992, a cidade tinha ainda mais problemas - pois foi conhecida como um dos principais projetos bem sucedidos de revitalização por meio do evento esportivo. Torcemos para que no Rio aconteça a mesma coisa.


Mas é de impressionar, principalmente o trabalho arquitetônico, cuja expressão máxima está na Sagrada Família - o que eu mais gostei de lá. Uma igreja grandiosa desenhada por Gaudí, cujo trabalho é tão complexo que ele enlouqueceu debruçado nas obras. De acordo com o projeto original, demoraria décadas ainda para ficar pronta. Uma obra-prima da arquitetura moderna, contempla 18 torres, sendo uma para cada um dos 12 apóstolos, 4 para os evangelistas, e as maiores, dedicadas a Jesus e à Virgem Maria. Destas, apenas seis estão semi prontas.

O interior traz vitrais e mosaicos, esculturas e chanfros inspirados em ícones cristãos que exploram as formas dos elementos da natureza. Mesmo com o barulho das obras constantes, a visita é imperdível.

Como um bar foi capaz de despertar tanta lembrança, tanta grandiosidade, em apenas sutilezas? Por isso vale a pena. Mesmo que você nunca tenha ido até lá. Mas chegue cedo - a fila na porta aumenta bastante, e o lugar fecha cedo - às 3h os garçons já arrumavam as mesas e pediam delicadamente para a gente se retirar.

Sem problemas. Tantos detalhes a olhar que não pude aproveitar tudo. Vou voltar - ao Gràcia e a Barça também, por que não?

Gràcia Bar

Rua Coropes 87 – Pinheiros
(11) 2306-5478



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Um fato inusitado: Um amigo que estava comigo pediu vodka no Gràcia,
mas serviram água. Tivemos que reclamar duas vezes para eles finalmente servirem a vodka.
Depois, o garçom veio se desculpar e explicar o mal entendido.
Tudo bem, sem problemas... Pois o atendimento foi bem bom.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Domingo, dia de verão

Se você não é de Sampa, ao pensar em um parque famoso na cidade, muito provavelmente você vai pensar no Parque do Ibirapuera, na região Sul. Entretanto, não é a única opção de área verde, livre e que traz um pouco de paz no meio da cidade.

O Parque Villa-Lobos foi inaugurado em 1994 e leva em seu nome um dos maiores compositores do país, Heitor Villa-Lobos, participante da Semana Modernista de 1922. Localizado em uma área nobre na zona Oeste, um dos grandes atrativos do parque é o aluguel de patins e bicicletas – muito apropriado para aproveitar o espaço plano e sem irregularidades da pavimentação. Assim, facilmente um final de semana ensolarado torna-se convite para sair da toca e se divertir em seus 732 m² de área verde que, inacreditavelmente, já foi um depósito de lixo.

Os preços não são aquela pechincha – por R$ 10, você fica uma hora com os patins não profissionais, e por R$ 6, com a bicicleta também amadora. Mesmo assim, vale a pena – exercitar-se em meio às árvores (que não são muitas, ok, é uma falha) e à galera praticando atividades físicas é um esforço a mais. Todos os itens podem ser encontrados na entrada principal do parque.

Acho um charme andar de patins. Só tem um detalhe uma consideração importante... Eu não sei andar de patins!!! Foi minha segunda vez, a primeira havia sido aqui, neste mesmo parque, em 2009. É engraçado ver a evolução do momento em que você coloca as rodinhas nos pés e vai como um patinho até a entrada, sofre para pular a primeira grade de escoamento da água. Aí passa aquela criança de 8 anos na maior velocidade e você decide encarar – tá bom, se ela consigo, eu também POSSO! E acaba dando certo.


Para que não é muito fã das rodas e do movimento, dá para se mexer sem tantos riscos de tombos – é possível também alugar bolas de futebol e basquete, pois o parque oferece quadras de cada uma das modalidades. Não tem desculpa – e não é a toa que grande parte dos frequentadores ostenta um belo bronzeado, um corpo saudável e o prazer de praticar alguma atividade física. [claro que tive problemas para desviar das pessoas, afinal, o parque estava lotado e eu não tenho muita habilidade em cima de dois sapatos com rodinhas enfileiradas...]

Há uma quantidade razoável de bebedouros, todos limpos e funcionando, espalhados pelo ambiente. [Tudo bem que os 500 ml de água de coco por R$ 4,50 são muito mais saborosos que a água na hora de ir embora].  Também é possível encontrar aqueles totens que liberam gotículas de água que levam embora a chapinha e o calor escaldante do verão, sabe? Faz bem. Assim como faz bem usar filtro solar #pedrobialfeelings pra evitar marcas de camisetas e relógios de pulso. Acredite – ninguém da turma que me acompanhou se livrou das marcas na pele que o domingo deixou...


Atravessar a cidade para aproveitar um dia de sol e fugir dos shopping centers, a “praia” dos paulistanos, é um programa dominical que deveria acontecer mais. Me comprometi a dar repetecos. Logo mais o verão acaba! E aí sim o cineminha, o filminho e a pipoquinha vão ficar mais gostosos no sofá preguiça do domingo de manhã.

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Legal que o que nos motivou a ir ao parque foi levar um colega inglês,
que estava em Sampa conhecendo a cidade. Ele gostou muito, mas acho que
grande parte da diversão foi assistir, Guilherme, Bruna e eu se equilibrando
nos patins... Mas mandamos bem nos últimos 15 minutos com o equipamento. Juro.
E uma das minhas intenções pro blog em 2011 é falar mais de passeios
saudáveis, menos de comidinhas. Será possível? 
Era para eu ter postado isso ontem, mas fiquei sem internet #speedyfail