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segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Feliz Natal #fail

O crescer do consumo da classe média, o aumento do crédito e a alta do dólar que impulsionou as companhias de turismo forçarem a queda dos preços de viagens nacionais acabaram por aumentar o acesso às viagens de avião. Partindo de São Paulo, é possível encontrar pacotes CVC para praias nordestinas a partir de 6 x R$ 66 (é sério!). Resultado: nossos aeroportos, que já não davam conta da demanda por voos, ficaram ainda mais inflados. E, quando os funcionários de companhias aéreas ameaçaram entrar em greve em plena antevéspera de Natal, muitos tremeram. Seria o fiasco tupiniquim, notícia internacional que com certeza repercutiria em terras estrangeiras e contribuiria para aquela imagem do País que todo mundo quer afastar.

Mas verdade seja dita... o popular, mais acessível, mais barato, mais democrático e mais prático ainda é viajar de ônibus. Em São Paulo, pelo menos, as duas principais rodoviárias ficam lotadas às sextas-feiras, quando muitos dos trabalhadores vão curtir a folga de final de semana em casa. Em vésperas de feriados, então, aumenta. Em vésperas de feriados emendados, mais ainda. Em véspera de feriado emendado de Natal, veja só...


Que delícia, hein?

Uma definição: Caos. E eu estava aí no meio.

As rodovias de São Paulo estão entre as mais caras do mundo (pedágios, pedágios). Em uma viagem em um veículo de passio comum, na Rodovia Castello Branco, para andar apenas 120 km da capital sentido interior, gasta-se R$ 15,65. Na Rodovia dos Bandeirantes, são R$ 18,30. Barato não é. Este dinheiro, que não é pouco, deve ser aplicado na infraestrutura das pistas e de todo o transporte terrestre da região. E as rodoviárias fazem parte disso - e olha que nem estou mencionando a quantidade de impostos que pagamos, as taxas das operadoras rodoviárias, entre outras variáveis.

O aperto (literalmente) pelo qual passei é apenas um reflexo de falta de preparo para receber tanta gente nestes deslocamentos. Falta espaço, falta plataforma, faltam ônibus, faltam cadeiras, faltam até geladeiras para acondicionar bebidas a serem vendidas - não encontramos em nenhum dos quiosques água, suco, chá ou refrigerante gelados. O estoque era reposto com tanta rapidez devido ao alto número de pessoas que não dava tempo das bebidas esfriarem - estava quase 20°C. Os preços, também um assalto abusivos - R$ 3 a garrafa de água em todos eles, que são administrados pela mesma companhia, a GRSA.

Apenas na companhia a qual viajei, a Andorinha, havia dois ônibus de dez em dez minutos para meu destino, pois carros extras foram adicionados além dos horários habituais. O impossível era acreditar que, em apenas duas plataformas, era plausível embarcar mais de 40 pessoas nestas linhas a fim de não atrasar os próximos horários. A consequência foi simples - quando cheguei, às 22h, estava saindo da plataforma o ônibus das 20h50. O meu, marcado para as 23h56, deixou a Barra Funda às 2h da madrugada, pontualmente. Como ninguém previu isso?

Famílias inteiras apertadas, com crianças de colo, bagagens gigantescas empilhadas sobre as cabeças, aquele empurra-empurra para chegar à plataforma e não perder o ônibus, o cuidado com os batedores de carteira (estes não têm espírito natalino). Crianças chorando, crianças dormindo, pais se lamentando, mulheres perdendo a paciência, casais brigando. Inúmeras pessoas sentando no chão, cansadas de esperar. *Em uma rápida epifania, lembrei daquelas provas de resistência em reality shows, como as pessoas conseguem ficar mais de 1h de pé sem mudar de posição, galere?

Enquanto isso, todos os noticiários focaram a condição dos aeroportos. Greve? Overbooking? Neve no hemisfério norte que cancelavam voos? Atrasos? Superlotação de salas de embarque com ar-condicionado?

E Rodoviária da Barra Funda, assim, que nem é a principal da cidade - serve apenas alguns municípios do interior do Estado. Imagine a do Tietê, com abrangência internaiconal, como estava...

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E foi uma aventura atravessar toda essa gente pra chegar na plataforma.
Vi gente desistindo. Uma loucura. Lou-cu-ra.

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