Páginas

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Estar Fora do Tempo

Estou fora de São Paulo há mais de uma semana. Há cerca de dois anos não sei o que é isso. E estou a uma semana de estar fora por muito mais tempo.

O tempo se funde em nossas experiências. Em São Paulo, tudo passa rápido. Reclamamos que não temos tempo de sequer ir ao cinema durante o final de semana. Não temos tempo de olhar o tempo. Na verdade, acho que vemos o tempo passando, e isso passa sem perceber.

Porque o tempo em São Paulo é quase desprezível. O horário não existe para os famintos da madrugada - depois da balada, há sempre um restaurante aberto. E o relógio pode até indicar a hora que fecha o metrô, mas o telefone está no bolso e todo mundo conhece alguém em São Paulo que possa dar uma mãozinha em alguma coisa.

Todos que passam por você se vão como o tempo frívolo dos segundos - você nem é notado. Faz parte da multidão, de uma cidade que acolhe tanta gente que vem de fora, de um povo formado pelo emaranhado de genes, traços, etnias. Ricos e pobres, europeus ou nordestinos.

Fora da cidade é diferente. Não há rostos conhecidos. Não há referências. O forasteiro é de fato um estranho no ninho. As pessoas olham seu olhar e sabem que você não é daqui. Você tenta encontrar uma familiaridade na paisagem, vê e não enxerga. Reconhece traços nos rostos das pessoas, porque sabe que este povo possui representantes em São Paulo. Mas não é reconhecido.

E a pior parte: descobre que os problemas dos quais você tanto reclama - trânsito, principalmente - não são privilégios de quem está na maior cidade do País.

Você fala e tem outra musicalidade. Você acelera. Você percebe que não está aqui a passeio - está apenas experimentando um aperitivo, uma fração do que é viver em uma cidade grande que não te acolhe. Não, você não é um turista.

É bom ter novos ares e novos horizontes. Mas brincar de casinha fora de casa não é brincadeira.


_____________________________________
Estou com muitas reflexões. Não são sobre São Paulo.
São sobre a vida. Mas não fazem parte do blog. Então tentei desviar
meus pensamentos para ficar um pouco em paz...
Como uma adolescente, escrever me acalma.
E eu não sei postar sem Photoshop.

2 comentários:

Eduardo disse...

Olá, Gabriela.
Não nos conhecemos e achei seu blog adorável...Fazendo uma busca por cinema alternativo encopntrei seu blog e achei muito rico de informações.
Acho que vou te seguir, rsrsr.
Parabéns.

Eduardo

stripolias disse...

Obrigada, Eduardo!
espero que você continue gostando dos assuntos aqui.
Abs,