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domingo, 4 de julho de 2010

Dia de boteco

O bairro da moda dos botecos e barzinhos em São Paulo é a Vila Madalena, que apesar de suas ótimas opções, dá nos nervos de alguns paulistanos: é só pensar no trânsito para chegar lá, no vuco-vuco para circular lá e no tempo perdido nas longas filas de espera, que muitos desistem de sair de casa. Pois a cidade tem agradáveis surpresas em bairros nem tão conhecidos até mesmo de quem mora aqui... É o caso do Largo da Matriz da Nossa Senhora do Ó, a pracinha escondidinha onde fica o boteco com cara de restaurante que serve a coxinha mais crocante e deliciosa deste mundinho de Deus: o Frangó.

No Largo Nossa Senhora do Ó: claro, toda pracinha tem uma igreja

Para chegar, fácil: suba uma travessa da Av. Edgar Faccó, na altura da Ponte do Piqueri, na Marginal Tietê. Não se deixe contaminar pela paisagem cinza de um bairro nada charmoso no caminho, pois nos arredores do largo, a paisagem se transforma. Em uma vizinhança agradável e com o mesmo jeito interiorano da Vila, a Freguesia se revela.

Na praça, vários botecos com mesas nas calçadas tentam o paulistano em um final de semana despretencioso. Mas não deixe de entrar neste casarão do século XIX, com suas paredes verdes convidativas. Para chegar ao salão principal, o cliente desce uma escada e parece estar entrando no porão do estabelecimento... É tudo muito aconchegante, com uma overdose de informação nas paredes: cartazes de cervejas de todos os lugares do mundo ambientam o bar. É um dos poucos botecos nos quais é recomendado não sentar-se à calçada, e sim, lá dentro.


E a família comemora com estilo os 50 anos do paizão

Não dispense a porção de coxinhas. Vale cada mordida, inclusive provoca o debate filosófico, propício para uma mesa de boteco: começar por onde, pela pontinha ou pela bundinha? Pela pontinha que nos pega pelo crocante irresistível? Ou a bundinha que traz a generosa porção de catupiry e o saboroso frango temperado, ao contrário daquela carne colorida de vermelho que os botecos convencionais colocam no recheio para nos enganar?


 Detalhes das paredes: cervejas do mundo todo

Na carta de bebidas, cervejas, cervejas, cervejas... Todas. Mesmo. Mas a caipirinha é feita ao ponto e também é imperdível. O Frangó foi eleito seis vezes pela Vejinha o melhor boteco de São Paulo e tem à disposição dos mais curiosos um livro charmoso com os pratos famosos e a história da casa.

Uma boa pedida para um sábado à tarde para quem não fica só nos petiscos e emenda o almoço - o que é muito comum - é o tradicional frango assado na brasa, acompanhado de polenta. Irresistível, no cardápio está recomendado para duas pessoas. Entretanto, depois das coxinhas, serviu bem à minha família no aniversário de meu pai: seis.

Bem frequentado, por famílias e grupos de amigos, o ambiente de bar se assemelha a um restaurante, que na medida consegue a informalidade de um boteco sem o barulho infernal destes ambiente. Mas guarda os caprichos e o serviço de um bar competente, para quem gosta de desvendar horizontes de São Paulo.

Frangó: Largo da Matriz Nossa Senhora do Ó, s/n. Tel: 3932 4818.
Abre todos os dias da semana, exceto às segundas-feiras.



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Eu adoro coxinha, eu adoro comer, adoro caipirinha...
E acho que dia de boteco é sábado à tarde. Acho um crime quem mata o sábado à noite assim.
A noite é para a baladas dos solteiros, ou o sofá com filme dos namorados.

Um comentário:

Anônimo disse...

Gabi,
Excelente post.
Principalmente por "descentralizar" aquilo que é tido como "bom" em se tratando de bares. Todo lugar tem coisas excelentes a serem descobertas! Desde sempre, quero muito conhecer!
Bjos
Lydia