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segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Flor

Cinco pétalas repetidas destruídas pela água e esmagadas pelos pés ali na esquina. Desta vez, não apressados, mas preguiçosos após uma comemoração que merecia ao menos um dia a mais. Procurei as mais intactas, as mais aveludadas. Encontrei. Quase intacta. Cheirosa.

- Olha só... não sou só eu que gosto desta flor... – uma voz interrompeu o seguir do meu caminhar, quase na faixa de pedestres.        
- Como?
- Meu filho adorava estas florzinhas. – ela disse, com sua boca ligeiramente torta por uma paralisia sutil no canto esquerdo – A gente morava perto de Moema e ele parava na rua para pegar uma destas florzinhas para me dar. Ensinei a ele sempre escolher as do chão, nunca as da planta. Para não tirar a vida da pobre plantinha.

Mas aí veio o acidente e arrancou a vida dos braços da mãe.

- Hoje, ele teria 22 anos...

A conversa toda feita com minha coluna torcida para trás. Ela ganhou minha flor e foi embora. Eu levei outra para casa... Machucada, nem tão cheirosa, imperfeita. Porém, mais bonita. Esta aqui:


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Meu primeiro dia útil de 2012 me encheu de reflexões.
Feliz Ano Novo!

3 comentários:

Daiane Brito disse...

Emocionante!!! Ótima reflexão para este 'recomeço'... Bjs

Fabiola Mininel disse...

Lindo, lindo!

Anônimo disse...

Sou muito apegado a família e é difícil imaginar uma situação dessas sem se colocar no seu lugar. Excelente post pra começar o ano! Gesto nobre abrir mão da flor mais bonita para confortar um coração.
Eu já disse que você é linda?