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sexta-feira, 3 de julho de 2009

Um bando de louco...

Confesso (e isso não é nenhum segredo) que eu não gosto de futebol. Já simpatizei pelo Corinthians, acho que por pressão social (quem disse que é fácil não gostar de futebol no Brasil? Em São Paulo?) de, pelo menos, ter um time quando alguém pergunta. Mas, aos poucos, fui assumindo mesmo: não aguento jogo. É chato. Não gosto e pronto - e você também não gosta de muita coisa que é paixão de muita gente.

Acontece que é impossível estar alheia ao universo da bola, principalmente quando você mora com um maloqueiro e sofredor como meu irmão. E quando você é vizinha de milhões de maloqueiros sofredores.

Na última quarta-feira, durante a final da Copa do Brasil, tive a sensação de final de Copa do Mundo. E não é que foi divertido? Não pelo futebol, pelo jogo, ou pela vitória do Corinthians. Mas sim pela comoção social que uma partida causou no bairro, na cidade. Muita gente na rua, adolescentes no meu prédio que se reuniram para ver o jogo, pessoas em bares, gente buzinando na rua, torcedores se provocando.

Não consigo assistir a um jogo pela TV. Lembro-me bem quando fui ao estádio pela primeira vez, com família, em um jogo comemorativo ao aniversário da cidade, no Morumbi... me diverti o tempo todo, mas era porque observava a torcida. A paixão no olhar das pessoas, como tanta gente consegue cantar junto a mesma coisa, pular junto, torcer tanto para a bola entrar no gol.

E foi isso que aconteceu na última quarta-feira. Meu irmão gritando na sacada e comemorando com nosso vizinho chato - que detestamos, unidos pelo Timão. As pessoas gritando na rua, os rojões ensurdecedores sem parar.

No dia seguinte, ele foi almoçar comigo na Av. Paulista... e arrisco dizer que 80% dos executivos de terno deixavam aparecer a camisa do Timão por baixo do paletó, em um dos bairros mais pomposos da cidade, conhecido por ser passarela de pessoas elegantemente vestidas. Essas pessoas sorriam para ele, o atendente do Spoletto riu e bateu o maior papo. Pelo menos por um dia, as pessoas se esbarravam e pediam desculpas, sorrindo, brincando com o resultado do futebol, ao invés de continuarem emburradas em seus caminhos.

Pode ser pão e circo, pode ser chato, pode ser o que for. As pessoas esqueceram do Sarney, da morte do Michael, da crise econômica... Mas comove, e isso é muito legal. E, na boa, nunca vi Palmeiras ou São Paulo ou qualquer outro time, aqui em São Paulo, causar tudo que o Corinthians causa. Os "loucos por ti, Corinthians" alegram noites paulistanas.


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Até brinquei no twitter, com alguns desconhecidos que riam comigo, sobre o que um jogo estava causando na rede. A hashtag #VaiCorinthians ultrapassou o Michael Jackson nos tópicos mais citados no microblog.

Eu fiquei imaginando como será no ano que vem, se o Corinthians começar a ganhar os jogos da Libertadores... loucura total. A cidade vai explodir...

E ah, sobre o barulho das ruas... estava cansada,
dormi sem dificuldade após o fim do primeiro tempo.

2 comentários:

Luiz Augusto Rocha disse...

Há que se considerar a passagem do Corinthians ano passado na segunda divisão, o que torna a sede pelos campeonatos mais prestigiados (embora a Copa do Brasil não seja tanto assim) mais à mostra.
Ano que vem, se o Corinthians tiver uma sucessão de vitórias, é bem possível que as manifestações sejam maiores, mas, será um tanto diferente.
Também não gosto de futebol. Também acho que seja pão e circo, mas, é de uma complexidade que eu nem me arrisco a opinar de forma mais contundente...

Andressa Borzilo disse...

Impossível não comentar seu post.
A sua observação externa do jogo e das emoções que esse time provoca foram capazes de mostrar aos outros, mais do que se fosse um torcedor fanático, como esse clube mexe com os torcedores.
Como uma adoradora do futebol, posso dizer que ele ainda me surpreende e me emociona,mesmo com a água suja que corre pelos corredores dos estádios.
Eu não quero nem imaginar como vai ser o ano que vem...
"Aqui te um bando de loko!!!!"