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segunda-feira, 18 de abril de 2011

Sobre escrever: Impressões Paulistanas

A ilustração achei aqui. Alguém sabe de quem é? Adorei.

Estou trabalhando em uma matéria especial sobre São Paulo para uma revista gringa (quando estiver tudo ok, dou mais detalhes e posto aqui pedaços do trabalho). Por isso, tenho a talvez difícil missão de escrever sobre a cidade e seus conterrâneos para quem talvez não faz ideia do que é esta loucura.

É muito nebuloso arriscar falar de São Paulo para alguém que nunca pisou aqui, sequer tenha presenciado o que é nem mesmo o Brasil. Não que esteja contando com a ignorância alheia - mas sabemos bem que, antes de pisar em alguma cidade, temos uma visão estereotipada e até mesmo "vendida" do que se vê e faz. Quero dizer que construímos um cenário ideal baseado no que lemos, assistimos, ouvimos, que não necessariamente reflete o cotidiano e os hábitos do lugar.

Se considerar que mesmo ao visitar estes lugares passamos por eles em uma atividade subjetiva, construímos um conceito baseado  no recorte que ali vemos e vivemos, imagine só! Enquanto turista, você tem experiências curtas, mas determinantes na ideia que você vai construir sobre o lugar, sobre as pessoas - além de ligada fortemente às questões emocionais, talvez num universo "ideal" e "paralelo" dessa vida turista.

Explico: o europeu lê que o metrô paulistano é super eficiente, limpo, um dos melhores do mundo - inclusive ganhador do prêmio The Metro como o melhor das Américas em 2010. Hospedado na região da Paulista, ele resolve pegar o metrô até o centro de São Paulo pra tomar um café da manhã no Mercadão, caminhando da estação São Bento (linha azul) até o destino final. Às oito da manhã de uma sexta-feira. *delícia*

Mesmo no contra-fluxo, ele vai sentir na pele o empurra-empurra de todas as manhãs. E com uma certa porcentagem, tenho certeza que ele vai amaldiçoar a publicação que escreveu tudo isso sobre o transporte paulistanos sem mencionar os horários de pico e a palavrinha estratégica: EVITE. Pode parecer óbvio para quem é daqui, mas são estes detalhes que fazem a diferença. É um exemplo banal, mas é mais comum e mais ligado a tantas coisas do que se possa imaginar.

É um passatempo desvendar os cantos da cidade, uma experiência gostosa falar sobre eles para leitores do meu blog, mas um desafio traduzir com aquela dose de realidade e interesse em uma publicação mais séria - não que aqui falte seriedade, mas de acordo com as estatísticas do Analytics (o super stalker da vida 2.0), 80% dos meus visitantes são daqui. Fica muito mais fácil.

De todas as maneiras, pra mim é fascinante: recortar a vida e os fatos e transformá-los em fábrica de imaginação tanto pra quem pensa em visitar, como para quem é apenas curioso e se alimenta de informação. Tenho pensado nisso e vou contaminar o blog daqui pra frente com alguns destes detalhes - afinal, 20% pode nunca ter visto Sampa fora da tela da TV, e a internet é livre, gigante, aberta. :)


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Tenho aprendido muito com esse trabalho
e tido muitas ideias para pautas do blog.
Será que me disciplino a escrever e postar
mesmo com tanto trabalho?

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