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terça-feira, 6 de julho de 2010

No Centro, olhe para cima

Para quem está acostumado com a rotina de trabalho, o dia a dia corrido e apressado, olhar para cima parece uma loucura. Afinal, em São Paulo, é tão comum encontrarmos pessoas olhando para baixo... Para que ao olhar a frente seu olhar pode cruzar os olhos de quem vem ao seu encontro, o que é quase um afronte. Cada um em seu umbigo? Cada um com seu pedaço de chão? Mal sabem eles que todos têm um pedaço de céu - bem maior, mesmo que sufocado por tantos edifícios que cortam o horizonte.

E por que não observar estas lâminas? Venho fazer-lhes uma proposta: olhem para o céu. Principalmente no centro de São Paulo, com seus edifícios imponentes, que quiseram mostrar poder econômico de uma outra maneira, diferentemente da qual estamos acostumados.

Banco de São Paulo, Vale do Anhangabaú

Quando eu olho para cima, praticamente escuto bondes e murmurinhos do passado. Fico imaginando quando estes prédios se ergueram, a sensação e a pequenez que as pessoas sentiram lá em baixo - afinal, esta altura era realmente grandiosa. Janelas, mármores e granitos arquitetados para impressionar.

Depois desta proposta, agora, um convite. Suba ao céu. Se é de segunda a sexta-feira, das 10h às 15h, não deixe de subir ao céu pela trajetória ao seu alcance - o Edifício Altino Arantes, ou a Torre do Banespa (banco que nem existe mais, mas seu nome será eterno nesta construção). Inaugurado em 1947, já foi uma das construções mais altas da cidade. Hoje, lá em cima, neste horário, dá para olhar para baixo e brincar de encontrar pontos históricos. Dá para ver a triste e cinzenta camada de poluição. Dá para ver até o olhar perder a vista. E que vista.

E só de lá de cima, olhando para baixo, dá para ver paisagens lá de cima que, de baixo, olhando para cima, não conseguimos enxergar. Confusão tamanha ao encontrar um jardim suspenso, no topo de um prédio em pleno centro de São Paulo, com um gramado e uma árvore. Sem caminhos, sem cadeiras, sem pessoas. Um jardim deserto em meio a uma floresta de concreto para o qual não consegui nenhuma explicação.

Embaixo das raízes trabalham pessoas, sentadas em suas baias e mesas de tons mortos, que decoram paredes com natureza morta?

E neste contexto maluco elas vivem, talvez sem nunca terem olhado para cima, talvez sem nunca terem ido lá em cima, talvez sem terem reparado no céu... (Se alguém descobrir que prédio é este e o que faz este jardim aí, agradeço.)

A Torre do Banespa é um passeio daqueles que, mesmo sem companhhia, vale a pena.

O ruim é que, depois de uma longa espera, só é possível passar dez minutos no terraço, que fica no 34º andar, em pequenos grupos de cerca de quinze pessoas. Muitos podem até achar bobagem, devem inclusive trabalhar em edifícios comerciais mais altos que este, devem ver uma paisagem talvez até mais longínqua... Mas não são no Centro, no coração da cidade, no topo da história, de onde se vê tantas referências paulistanas abaixo de seus pés.

E não deixe de tirar uma foto lá de cima. É o básico.


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Ainda fico inconformada como tem gente que mora aqui e não conhece o Centro!
Não que eu consiga me localizar naquelas ruas - que pra mim são todas iguais. Mas parece
que o lugar tem até um cheiro diferente para mim, de tão familiar que é.

2 comentários:

Caio Pqno disse...

Muito bom o post!

esa de parabens!

stripolias disse...

Obrigada :)